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NETVASCO - 25/11/2006 - 00:00 - HÁ 35 ANOS O GAROTO-DINAMITE EXPLODIA NO MARACANÃ

Neste dia 25 de novembro completam-se 35 anos do primeiro gol de Roberto Dinamite pelo time profissional do Vasco. Foi em 1971, no Maracanã, num jogo contra o Internacional-RS válido pela primeira edição do Campeonato Brasileiro. No dia seguinte, o Jornal dos Sports traria em sua manchete ("Garôto-Dinamite Explodiu") o apelido que se incorporou ao nome do jogador e que o acompanharia por mais de 20 anos, 1000 jogos e 700 gols, a maioria absoluta deles pelo Vasco. Números que transformaram Roberto Dinamite no maior ídolo da história do Clube da Colina.




Para entender o início dessa história de sucesso, porém, precisamos compreender o momento pelo qual passava o Vasco em 1971. Apenas um ano antes, em 1970, o clube acabara de se livrar de um jejum de doze anos sem ser campeão carioca, iniciado com a conquista do Super-super de 1958. É bem verdade que o Vasco ganhara em 1965 a 1ª Taça Guanabara e em 1966 - de forma peculiar, dividindo o título com mais três times - o Torneio Rio-São Paulo. Mas nada se comparava ao título carioca, então o mais importante e tradicional já que não existia o Campeonato Brasileiro como o conhecemos hoje e conquistas como a Libertadores e o Mundial Interclubes só eram privilégio do Santos de Pelé.

A luta desesperada por um título carioca durante a década de 60 fez com que torcida e diretoria não tivessem paciência para esperar que jovens valores amadurecessem. A ordem era contratar figurões, às vezes a peso de ouro, para ver se resolviam o jejum de títulos. A instabilidade política - sempre presente no Vasco, mas na década de 60 especialmente forte - completava o quadro tenebroso.

Mas o Vasco foi campeão em 1970 e tudo se acalmou. E foi nesse contexto que jovens como Roberto tiveram tranqüilidade para amadurecer nas categorias de base, sem serem "queimados" logo de cara. Roberto saiu-se muito bem no Campeonato Carioca de Juvenis de 1970, terminando como artilheiro do Vasco com 10 gols. No campeonato de juvenis de 1971 Roberto foi ainda mais longe: com 13 gols, foi o artilheiro de toda a competição. Aquele time de juvenis de 1971, além de Roberto, revelaria também os jogadores Gaúcho (hoje treinador) e Luís Fumanchu.

Foi quando o técnico Admildo Chirol (falecido em 28/12/1998, ao 64 anos) começou um trabalho gradual de inserção de Roberto no "time de cima". Aos poucos, o futuro ídolo ia sendo relacionado para completar o time reserva em alguns coletivos e para se concentrar com os profissionais. O fato curioso é que Admildo Chirol, preparador físico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, no México, fora contratado para desempenhar essa mesma função no Vasco. Com a queda do treinador Paulo Amaral, entretanto, Chirol acabaria assumindo o comando técnico da equipe até o fim do ano.

O primeiro jogo de Roberto no time profissional do Vasco foi contra o Bahia, no Estádio da Fonte Nova, no dia 14/11/1971. O Bahia vencia por 1 a 0 e o treinador Chirol colocou-o no time no intervalo, no lugar do meio-campo Pastoril. Roberto tinha 17 anos e sete meses de idade. A partida terminou com a vitória tricolor pela contagem mínima.




Mesmo com a derrota o Vasco se classificou para a segunda fase do Brasileirão, em que enfrentaria, num quadrangular, Atlético Mineiro (futuro campeão da competição), Santos (com Pelé e tudo) e Internacional de Porto Alegre. O primeiro jogo seria contra o Galo, em Minas. Roberto se destacou nos coletivos durante a semana e garantiu sua escalação como titular no time. A manchete do Jornal dos Sports no dia anterior ao jogo foi: "VASCO ESCALA GARÔTO-DINAMITE" (respeitando a grafia da época, que colocava o acento circunflexo sobre o primeiro "o" de "garoto"). Na reportagem, lia-se:

"Roberto, um garôto revelado nos juvenis, marcou dois bonitos gols, entrosou-se com Dé [o 'Aranha', hoje treinador] e joga amanhã contra o Atlético Mineiro no Mineirão."

O jornalista Sérgio Cabral, vascaíno, na época colunista do Jornal dos Sports, escreveu no dia do jogo:

"O Garôto-dinamite vai explodir hoje. Roberto acabou com o treino sexta-feira e está com jeito de que não pretende deixar o time titular."

Pesquisando-se as edições da época do Jornal dos Sports, aliás, nota-se claramente que, ao contrário do que sempre se afirmou, o apelido "Garoto-dinamite" não foi criado após o jogo Vasco x Inter; ele já vinha sendo utilizado antes do primeiro gol de Roberto como profissional. O apelido fora uma criação de dois jornalistas do "Cor-de-Rosa", Eliomário Valente e Aparício Pires, ambos vascaínos. Roberto, anos depois, reconheceu que foi o melhor apelido que lhe colocaram.

Voltemos, porém, a 1971. Roberto não fez uma boa partida naquele dia 21 de novembro, um domingo, no Mineirão. Acabou substituído. O JS do dia seguinte observou:

"Roberto pareceu sentir a responsabilidade e foi apenas regular, embora demonstre qualidades para melhorar no futuro."

O jogo seguinte seria contra o Internacional, no Maracanã. Roberto começou no banco, mas, mesmo assim, prometeu:

"Vou me matar em campo para fazer o gol que estou devendo à torcida."

Era uma quinta-feira, dia 25 de novembro, e a partida estava marcada para as 21 horas e 15 minutos. O jogo começou morno e os dois times se arrastaram em campo durante todo o primeiro tempo, que terminou 0 a 0. No seguindo tempo, logo aos 5 minutos, Buglê fez 1 a 0 para o Vasco. Alguns minutos depois, o técnico Admildo Chirol tirou Gilson Nunes (hoje treinador) para colocar Roberto em campo. Na primeira bola que pegou, aos 27 minutos, a jovem promessa vascaína driblou três adversários, ganhou do quarto, Pontes, na corrida, e, da entrada da área, fuzilou de pé direito, numa bomba que entrou no ângulo esquerdo do goleiro Gainete. Vasco 2 a 0. O Inter ainda perdeu um pênalti dois minutos depois, o que praticamente definiu a vitória cruzmaltina.






No dia seguinte, o Jornal dos Sports estampava a manchete que passaria à História: "GARÔTO-DINAMITE EXPLODIU". Na reportagem, Roberto dava sua primeira declaração após a "explosão":

"Antes de entrar eu estava um pouco nervoso e alguém alertou que eu esfregava muito as mãos. Talvez tenha sido porque meus pais estavam lá assistindo o jogo. Graças a Deus dei sorte naquele lance e ofereço a eles o gol."

Roberto também descreveu com detalhes o primeiro de seus cerca de 700 gols como profissional:

"Recebi o lançamento, vi uma brecha e joguei a bola na frente. Aí o Gainete ficou indeciso e pensei rápido: 'É agora'. Não deu outra coisa. Quero ter esta alegria muitas outras vezes."

Roberto Dinamite não só teve essa alegria muitas outras vezes como proporcionou o mesmo sentimento a todos os vascaínos. E é por isso que, nesta data, a NETVASCO homenageia o maior ídolo do Vasco da Gama.


VIDA LONGA AO NOSSO ETERNO GAROTO-DINAMITE!



FICHA DO JOGO

VASCO 2 X 0 INTERNACIONAL

Competição: Campeonato Brasileiro (2ª Fase - 1º Turno - 2ª Rodada)

Data: 25/11/1971 (quinta-feira)
Hora: 21h15min
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)

Árbitro: Maurílio José Santiago
Auxiliares: Rubens Paullis e Dagomir Sacramento

Público: 10.449 pagantes
Renda: Cr$ 49.675,00

VASCO: Andrada; Haroldo, Miguel, Renê e Alfinete; Alcir, Buglê e Benetti (Jaílson); Luiz Carlos, Ferreti e Gílson Nunes (Roberto). Técnico: Admildo Chirol

INTERNACIONAL: Gainete; Bira, Pontes, Flávio e Édson Madureira; Carbone, Paulo César e Dorinho (Árlem); Valdomiro, Claudiomiro (Bráulio) e Sérgio. Técnico: Dino Sani

Gols: Buglê (VAS) 5' do 2º; Roberto (VAS) 27' do 2º

Observações: Primeiro gol de Roberto Dinamite como profissional. O Internacional perdeu um pênalti aos 29 minutos do 2º tempo, cobrado por Bráulio. Alcir é Alcir Portella, hoje auxiliar-técnico do Vasco. Jaílson trabalha com as categorias de base do Vasco. Gainete já havia jogado no Vasco e sido campeão da 1ª Taça Guanabara em 1965. Gilson Nunes, Carbone e Paulo César (Carpeggiani) também são ou foram treinadores de futebol.


Agradecimento a Mauro Prais.

Fonte: NETVASCO (texto), Jornal dos Sports (ficha e foto), Jornal dos Sports/digitalizado por NETVASCO (fotos).




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