Netvasco - 15/08 - 02:12 -
Confira entrevista com Adriana Behar e Shelda
Unidas pelo vôlei de praia há nove anos, a dupla Adriana e Shelda divide o mesmo objetivo: o lugar mais alto do pódio. Entre um treino na areia e uma sessão de vídeo dos Jogos passados, as meninas falaram de táticas, convívio e emoções ao longo de suas vidas.
O sucesso da parceria está na cumplicidade?
Shelda – Entre nós não há rivalidade. Muito pelo contrário, se a Adriana estiver melhor do que eu, ótimo para mim. Acho que o nosso sucesso vem de um trabalho sério, com vontade e dedicação. Além do nosso talento, é claro. Adriana – Estamos juntas não só pelas conquistas como também pela nossa amizade e admiração. A gente também sai e se diverte, vai ao cinema, ao teatro, janta fora...
O que faltou para ganhar a medalha de ouro na Olimpíada de Sydney, em 2000?
Shelda – O jogo estava páreo a páreo (foi 12/11 e 12/11) mas, de repente, tudo o que elas faziam começou a dar certo e a gente não conseguia fechar o jogo. Talvez pela ansiedade, que é supernormal. Adriana – É complicado explicar uma derrota. O melhor é calar a boca e jogar de novo.
O que mudou na Shelda e na Adriana nesses últimos quatro anos?
Shelda – Melhorei como pessoa e jogadora.
Adriana – Eu amadureci, fiquei mais consciente. Hoje eu curto mais o jogo do que antes. A gente aprende a canalizar melhor nossos sentimentos diante da derrota, o que faz com que a recuperação seja mais rápida.
As outras duplas são mais altas, o que torna o bloqueio mais complicado. Qual é a tática a ser usada?
Shelda – O nosso treinamento físico de explosão tem sido intenso.
Adriana – Vamos ter de mexer um pouco mais com o jogo para não perdermos o controle da bola.
Quais são as maiores adversárias?
Shelda – O maior adversário é sempre a próxima dupla, porque se nós perdemos um jogo estaremos eliminadas. Não podemos perder o foco.
Como é que fica a alimentação nas viagens? Vocês tomam algum suplemento?
Adriana – Sempre levamos umas barrinhas de carboidrato e proteína, porque lá fora não se consegue comer as mesmas coisas. Nosso médico indicou alguns suplementos, como creatina e HMB.
Como é que fica a vida pessoal?
Shelda – Gosto mesmo é de ficar em casa e receber os amigos. Não tenho filhos e, quando posso, vou visitar a minha família, em São Paulo.
Adriana – Sempre se acha um tempinho para a vida pessoal. A nossa rotina é diferente da rotina de uma família normal. A gente não tem que se apegar às dificuldades e, sim, lembrar sempre do lado positivo.
O que vocês planejam para depois da Olimpíada? Já pensaram alguma vez em se aposentar?
Shelda – Não penso em parar tão cedo. Ainda quero jogar o Pan no Rio e a próxima Olimpíada. Aliás, espero ter a oportunidade, numa próxima vez, de ser convidada a participar do revezamento da tocha olímpica.
Adriana – Adoraria jogar vôlei para o resto da vida, mas chega uma hora em que o corpo não rende mais, não há retorno. A gente jogou tantos anos num nível tão alto que não me acostumaria jamais a ter resultados ruins. Espero jogar mais três ou quatro anos. Já estou com 35, não sei se o meu corpo agüentará chegar à Olimpíada de 2008. Mas gostei dessa idéia de escrever uma coluna de esportes no jornal.
Fonte: Jornal do Brasil
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