Netvasco - 12/03 - 02:33 - Baixinhos Romário e Dominguez são atrações neste domingo

No bicampeonato estadual de 87/88, o Vasco tinha um time fabuloso, conhecido como “Branca de Neve e os Sete Anões”. O grande ídolo vascaíno Roberto Dinamite era acompanhado de pequenos notáveis como Romário, Dunga, Geovani e Mauricinho entre outros. Amanhã, São Januário vai viver outra tarde encantada. Num passe de mágica, o clube conseguiu liminar na Justiça Desportiva para inscrever o português Dominguez. Com 1,64, ele será a grande atração do Vasco contra o Americano ao lado de Romário, 1,69, recuperado de lesão.

— Por onde passei, nunca vi torcida tão espetacular como a do Vasco. Sei que vão me apoiar, mas preciso corresponder para a torcida gostar de mim — disse Dominguez.

A nova fábula vascaína começa pela terra das mil e uma noites. Rico, porém, infeliz no Qatar, Dominguez decidiu abrir mão do dinheiro para recuperar uma paixão. Depois de jogar no Benfica, Sporting, Totenham e Kaiserslautern, clubes populares da Europa, encontrou um deserto de emoções nos estádios do Oriente.

O príncipe abriu-lhe as portas e Dominguez deixou o Qatar com sua carta liberatória. Como as inscrições para a temporada na Europa já estavam encerradas, o português preferiu encerrar a carreira. De férias, veio passar o Carnaval no Brasil. Na mala, trouxe uma fita com seus encantos. Bastaram cinco minutos para conquistar o presidente Eurico Miranda. O presidente levou mais tempo, quase um ano, para readmitir, por ordem judicial, o sócio José Henrique Coelho, da oposição.

Em quinze dias de treinos, o português reduziu a diferença de 2cm que tinha de uma coxa para outra. Mas ainda ressente-se dos dois meses que ficou parado. Ontem, fez coletivo ao lado de Romário.

— Ainda não estou em plenas condições mas vou me esforçar muito — disse.

Nem a predileção de Dominguez pelo rubro-negro Zico quebrou o encanto de sua chegada. Com o apoiador, muitos jornalistas lusos estiveram em São Januário reforçando o laço de união Brasil/Portugal. Dominguez foi ao Paraguai para obter visto de trabalho, mas faltava concluir o caminho das Índias: o documento de transferência ficou retido no Qatar.

Enquanto aguarda decisão da Fifa, o Vasco obteve liminar no Tribunal de Justiça Desportiva. A carta liberatória é a prova do fim do seu vínculo no Qatar. Resta uma pendência entre clube e jogador, que não impediu sua inscrição.

Cartas, ofícios e recursos são uma tradição lusa. Depois de se sentir prejudicado pela arbitragem na derrota por 3 a 2 para a Cabofriense, Eurico Miranda escreveu ao presidente da Federação, Rubem Lopes, pedindo se investigue o ocorrido, “pois torna-se evidente que algo existe no sentido de desestabilizar a federação e o Estadual”.

Como numa história infantil, em que bem e mal existem, o Vasco se põe no papel de vítima. Será que os anõezinhos conseguirão salvá-lo?

Fonte: O Globo