Netvasco - 01/08 - 00:45 - Judoca Sebastian Pereira não quer brigar com Vasco

Uma das maiores esperanças de medalha do Brasil nos Jogos Sul-Americanos (cuja cerimônia de abertura será hoje, a partir das 9h, no Palácio da Cidade) está vivendo uma situação inusitada, que retrata bem a falta de apoio que os esportes olímpicos – com a óbvia exceção do futebol – sofrem no País. O judoca Sebastian Pereira, de 25 anos, passa atualmente por uma situação similar a de quando começou no esporte, aos quatro anos, sem ganhar um tostão sequer pelo seu esforço, mesmo tendo comparecido às duas últimas Olimpíadas – em Atlanta, foi sétimo, e em Sydney, era reserva de Tiago Camilo.

“Eu sigo lutando por amor ao judô. Não tenho nada. Nem clube, nem patrocinador. Sou sustentado pelos meus pais. Ainda estou filiado ao Vasco, para onde me transferi no início de 1999, mas não recebo, nem participo de competições pelo clube. Só tenho competido pela Seleção. Se eu não tivesse o privilégio de estar na Seleção, participando de eventos internacionais, já teria parado. A gente se esforça muito, chega a um bom nível, e, de repente, volta ao ponto de início da carreira. É complicado para a cabeça e temos de buscar superação no fundo do baú”, desabafou Sebastian.

Mas o judoca criado em Nova Iguaçu não desanima, apesar de não visualizar uma solução a curto prazo. “As coisas vão melhorar. Isso é só uma fase. Tenho recebido propostas para me transferir do Vasco, mas nada muito concreto. Não quero trocar seis por meia dúzia. Então prefiro ficar como está. O Vasco já levantou quanto deve e, quando for possível, pagará. Não quero briga, porque sei da situação que o clube vive”, afirma Sebastian.

O judoca vem desenvolvendo uma fonte alternativa de renda, mas cujo principal objetivo não é gerar dinheiro: o primeiro núcleo de judô Sebastian Pereira, no Bayer Clube, em Belford Roxo. “Aluguei o espaço e montei uma escolinha que é paga. Mas o preço é bem popular, até pela região escolhida. O objetivo não é ganhar dinheiro, mas formar novos judocas na Baixada”, explica o medalhista de bronze dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg. “Estou negociando também um projeto com a prefeitura de Paracambi, para treinar de 50 a 100 crianças”, conta Sebastian, que teve a vida facilitada para reassumir o posto de titular da seleção brasileira após Tiago Camilo subir de categoria.

“Com certeza, facilitou. Mas quando cheguei à Seleção, o titular era o Rogério Sampaio, que era campeão olímpico, e o superei. Se o Tiago ficasse na categoria, a briga seria boa”, acredita Sebastian, que compete no ginásio do Tijuca no domingo. “O fato de os Jogos serem no Rio aumenta a nossa responsabilidade. Até porque estamos conscientes de que um bom resultado do Brasil ajudará o Rio na disputa para ser sede do Pan de 2007”.

Fonte: O Dia