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NETVASCO - 09/06/2006 - 10:56 - Ex-técnica do Vasco relembra áureos tempos do Futebol Feminino Helena Pacheco escolhe logo duas bolas e começa a caminhar para o campinho de grama sintética onde posará para a foto. “Posso pegar mais se vocês quiserem”, diz ela, mostrando, de cara, que sua intimidade com a bola não diminuiu desde que resolveu se afastar do futebol profissional, há cinco anos. Carioca, de 48 anos, técnica do time do Vasco nos tempos áureos do futebol feminino no Rio, entre o fim das décadas de 1980 e 1990, sua ligação mais forte com o esporte hoje são apenas a sua loja de material esportivo e as palestras que ainda dá, pelo menos duas vezes por ano, na Califórnia, Estados Unidos. Vida tranqüila, confessa. Mas não a ponto de fazê-la titubear diante da pergunta inevitável: você voltaria a comandar um time de futebol feminino? — Voltaria de graça desde que houvesse estrutura. São 20 anos de trabalho jogados fora. E nem a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas adiantou alguma coisa — diz ela, prontamente. Helena estreou no futebol em 1981, como meio-campo do Clube Federal do Rio. No ano seguinte, mudou de posição e passou a jogar como atacante no Esporte Clube Radar. Em 1983, foi para os Estados Unidos, onde treinou e estudou por um ano. — Eles têm um centro de treinamento com 23 campos, um do lado do outro, onde treinam, juntos, meninas e meninos de até 12 anos. Depois, os meninos migram para o beisebol ou o futebol americano. E as meninas ficam no futebol — conta. Na volta, decidida a ser técnica, matriculou-se na faculdade de educação física. O ano era 1984 e as mulheres já começavam a conquistar espaço no mercado de trabalho. Mesmo assim, não foi fácil. Afinal, se havia uma função ainda restrita aos homens, essa, com certeza, era a de técnico de futebol. — Quando procurei o curso de futebol, não deixaram me matricular. Era proibido para mulheres — lembra. — Fui então fazer cursos paralelos no sindicato dos árbitros. Eu era queridinha, só eu de mulher entre uns cem homens... Mas isso não significa que tenha sofrido preconceito. Sua postura séria, afirma, foi determinante: — Estudei muito, fui a vários treinos e jogos para aprender. Então, quando eu fazia perguntas, era pertinente, mostrava que eu sabia. Por isso, não tinha problema. Dei sorte, sempre fui transparente no que eu queria. E, para mim, era claro que todo mundo podia fazer qualquer coisa desde que fosse competente. Em 1989, ela assumiu o Vasco, clube com o qual conquistou quatro dos seis campeonatos brasileiros oficiais. Apesar de o futebol feminino ter definhado por falta de investimento, Helena não se arrepende de suas duas décadas dedicadas ao esporte. Pelas suas mãos, diz orgulhosa, passaram, entre outras, Pretinha e Marta, que brilharam na seleção brasileira prata em Atenas. Marta, aliás, é atacante do Ümea IK, da Suécia. Para Helena, essa é a vantagem e o desperdício do futebol brasileiro. — Em sua grande maioria, nossos jogadores e jogadoras vieram da rua e isso faz diferença. A Marta, por exemplo, é de Dois Riachos, em Alagoas, e treinou no Vasco. Hoje, ela ganha seis mil euros por mês na Suécia. A Marta era um diamante bruto que só precisava ser lapidado. Se não fosse o Vasco, provavelmente ainda estaria lá em Dois Riachos. Como ela, há outras que não terão a mesma oportunidade. O assunto se estende, passa pela família, pelo ex-marido que não dava a mínima para futebol, e chega, claro, à Copa do Mundo, que começa hoje. Fã do talento da seleção brasileira, ela resiste, mas cede aos pedidos para fazer uma lista básica de recomendações às torcedoras de última hora. Tudo em nome da paz no futebol: — Na hora do jogo, ninguém terá paciência para explicar as coisas básicas, portanto, informe-se antes. Os comentários estéticos são até bem-vindos, mas não em excesso. E nada de gritos. Você pode ser uma torcedora vibrante, mas jamais histérica. Palavras de quem sabe. Fonte: O Globo NOTA DA NETVASCO: O Vasco conquistou 3 Campeonatos Brasileiros de Futebol Feminino oficiais: 1993, 1994 e 1998. Além desses, foi nove vezes campeão estadual: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000. |
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