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Netvasco - 20/02 - 00:50 - Antônio Lopes conta histórias de suas passagens pelo Vasco

Embora contestado por muitos vascaínos, o treinador Antônio Lopes é indiscutivelmente um dos profissionais mais vitoriosos da história do Vasco não só pelos títulos conquistados (Libertadores 1998, Brasileiro 1997, Rio-São Paulo 1999 e os Estaduais de 1982, 1998 e 2003, para ficar somente nos mais importantes), mas também pelos seus quase 600 jogos à frente do time.

Recentemente, Antônio Lopes lançou seu site oficial na Internet (http://www.antoniolopes.com.br), onde conta detalhes de suas seis passagens pelo Vasco (uma como auxiliar-técnico e cinco como treinador). Entre os casos interessantes que conta, Lopes revela que pensou que o primeiro convite que recebeu para comandar o time do Vasco fosse um trote; que a barração de cinco titulares do Vasco às vesperas da decisão do Estadual de 1982 teve o aval de Antônio Soares Calçada; que irritou-se pelo fato de Eurico não ter se precavido contra as papeletas amarelas do Flamengo em 1986; que Mauro Galvão só veio para São Januário porque o Vasco não conseguiu trazer Gottardo; e que o lateral-direito Vágner só foi substituído por Vítor no jogo contra o Real Madrid, em Tóquio, porque estava fortemente gripado.

Confira a seguir o depoimento um dos personagens mais importantes dos últimos 30 anos do futebol do Vasco:

Primeira passagem pelo Vasco (auxiliar-técnico, 1974-1979)

Em 1974, eu era comissário [de polícia] na Praça Tiradentes. O Hélio Vígio, preparador físico do Vasco nesta época, apareceu lá. O carro do goleiro Andrada tinha sido apreendido e ele me pediu para resolver a situação. Vi o processo, ele pagou a multa e o carro foi liberado. Neste papo, o Vígio perguntou se eu não queria ir para o Vasco. Tinha uma vaga lá para preparador físico e eu, formado, podia trabalhar como auxiliar do Mário Travaglini. Aceitei na hora. Isto foi em abril de 74. O supervisor era o Almir de Almeida,com quem já tinha amizade desde os tempos da faculdade.

Eu auxiliava o Vigio, preparador físico principal e o Travaglini. Ajudava ambos porque era formado nos dois campos. Fazia tudo para o Travaglini, que confiava tanto em mim que me deixava até ministrar treinos sozinho. Tinha 33 anos e no início fiquei impressionado por ter entrado logo no futebol. Comecei a trabalhar com jogadores que até bem pouco tempo eram meus ídolos, como Andrada, Moisés, René, Miguel, grupo que eu idolatrava.

Nesta época já surgia bem o Roberto, que em 1973 já se destacava. Ele estava iniciando, e cedo passou a ser o Dinamite. O falecido Chirol o botou no time de cima e ele arrebentou contra o Inter. Eu estava feliz da vida como auxiliar. Ainda tinha que aprender muito para ser treinador principal, até que em 1976 veio o Paulo Emílio. Trabalhei como seu auxiliar, ganhando a Taça Guanabara, assim como em 77, quando com Fantoni já no comando, levantamos a Taça GB e o carioca.

Já em 79, fui chamado pela antiga CBD, para ser auxiliar do Mário Travaglini, no Pan de Porto Rico. Fui liberado pelo Vasco e passei a prestar serviços para a seleção. Depois do Pan, voltaria ao clube. Quando isto aconteceu, o Vasco estava muito mal. Era uma segunda-feira e no Estadual a situação era braba. No sábado teve um Vasco e São Cristóvão, em São Januário, e a equipe perdeu de 1 a 0. A torcida quebrou o Estádio, o que obrigou o presidente na época, Agathirno, a tomar a decisão de demitir todo mundo. Recebi uma informação que ia ter uma reunião na casa de um diretor na Ilha do Governador com toda a comissão técnica. Fui para lá e como estava prevendo, o presidente mandou todo mundo embora. Froner, eu, Ademar Braga e Djalma Cavalcanti. Só ficou o Carlesso. Lembro-me que o Froner disse para o presidente que não devia me mandar embora porque eu estava fora e não tinha nada com o peixe. Mas ele foi irredutível. Soube depois que ele me mandou embora porque o Sendas era oposição e eu era muito amigo do seu Artur, como sou até hoje. Este foi o motivo. Coisas do futebol.

Segunda passagem pelo Vasco (técnico, 1981-1983)

Recebi um telefonema em casa do seu Calçada, na época o homem do futebol do Vasco. Não o conhecia, mas até não acreditei. Imaginei que alguém estava passando um trote. O presidente era seu Alberto Pires Ribeiro e quando o Calçada me ligou, perguntei sobre o Zagallo, o treinador na época. Ele já havia saído e não tive como negar! "Então me espera no restaurante do Galeão que a gente conversa lá pessoalmente", disse o Calçada. Na verdade, eu nem sabia onde era. Comentei com a Elza que achava que alguém estava me sacaneando. "Imitaram voz de português e quando eu chegar lá vão me pregar uma peça", pensei. Mas fui e perguntei onde era o restaurante já no aeroporto. Meti a mão na porta e lembro até hoje dele sentado lá no fim. Sentei e ele me disse que queria me contratar até o fim do ano. Sabia que o Zagallo tinha ganho um Opala de luvas e tinha um salário de 300 mil. Naquela época se dava muita luva. Ele me ofereceu 100 mil. Como bom negociador, é claro que ele estava me oferecendo menos, mas aceitei. Queria era a chance. Era um lucro de 20 mil em relação ao que ganhava no América.

Isto foi em junho de 1981, e fiz minha estréia no Vasco contra o Fluminense, ganhando de 3 a 0. Depois pegamos o Bangu e ganhamos por 3 a 1. Em seguida viajamos pela Europa, ganhando o torneio de Split e perdendo o Torneio de Paris. Foram 15 dias de excursão e na volta ganhamos o segundo turno. O Flamengo ganhou o terceiro turno e fomos para aquela final do "ladrilheiro". Ganhamos as duas primeiras e depois perdemos a terceira. O time era formado por Mazaropi, Rosemiro, Nei, Ivan e João Luis; Serginho, Dudu e Amauri, Wilsinho, Roberto e Silvinho.

Nesta decisão entrei acreditando que podia ganhar. No segundo jogo não deixei de acreditar que podíamos derrotar o Flamengo. Naquela partida, o Roberto fez o gol da poça d'água. Antes da final, não coloquei nada especial. Disse que tínhamos condição de ganhar, mas hoje tenho certeza de afirmar que não podia equiparar o Vasco ao Flamengo naquela época.O time do Flamengo era muito bom. Só passei a acreditar muito depois desta segunda partida. Mas teve armação, porque o nosso time estava em cima e aí pintou o ladrilheiro. Fiquei satisfeito por termos alcançado um êxito, tanto é que renovamos nosso contrato. O Flamengo ia ser campeão do mundo e por isto tínhamos ido muito longe. Eu tinha 40 anos e ainda ia ganhar muitos títulos. Afinal esta tinha sido minha primeira experiência em um clube grande.

Em 1982, foi a época mais marcante. Pedrinho e Adão chegaram. Fizemos um bom brasileiro, perdendo para o Grêmio, e não fomos a final. Tudo levava a crer que o Flamengo ia levantar o campeonato carioca de novo. Campeão Mundial, Libertadores, Brasileiro e carioca do ano anterior. O Flamengo era imbatível, sem dúvidas. Só que este estadual seria marcante.Perdemos na Taça GB com gol do Adílio nos acréscimos. Roberto se machucou e saiu logo. Antes da partida conversei até com a Jurema, a mulher dele. Ela disse que ele estava com medo de sair cedo, mas disse para ela que ele era importante mesmo com 50% de condições. Ele entrou bem e não agüentou. Quando saiu, o Flamengo fez o gol. Não desanimei e no segundo turno ganhamos os cinco primeiros jogos. Mas começamos a perder pontos para times pequenos e entramos na decisão por pontos somados no primeiro e segundo turnos. A classificação ficou para o penúltimo jogo, quando precisávamos vencer para entrar pelo critério técnico. Metemos 2 a 1 na Portuguesa depois de jogar mal, com gol do Pedrinho Gaúcho aos 43 do segundo tempo. Alguns jogadores estavam passando por uma fase ruim. Mazaropi estava mal e eu vinha segurando. Precisava mudar porque o time estava indo para uma final e precisava alterar a postura. Ainda faltava o Vasco e Flamengo do fim do turno e eu mudei logo neste jogo. Todo mundo pensa que eu mudei na final, mas não. Eu mudei nesta partida. Pensei mudar contra o Flamengo e dizer que poupei por cartão. Tirei Mazaropi e botei Acácio; Rosemiro saiu para entrar Galvão; tirei Nei e botei Ivan; tirei Pedrinho e botei Gilberto; deixei o Serginho e o Dudu, mas tirei o Geovani, botando o Ernani. Na frente mantive Pedrinho Gaúcho; no lugar de Roberto coloquei Paulo César e no lugar do Palhinha meti o Jerson.

Entrei com este time e demos um chocolate por 3 a 1. Paulo César fez dois gols e Ernani driblou quatro em fila, botou a bola debaixo das pernas do Mozer e tocou na saída do Raul, fechando o placar. Este jogo foi sábado e fui para casa pensando em voltar só com o Roberto e o Pedrinho. O time jogara muito e seria este para a final. No domingo fui na casa do seu Calçada e ele me deu autorização para fazer o que quisesse. O que mais pensei foi avisá-lo e deixar claro que na segunda seria um estardalhaço na imprensa, um falatório tremendo. A imprensa deveria saber logo na segunda-feira, porque falaria terça e quarta e depois pararia.Eu barraria Mazaropi, Rosemiro, Nei, Geovani e Palhinha. Seriam cinco trocas. Coloquei Acácio, Galvão, Ivan, Ernani e Jerson. Manteria Celso, Pedrinho, Serginho, Dudu, Roberto e Pedrinho Gaúcho. Na segunda-feira eu reuni o time. Disse a todos que o time estava mal e que já devia ter mudado há muito tempo. Vinha dando voto de confiança a todos, mas que estava na hora da decisão. Quem quisesse falar agora que falasse e que tudo ficasse entre nós. "Mazaropi, vou te tirar. Rosemiro e Nei vão sair Geovani e Palhinha também. Quem quiser se manifestar, que faça agora e não na imprensa", disse. Ninguém quis falar nada e o único que se manifestou foi o Palhinha. Ele disse que eu já devia barrá-lo há muito tempo, porque vinha jogando muito mal. Ganhamos o América e demos chocolate no Flamengo. Podia ter sido de três, quatro.

O Flamengo tinha um timão e este título me marcou muito.Foi um título que alavancou a minha carreira, porque eu tive coragem de mudar e derrotamos uma equipe do porte, que mantinha a hegemonia do futebol carioca. Foi um jogo espetacular e sem dúvida alguma o Roberto foi o grande nome da conquista, e principalmente da final. O Ernani também jogou demais e o Acácio, que eu trouxe do Serrano de Petrópolis, foi o nosso anjo lá atrás, pegando muito. Um dos grandes nomes que lancei nesta conquista foi o Geovani. Ele veio do Espírito Santo e estava jogando muito nas categorias de base, mas só jogava com a bola nos pés. Fiz muita pressão no Geovani para que ele aprendesse a marcar porque, caso contrário, iria sumir e não ia dar jogador. Até hoje ele reconhece isto.

Outra história interessante deste campeonato foi uma que aconteceu com Ernani. Ele ia ser mandado embora dos juniores porque tinha levado um calção para casa. O menino treinava para burro e eu achei um absurdo. Coloquei-o nos profissionais e por esta razão, o presidente Calçada me chamou para dizer que havia recebido uma queixa do departamento amador com relação ao calção roubado. Disse ao presidente que o garoto jogava muito e eu queria que ele ficasse. Se fosse para mandar embora um jogador que levou um calção para casa, tinha que me mandar embora também, por que eu sempre fazia isto para jogar minhas peladas. Calçada aceitou e quando ganhamos o título disse a ele para comprar mais calções para o garoto. Por estas passagens, posso dizer que a minha relação com o seu Calçada sempre foi muito boa. Ele é uma pessoa que ouve muito os que trabalham com ele.

Terceira passagem pelo Vasco (técnico, 1985-1986)

No segundo ano de contrato [no Kuwait], houve uma notícia de que eu poderia ser indicado para a treinar a seleção brasileira. Eram as eliminatórias para a Copa de 86 e a CBF ia ter eleição. O Medrado Dias, grande vascaíno e ex-diretor do clube, era candidato e se ganhasse, poderia me chamar. Fiquei nesta expectativa e pedi ao Sheik para retornar. Ele ficou louco, mas acabou me liberando, o que aconteceu depois de uma despedida inesquecível. Mas Medrado perdeu e eu voltei ao Vasco em final de 1985, quando o time estava muito mal. Pedi a contratação de jogadores como Dunga e Tita e o seu Calçada me foi bem claro que o clube estava mal financeiramente e que nós tínhamos um bom juniores e deveria aproveitá-lo. Eu deveria liberar os que não queria que ficassem, mas coloquei para o presidente que ia ser complicado ganhar um campeonato. Ele deixou-me à vontade, dizendo que um segundo ou terceiro lugar já valia e que se ficássemos na frente do Botafogo já seria bom. O Fluminense ia brigar pelo tetra e tinha um grande time, o Flamengo com Bebeto, Zico, Sócrates, Leandro, Adílio e Mozer. Promovi jogadores como Romário, Mazinho, Santos, Lira, Régis e muitos outros; passei o Donato de lateral para zagueiro e contratamos alguns que não estavam sendo aproveitados em seus clubes. Foi assim que trouxemos Fernando, zagueiro do Santos; Paulo Roberto veio da reserva do São Paulo e outros que ajudaram a montar um time. De graça, formamos uma base. Não tinha custo, seu Calçada aceitava. Nossa base passou a ser formada por Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Lira; Vítor, Mazinho e Gersinho; Mauricinho, Roberto e Silvinho. Nesta época nós fomos ao exterior e a equipe começou a ganhar corpo. Romário ia entrando ao poucos no time e se destacava.

Um dia, perdi Silvinho machucado. Daí lembrei o Titio Fantoni, que lançou em 1977 Roberto e Ramón, este como um segundo centroavante. Na época ele havia perdido Luis Carlos Tatu, titular da ponta-esquerda, e adaptou Ramón nesta posição, o que acabou dando muito certo. Conversei com Romário, expliquei como ele deveria jogar, vindo só até a intermediária e recebendo bolas de Roberto, que sairia um pouco mais da área. O Romário ficou preocupado de não dar certo, só que deu, e muito. Os zagueiros ficavam em dúvida se deveriam acompanhar Roberto quando saía da área,e se fizessem isto, ele botava a bola por cima de todos para a velocidade de Romário. Mas se os zagueiros ficassem junto de Romário, iam perder na velocidade para um baixinho que era infernal. Estreamos contra a Portuguesa e depois pegamos o Madureira. Demos duas goleadas e o Romário tem a camisa 11 até hoje por causa desta adaptação e por ter herdado a camisa de Silvinho, um verdadeiro ponta. Assim, ganhamos a Taça Guanabara de 86 com nosso time barato. No segundo turno aconteceu o negócio das papeletas amarelas e eu avisei ao Eurico que ia ter problema com arbitragem. Cheguei a receber telefonema anônimo avisando da armação. Só que Eurico não levou a sério e perdemos para o Flamengo. Me aborreci e saí do Vasco. Fui para o Fluminense.

Reabilitando Roberto Dinamite na Portuguesa (1989)

O presidente Joaquim Heleno da Portuguesa de Desportos me ligou e aceitei em fazer uma equipe que pudesse participar bem do campeonato. O time precisava de um centroavante e lembrei que o Roberto estava largado no Vasco. Falei com Eurico, que relutou, mas acabou liberando o jogador. Disse ao preparador físico da Portuguesa que com o Roberto eu me entendia. Dava uns treinos específicos para o Roberto de resistência e potência muscular e na parte técnica tirava o couro dele. Cruzava e ele completava. Treinava chutes em gol, cabeçadas e a parte final eram as cobranças de falta. Ele foi vice artilheiro do campeonato brasileiro de 89, só perdendo para o Túlio , do Goiás. Fomos até a semifinal do Brasileiro contra o São Paulo, no Canindé. O Roberto não jogou e acabamos perdendo. Demos um sufoco, só que no finzinho o Edvaldo, aquele ponta-esquerda que já faleceu, fez o gol da classificação deles. Se ganhasse ali, estaria jogando a final com o Vasco, o que seria demais para a minha carreira.O time era bom: Sidmar, Zanata, Eduardo, Henrique e Lira; Capitão, Biro-Biro e Toninho, Jorginho, Roberto e Lê.

Quarta passagem pelo Vasco (técnico, 1991)

Em 1991, voltei mais uma vez a treinar o Vasco. Fui novamente substituir Zagallo. A temporada já estava rolando e o time era muito fraquinho. De bom só o fato de colocar Edmundo e Carlos Germano para treinar entre os profissionais. Valdir ficou no banco e Pimentel até jogou comigo. Mas foi uma época complicada.

Quinta passagem pelo Vasco (técnico, 1996-2000)

Em outubro [de 1996], o Vasco estava mal, como sempre nas épocas em que lá cheguei. Lançamos Pedrinho e Felipe e tínhamos o problema do Ramon e do Juninho que queriam sair, já que a torcida não gostava dos dois. Mesmo com Edmundo, tive que cortar nomes como Macedo, Toninho, Tenório, Vitor e Ranieli para fazer um bom time.

Já em 97, perdemos o Estadual de bobeira, porque na final jogamos mais que o Botafogo, não fizemos os gols e eles marcaram um com o Dimba. No segundo semestre, Eurico tinha praticamente acertado com o Gotardo, mas o negócio não evoluiu e trouxemos o Mauro Galvão, que estava na reserva no Grêmio. Vieram também Evair, que não estava bem no Atlético Mineiro, Válber, que vinha de alguns problemas particulares, além de vários jogadores do Madureira, como Cafezinho, Acácio e Nasa. Destes, só o Nasa vingou. Gostei durante o Estadual do Odvan no Americano e pedi sua contratação para "ficar no bolo", nunca na equipe principal. Com este time, seguimos no Brasileiro, perdendo no início e depois engrenando. Senti o título nos jogos do quadrangular depois da primeira fase. Os jogos com a Portuguesa foram brabos e os 4 a 1 contra o Flamengo deram moral ao time para a final. O campeonato foi muito complicado, só que o Edmundo desequilibrou e o grupo estava muito unido em torno do objetivo.

Em 1998, o time estava mais maduro. Perdi Edmundo e Evair e pedi dois atacantes que se completassem. O Luisão estava no La Coruña e o Donizete no México. Os dois vieram e formaram uma boa dupla. E esta boa dupla foi importante demais para ganharmos muitos títulos, como a Libertadores. Ganhamos o Estadual e na Libertadores fomos muito mal no início. Perdemos para o Grêmio e depois em duas partidas no México, só conseguimos um empate. Mas mesmo assim, recuperamos no Brasil e passamos para as próximas fases. O jogo com o Ríver foi o decisivo. Eles tinham um timaço, com Solano, Sorin, Saviola, Aimar e outros. Vencemos de 1 a 0 em São Januário e empatamos com aquele gol incrível do Juninho, em Buenos Aires. O Barcelona, na decisão, já não era tanta preocupação. Outro jogo difícil foi contra o Cruzeiro em Belo Horizonte. O time se entrosou e tínhamos a confiança de um grande jogo contra o Real Madri na decisão em Tóquio.

Nossa preparação foi boa e acho que perdemos aquele jogo no acanhamento do primeiro tempo de nosso time. Tememos demais um adversário que no segundo tempo, quando atacamos, se encolheu e por pouco não o derrotamos. O Real era uma seleção. Oito jogadores do time deles tinham estado no Mundial, mas até o Roberto Carlos reconheceu depois do jogo que eles estavam até pensando em levar para a disputa de pênaltis, quando a partida estava 1 a 1. Fui criticado por substituir o Vágner pelo Vítor, que acabou sendo driblado pelo Raul no gol decisivo. Mas poucos sabem até hoje, que o Vágner estava muito gripado e já estava totalmente esgotado fisicamente. Foi brabo, muito triste. É um título que me falta, mas ir a uma final daquelas me encheu de orgulho e o jogo foi equilibrado, tanto é que até poderíamos ter vencido.

Em 99, abri o ano com o título do Torneio Rio-São Paulo, uma competição que o Vasco não ganhava há muito tempo. A base foi mantida e o time continuou forte.

Em 2000, reforçamos com mais alguns jogadores poderosos, como Romário, Júnior Baiano e Jorginho. Fizemos um Mundial de Clubes muito bom. Demos um chocolate no Manchester e acabamos antes da decisão com o Corinthians com 9 pontos e eles com 7. Achava que depois do empate no tempo normal e na prorrogação nós deveríamos ter alguma vantagem. O Corinthians se fechou o jogo todo, querendo levar para os pênaltis, acreditando no Dida, o que acabou acontecendo. Neste período, tive que administrar a crise entre Romário e Edmundo. Tentamos conciliar e deixei claro que queria que eles se dessem bem em campo. Não obriguei ninguém a ficar saindo depois do jogo e ser amigo inseparável. Os dois me garantiram que estava tudo resolvido e em campo eles foram bem demais. Só depois do mundial é que estourou aquele problema entre eles, quando eu não era mais o treinador. Os dois sempre me respeitaram e são meus camaradas. A gente que está na estrada há muito tempo conhece e sabe quem é nosso amigo. Depois deste mundial, tirei umas férias. Fui eleito o quinto maior treinador do mundo nestes três anos que fiquei no Vasco, conquistei títulos importantes e achei que merecia parar um pouco. Depois deste descanso, fui chamado para trabalhar no sul do país outra vez.

Sexta passagem pelo Vasco (técnico, 2002-2003)

Acabei meu compromisso com a CBF [após vencer a Copa do Mundo de 2002 como diretor-técnico] e me desliguei, voltando para o Vasco. O Eurico me pediu para fazer mais um trabalho de reformulação e aceitei. Estava retornando ao clube pela quinta vez e com o Vasco sem time. Grandes jogadores tinham saído, como Romário, Felipe, Leonardo Moura, Euller e Juninho Paulista, além do que os anos de 2001 e 2002 haviam sido ruins para o clube, sem conquistas. Tive que apostar em alguns garotos, como Léo Lima, Souza, Moraes, Claudemir, Cadu, Wescley, Rodrigo Souto, entre outros.

Realizei meu desejo de trabalhar pela primeira vez ao lado do meu filho na comissão técnica. O time foi bem no Estadual de 2003 e a conquista foi fantástica. Ganhamos a Taça GB, Taça Rio e os dois jogos finais contra o Fluminense, que vinha de derrotar o Flamengo por 4 a 0 e era apontado como grande favorito ao título. O Vasco não ganhava um estadual desde 1998, quando também participei da conquista.


Fonte: NETVASCO, Site oficial de Antônio Lopes




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