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Netvasco - 28/04 - 00:35 - Jorginho Paulista quer reviver sua 'época de ouro'

Os tempos são outros, mas o sonho é o mesmo. Quatro anos depois de ser o lateral-esquerdo de um time de craques nas conquistas da Copa João Havelange e da Mercosul, em 2000/2001, o retorno de Jorginho Paulista ao Vasco pode ser definido como a chance de um renascimento.

Desde que saiu de São Januário, o jogador não conseguiu repetir o futebol daquela "época de ouro" para a torcida vascaína. Em 2001, Jorginho foi para o Boca Juniors, onde ficou apenas sete meses. Depois, passou por Cruzeiro e São Paulo até aportar no Botafogo, para a disputa da Série B em 2003.

No Alvinegro, o lateral chegou a ser barrado pelo então técnico Mauro Galvão. Depois de não acertar sua renovação e reclamar de salários atrasados, ele deixou o Bota e ficou três meses parado até acertar com o Vasco.

Aos 25 anos, Jorginho, que começou no Palmeiras e ainda teve passagens por PSV, da Holanda, Udinese, da Itália e Atlético-PR, tenta reerguer sua carreira em um time todo formado por "quase desconhecidos".

Exceção a esta regra, o atacante Romário foi um dos principais articuladores de sua volta ao clube. "O Romário me adotou. Era um garoto naquele time de 2000", disse o lateral, que fala das lembranças daquela época, das dificuldades do time atual e da vivência no exterior, para onde foi pela primeira vez aos 17 anos, nesta entrevista exclusiva ao Pelé.Net.

Com sua experiência e rodagem, onde acredita que este time atual do Vasco, sem reforços, pode chegar no Campeonato Brasileiro?

Jorginho Paulista - O Brasileiro é um campeonato longo, é necessário um elenco grande, ter peças de reposição. Veja que os times que chegaram nos últimos anos tinham excelentes jogadores no banco. O Basílio era reserva no Santos ano passado, por exemplo. O Vasco tem um grupo de jovens valores, mas que já têm certa experiência por conta dos últimos campeonatos.

Acho que o caminho é acreditar, ter confiança neles mesmos. Eles sabem da qualidade deles, foram criados aqui dentro, as pessoas já os conhecem aqui. O time está carente de títulos, a pressão é muito grande e é preciso estar ciente disso para jogar aqui. De repente, falta um pouco disso, é algo que ainda estamos buscando.

O que significa jogar em uma equipe cheia de craques*, como em 2000, e depois voltar ao clube com um time praticamente inteiro de desconhecidos?

Eu era garoto, tinha 19 anos, e jogava com caras de nível mundial, consagrados. Eles jogavam mais soltos, mais tranqüilos, absorviam melhor a pressão, não estavam tão suscetíveis a este tipo de coisa. Era um coadjuvante no meio de muitas feras. Hoje, sinto que preciso chamar a responsabilidade, assumir, dar satisfação. Na hora da derrota, de repente, sair e falar com a imprensa, justificar para a torcida. É uma situação completamente diferente, mas já tenho alguma experiência e me sinto preparado para isso.

* O Vasco contava com Romário, Euller, Viola, Juninho Paulista, Pedrinho, Juninho Pernambucano e Júnior Baiano na conquista da Copa Mercosul.

O seu último clube foi o Botafogo, um retorno ao futebol carioca depois da bela passagem por São Januário em 2000/2001. A queda de produção dos clubes do Rio, nos últimos anos, não é um fator negativo na hora de assinar um contrato?

No futebol, um vai ganhar, outro vai perder. O Rio vem nesse período de carência de títulos, de conquistas a nível nacional, mas ainda tem muita mídia. É uma grande vitrine. Além disso, o público é muito apaixonado por futebol, as pessoas respiram o esporte. Saí do Rio com um Campeonato Brasileiro e uma Mercosul conquistados. Naquela época, o Vasco já tinha uma ótima estrutura. Hoje, vejo que está ainda maior, com o Vasco-Barra, por exemplo. Não fica devendo a nenhum clube do Brasil. É muito bom poder voltar.

Você já jogou em clubes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Levando em consideração tudo que rodeia o futebol, qual das cidades é o melhor lugar para se trabalhar?

Trabalhei em clubes top nessas cidades, então fica difícil falar. Peguei sempre estruturas excelentes, tanto no São Paulo quanto no Cruzeiro e aqui. O diferencial do Rio é que o torcedor é muito mais apaixonado do que em São Paulo ou qualquer outro lugar. Talvez por ser uma cidade maior, mais espaçada, muita coisa acontecendo, você não sente esse ar de futebol que existe aqui. As pessoas aqui respiram seu clube, saem, vão trabalhar com a camisa do clube, em qualquer lugar que você vá estão falando de futebol, te páram, te reconhecem na rua.

A questão é que futebol é negócio e nós somos produtos. O investimento em São Paulo é muito maior, a concentração de empresas facilita, a confiança do investidor é superior. Com a parte financeira saneada, você formará um grande time. Veja a parceira do Corinthians, que esquentou o mercado. É um bom exemplo. A parte social do clube é uma coisa, o futebol profissional é outra. Separando e fazendo esse investimento, o interesse do torcedor cresce, você vende mais camisas, incendeia e capitaliza a paixão do torcedor.

Quando voltou ao clube, há menos de um mês, chegou a dizer que pensa em vestir a camisa da seleção jogando pelo Vasco. Quais serão os obstáculos e quem são os principais concorrentes na lateral-esquerda?

Acho que, pela minha qualidade, tenho condições de estar em uma seleção, mas vou precisar de uma seqüência no Vasco. Só joguei três vezes até agora. O que contribui muito é ter um time bom do lado. Em 2000, fui cogitado para convocações. Olha o time que eu tinha do meu lado... Veja o Léo do Santos, por exemplo. Um time formado, que facilita seu trabalho. É um complemento.

Nesta última convocação, só com jogadores atuando no Brasil, foram Léo e Gustavo Nery. O Gustavo se machucou. Acho que, pela minha qualidade, a princípio, teria uma vaga nesse grupo, mas, como falei, preciso ter uma seqüência. E não depende só disso, depende também da forma de o treinador trabalhar, do sistema que vai utilizar. Sempre vou para times grandes, todos estão me vendo. Os treinadores já me conhecem, sabem que eu cumpro com as determinações.

Quais lembranças guarda da experiência na Europa, onde foi jogar aos 17 anos?

Na Europa, peguei clubes muito bons em termos de estrutura. Cheguei a jogar Liga dos Campeões pelo PSV, atuei ao lado e contra grandes jogadores. Tive bons momentos na Itália também. É claro que muita coisa é diferente. Os clubes, o treinamento, a formação técnica, tática, a obediência a um esquema. Lá pouco se improvisa. O brasileiro é que tem esse costume, o que às vezes acaba sendo uma vantagem. Os treinadores e a diretoria têm outra atitude também. É importante você saber que eles acreditam na equipe e não perdem isso com uma ou duas derrotas.

Pessoalmente, para mim, tudo era novo. Fui para lá sozinho, sempre havia morado com meus pais em São Paulo, nunca morei em concentração, nada disso, e lá, com 17 anos, eu tinha que me virar sozinho, fazer tudo. Foi um grande aprendizado, uma formação de cárater, do meu jeito de ser, sabe? Hoje, moro sozinho há sete anos. Certas coisas me incomodam, pessoas gritando por exemplo, barulho. Fica até difícil imaginar outro tipo de vida agora,

Além da Europa, você jogou um período no clube mais popular da Argentina, mas voltou rápido. O que é jogar no Boca Juniors?

Digo para você que fui para lá receoso, pelo fato de ser negro e brasileiro. Não sabia qual seria o tratamento deles lá. Mas foram receios frustrados. Fui recebido normalmente, nunca tive nenhum problema, muito pelo contrário, fiz muitas amizades, até fora do futebol, amizades que eu guardo até hoje.

Joguei no Boca naquela época de crise na Argentina, dos panelaços [2001]. Morava na mesma rua do ministro Domingo Cavallo [da economia], ficava impressionado com as manifestações deles. Parando para pensar, o brasileiro é muito bom, cara. Bom até demais.

Seus dois primeiros jogos neste retorno ao Vasco foram sob o comando de Joel Santana. Agora, o treinador é Dário Lourenço. Qual sua avaliação sobre os dois treinadores?

O Dário está no começo de um trabalho, não tem como falar muita coisa. O Joel é muito bom treinador, um dos melhores com quem já trabalhei, e olha que eu já fui treinado por caras como Felipão, Bianchi, Bob Robson... É um cara que sabe mudar um time no intervalo. O problema é que ele trabalha muito aqui pelo Rio, roda nos clubes daqui, isso acaba desgastando. Ele chega e as pessoas ficam dizendo que é mesmice e tudo mais. Se trabalhasse mais em outros centros, de repente, as pessoas veriam que ele está entre os melhores.

Fonte: Pelé.Net




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