Netvasco - 25/08 - 07:26 -
Adriana Behar e Shelda comemoram medalha de prata
O sonho do ouro durou apenas 43 minutos para Adriana Behar e Shelda nas areias gregas. Esse foi o tempo que as americanas Misty May e Kerri Walsh levaram para atropelar o Brasil na final, por 2 sets a 0 (21/17 e 21/11), e levar uma inédita medalha para os Estados Unidos no vôlei de praia feminino. Mas, diferentemente de Sydney, quando não disfarçaram a decepção pela prata, as brasileiras, ao som de “We are the champions” — que embalou o pódio — fizeram muita festa com a torcida e comemoraram a segunda prata consecutiva como se fosse ouro. O bronze também foi para os Estados Unidos, deixando a torcida americana em festa. Na disputa do terceiro lugar, McPeak e Youngs venceram as australianas Cook e Sanderson por 21/18, 15/21 e 15/9.
A cearense Shelda, que na véspera tinha declarado que as americanas eram as favoritas, reconheceu que as adversárias sobraram na decisão.
— Elas fizeram um jogo impecável. Ambas têm altura e um bloqueio bom. Eu sabia que elas estavam num patamar lá no alto e as outras mais embaixo. Não deu. Eu queria o ouro, mas não veio. Paciência. O que tenho que comemorar é estar em duas Olimpíadas consecutivas com a mesma parceira, o que é inédito — disse Shelda, que chegou a brincar na coletiva de imprensa, segurando a medalha. — Bem que podia ser ouro.
Adriana Behar seguiu a mesma linha, afirmando que a prata é motivo de comemoração para a dupla.
— Não existe não querer vencer. Fiquei triste por alguns minutos. Depois me vi novamente, quatro anos depois, naquela cerimônia, com aquela coroa e uma medalha no peito. Isso não tem preço. Nesses dias na Vila, temos visto muitos atletas voltando das competições com as suas medalhas e coroas e foi dando uma vontade... — disse Adriana, admitindo que a dupla não jogou bem. — Para ganhar delas teríamos que ter feito um jogo perfeito. E ficamos longe disso. Eu não joguei bem. Mas a nossa campanha foi sensacional e demos o nosso máximo.
Comandadas por Kerri Walsh, de 1,90m, a dupla americana já entrou no jogo melhor, não dando nenhum espaço para Behar e Shelda tentarem suas jogadas. As americanas pareciam se multiplicar, devolvendo bolas inacreditáveis. Com dificuldade para passar o bloqueio de Walsh, as brasileiras começaram a cortar a bola por cima da americana, mas a estratégia não durou muito e o primeiro set acabou com vantagem do adversário. No segundo set, Behar e Shelda entraram no jogo, melhoraram o ataque, mas as adversárias reagiram. Walsh, no bloqueio, e May, na retaguarda, sobraram na quadra e em 20 minutos confirmaram as expectativas de quem entende de vôlei. Uma vitória mais do que justa para uma dupla que há cerca de dois anos vem fazendo estrago nos Circuitos Mundiais.
— Está sendo um sonho essa conquista. Passamos por apertos, contusões, mas conseguimos a nossa sonhada medalha. Behar e Shelda são um exemplo de jogadoras. Pela história delas, também estão de parabéns. Mas foi a nossa vez — disse Misty May, que interrompeu uma seqüência de 90 jogos sem perder em junho, quando sofreu uma lesão no abdômen: — Eu sabia que estaria bem para disputar a Olimpíada. A lesão veio e foi embora na hora certa.
Behar e Shelda agora vão se dedicar ao Circuito Mundial, do qual são líderes na temporada. Sobre as Olimpíadas de Pequim, em 2008, elas disseram que estão dispostas a tentar mais uma participação.
— A gente consegue coisas que até o rapaz lá de cima duvida — disse Shelda, enquanto Adriana optou por uma tirada bem-humorada:
— Tenho vontade de jogar. Estou com 35 anos, mas com corpinho de 20. Mas vai depender de minhas condições físicas até lá.
Fonte: O Globo
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