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NETVASCO - 10/06 - 00:36 - Natação: Recorde mundial de Inge de Bruijn completa 5 anos

Neste dia 10 de junho de 2005 completam-se cinco anos desde que a nadadora holandesa Inge de Bruijn, competindo pelo Vasco da Gama, quebrou o recorde mundial dos 50m Livre em pleno Parque Aquático Júlio de Lamare, no Complexo do Maracanã, no Rio de Janeiro, durante o Troféu José Finkel de Natação de 2000.

A façanha, que entrou para a história da natação brasileira - pois foi o primeiro e até agora único recorde mundial obtido em piscinas sul-americanas de 50 metros -, foi imortalizada numa placa que pode ser vista no hall principal do parque aquático, local que também abriga a sede da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Contratada pelo Vasco com antecedência para disputar o Troféu José Finkel (que equivale ao Campeonato Brasileiro de Inverno), entre 7 e 11 de junho de 2000, Inge começou a supreender o mundo no dia 20 de maio daquele ano, quando, em Montecarlo (Mônaco), bateu o recorde mundial dos 50m Borboleta com o tempo de 25"83.

O fim de semana seguinte reservaria ainda mais triunfos para a holandesa. Competindo no Meeting de Sheffield (Inglaterra), Inge igualou um recorde mundial (dos 50m Livre, com 24"51) e bateu outro (50m Borboleta, com 25"64) no mesmo dia, 26 de maio. No dia seguinte, 27 de maio, quebrou mais um recorde mundial, o dos 100m Borboleta (56"69). E, em 28 de maio, tornou-se a primeira mulher em todos os tempos a nadar os 100m Livre abraixo dos 54 segundos, ao vencer a prova com o tempo de 53"80.

Sete dias depois, no dia 4 de junho, Inge de Bruijn participou do Campeonato Holandês, disputado em Drachten, e fez 54"48 nos 50m Livre, baixando em três centésimos o recorde mundial que havia igualado em 26 de maio.

Foi com esse currículo que Inge de Bruijn desembarcou no Rio de Janeiro para disputar o Troféu José Finkel pelo Vasco. Era bem verdade que nadar no Brasil não era novidade para a holandesa, que, por influência do amigo flamenguista Fernando Scherer, o "Xuxa", competira pelo clube da Gávea no Troféu Brasil de 1998 (em São Paulo), no José Finkel de 1998 (na piscina de São Januário) e no José Finkel de 1999 (no Júlio de Lamare). Nesse período, Inge ganhou cerca de 10 medalhas de ouro, mas não bateu nenhum recorde mundial e nem viu seu clube vencer qualquer das competições na pontuação geral.

Nos treinos na piscina de São Januário, Inge se espantou com o carinho com que foi recebida. "Ver as pessoas felizes e me recebendo com tanta simpatia às vezes assusta um pouco", disse a nadadora em meio a vários gritos de "Casaca". A holandesa também tentava esfriar um pouco a enorme expectativa em torno de sua participação no José Finkel: "Nunca planejo nada, não fico pensando nos recordes. Se planejar algo, não consigo nadar. Não sou máquina, sou de carne e osso", dizia.

Esta última afirmação, porém, foi posta em dúvida pelos que testemunharam sua performance na manhã do dia 10 de junho, um sábado ensolarado. Nadando a final dos 50m Livre, Inge de Bruijn venceu a prova com o inacreditável tempo de 24"39, nove centésimos abaixo do recorde mundial que ela própria batera seis dias antes, na Holanda. A segunda colocada, Flávia Delaroli, fez 26"27, chegando quase dois segundos atrás da vascaína - uma eternidade numa prova de 50 metros.

Inge foi aplaudida de pé quando a quebra do recorde mundial foi anunciada pelo alto-falante. O então vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, ficou tão emocionado que chegou a perder a fala. A nota destoante ficou por conta de alguns poucos rubro-negros que, inconformados pelo fato da holandesa ter tido mais sucesso com o maiô do Vasco do que com o do Flamengo, abanaram notas de um real para a vascaína recordista mundial.

(Não podemos nos esquecer eles estavam traumatizados. Afinal, outro "craque", Romário, havia trocado a Gávea por São Januário seis meses antes e tinha como passatempo predileto na época balançar as redes rubro-negras cada vez que enfrentava seu ex-clube. Aliás, Inge, que na Holanda nadava pelo PSV Eindhoven, de sua cidade natal, chegou a conhecer o Baixinho, que jogou no clube holandês entre 1988 e 1993.)

Mas nada disso estragou a festa vascaína pelo acontecimento histórico. Inge de Bruijn, na época com 26 anos, demonstrou-se surpresa com o sétimo recorde mundial em 21 dias: "Estou nadando cada vez melhor. Fiz uma boa largada e senti que poderia chegar bem. É maravilhoso. Sempre nado bem aqui no Brasil. Esperava boas marcas, mas não um recorde mundial. Quando olhei o cronômetro, comecei a gritar. Fazer o sétimo recorde em tão pouco tempo é incrível", disse Inge, para logo depois exaltar a Cruz de Malta: "Foi lindo ter visto toda a torcida me aplaudindo. Foi como um sonho. Foi uma honra nadar pelo Vasco. Se o clube me convidar de novo, volto, com certeza".

Além do ouro nos 50m Livre, Inge de Bruijn também subiu ao degrau mais alto do pódio nos 50m Borboleta (25"71), nos 100m Borboleta (57"65) e nos revezamentos 4x50m Livre (1'44"24), 4x100m Livre (3'46"69) e 4x100m Medley (4'12"61) do Troféu José Finkel, que terminou com o Vasco campeão, com 4.162,50 pontos, e o Flamengo vice, com 2.749,50 pontos.

Nas Olimpíadas de Sydney (Austrália), disputadas pouco mais de três meses depois do Troféu José Finkel, Inge de Bruijn confirmou tudo o que dela se esperava, com três ouros, uma prata e três recordes mundiais. Nos 50m Livre, melhorou em 26 centésimos o recorde mundial batido no Rio durante as eliminatórias (24"13) e ganhou a medalha de ouro com 24"32. O mesmo aconteceu nos 100m Livre, com novo recorde mundial nas eliminatórias (53"77) e medalha de ouro com 53"83. Já nos 100m Borboleta, o recorde mundial veio na final, junto com o ouro: 56"61. Se os 50m Borboleta fizessem parte do programa olímpico, dificilmente Inge, então recordista mundial da prova, deixaria o ouro escapar. A holandesa ainda ganharia uma medalha de prata, no Revezamento 4x100m Livre (3'39"83).

Inge não parou de colecionar medalhas em competições de alto nível após Sydney. No ano seguinte, no Mundial de 2001, em Fukuoka (Japão), venceu os 50m Livre, os 100m Livre e 50m Borboleta. Em 2003, no Mundial de Barcelona (Espanha), levou mais dois ouros, nos 50m Livre e 50m Borboleta. Nas Olimpíadas de 2004, em Atenas (Grêcia), ganhou um ouro (50m Livre), uma prata (100m Livre) e dois bronzes (100m Borboleta e Revezamento 4x100m Livre).

Ainda hoje, cinco anos depois daquela que foi sua melhor temporada, Inge de Bruijn detém dois recordes mundiais, batidos em Sydney 2000: o dos 50m Livre (24"13) e o dos 100m Borboleta (56"61).

Infelizmente, Inge de Bruijn não voltou a competir pelo Vasco. Mas o recorde mundial que bateu no Rio de Janeiro permanecerá para sempre na memória não só do Club de Regatas Vasco da Gama como também de todo o esporte brasileiro.

Fonte: NETVASCO (texto), Revista do Vasco (fotos)



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