Jorge Henrique, hoje no Náutico, é um atacante de carreira longa e muitas conquistas. Foi campeão 12 vezes na vida. Seu currículo tem títulos como Copa do Brasil, Libertadores, Brasileiro e Mundial. Todos esses pelo Corinthians. A trajetória, porém, não foi só de vitória. Há algumas polêmicas também. Duas das maiores envolvem o técnico Tite e o volante Marcelo Mattos. Em entrevista exclusiva à Globo, Jorge Henrique não fugiu de nenhum dos dois assuntos e falou pela primeira vez sobre o caso de Marcelo Mattos, com quem teve uma passagem polêmica, no Vasco.
No caso do ex-companheiro vascaíno, vale a ressalva. Ele foi anunciado pelo Santa Cruz, nesta quinta-feira.
Críticas de Marcelo Mattos
No final do ano passado, o volante Marcelo Mattos revelou ter uma mágoa de Jorge Henrique, que remontava ao período em que os dois jogavam no Vasco, em 2016. Em treino no Cruzmaltino, em setembro, Jorge deu uma entrada que causou a ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito do colega.
Desde então, Marcelo Mattos vem lutando para voltar a jogar com regularidade. Para ele, a postura de Jorge Henrique após o incidente não foi correta. Marcelo reclamou que o atacante jamais ligou ou mandou mensagem durante o período de recuperação.
Jorge Henrique rebateu as críticas do antigo colega de time e deu sua versão sobre o lance.
- A gente estava fazendo um coletivo em que ele tinha dado duas entradas em mim, mas não me machuquei. Eu dei uma entrada nele, que não foi desleal. Ele acabou torcendo o joelho. Passei a semana toda mal, pedindo desculpa, dizendo que eu nunca tinha machucado ninguém, que ele ia se recuperar rápido... E ele me dá uma entrevista dessa? Acho que é mais para aparecer do que outra coisa - disse.
Jorge Henrique afirma que a reclamação de Marcelo Mattos não é válida, já que, em sua visão, ele não tem obrigação de ligar para o colega. E explica por quê.
- Passei a semana, o tempo que passei no Vasco, pedindo um monte de desculpa para ele, dizendo que não era para acontecer aquilo. Mas, infelizmente, não vou ficar ligando porque não sou amigo dele. Sou colega de trabalho. Respeito muito ele. Do mesmo jeito que ele poderia ter me machucado, machuquei ele. Mais uma vez peço desculpa, peço perdão, mas não vou ficar ligando porque não sou amigo dele.
Jorge diz, ainda, que poderia ter outra atitude se tivesse uma relação mais próxima com o volante.
"Amigo eu ligo, levo para minha casa, quero saber como está. Mas, infelizmente, ele é colega de profissão."
Defesa a Alex Evangelista
Em seu desabafo ao GloboEsporte.com, no ano passado, Marcelo Mattos não criticou só Jorge Henrique. Ele também questionou a condução de sua recuperação por Alex Evangelista, então gerente científico do Vasco - hoje fisioterapeuta do Urawa Reds-JAP.
Jorge Henrique saiu em defesa também de Evangelista.
- Às vezes eu até perdi oportunidade de falar sobre isso. Aquele momento que ele deu entrevista não era necessário. Ele envolveu profissionais muito competentes, como Alex Evangelista, fisioterapeuta de alto nível, de Seleção Brasileira. Ele colocou em pauta o trabalho do cara.
Relação com Tite
O problema com Tite aconteceu no Corinthians, em 2013. Às vésperas da semifinal do Paulista, contra o São Paulo, o jogador cometeu um ato de indisciplina e contou uma mentira que enfureceu o treinador. Na sexta-feira, ele foi para uma festa e - no dia seguinte - apresentou-se mal para o treinamento do sábado. Entrou mais tarde no treino e saiu mais cedo do trabalho com bola. Questionado pelo treinador, Jorge inventou que não tinha dormido bem porque passara a noite com o filho no hospital, com suspeita de dengue, e dormira pouco.
Tite aceitou a explicação do atacante e até desculpou-se diante de todo o grupo por ter desconfiado de um dos jogadores (obviamente, Jorge Henrique). Depois, porém, descobriu que Jorge havia mentido. Junto com a direção, decidiu que iria negociar o atacante - que nem sequer foi relacionado para a final da competição, dali a quatro dias, contra o Santos.
Era o fim de sua passagem pelo Corinthians.
Jorge admite que erro e fala como anda sua relação atual com o treinador da Seleção Brasileira.
- Ali foi um erro meu. Com um cara que não deveria ter errado. Tite é um pai para todos, chamava para conversar. Mas, na hora do desespero, acabei inventando coisa que não tinha nada a ver. É coisa que aprendi na minha carreira: se tiver que falar a verdade mesmo que te atrapalhe, melhor falar.
Segundo Jorge Henrique, hoje os dois se falam. O episódio ficou no passado - e serviu de lição, que ele repassa para os jovens jogadores do Náutico.
- Eu errei, mas foi superado. Ele hoje conversa comigo normalmente. É que eu passo para os meninos. Às vezes é melhor falar a verdade do que acabar se atrapalhando numa mentira.
Fonte: GloboEsporte.com