Justiça manda soltar ex-jogador Roni, investigado por supostas fraudes em borderôs de jogos
O ex-jogador Roni, de 42 anos, foi solto na noite deste domingo pela Justiça, um dia após ser preso no sábado na partida entre Botafogo e Palmeiras, no Mané Garrincha, em Brasília, pelo Campeonato Brasileiro. O ex-atacante é acusado de fraude e sonegação de jogos que tiveram o mando de campo adquiridos pela sua empresa, a produtora Roni7.
A Polícia Civil do Distrito Federal apreendeu documentos, que ainda vão ser analisados para poder calcular o valor da fraude. O grupo é acusado de informar uma arrecadação menor do que a verdadeira para pagar menos taxas e impostos. Há indícios de fraude em ao menos quatro jogos que tiveram os mandos de campo adquiridos pela empresa do ex-jogador Roni, que foi preso sábado no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Além da partida de sábado, entre Botafogo e Palmeiras, outras três realizadas em fevereiro estão sob suspeita: Vasco x Fluminense, pelo Campeonato Carioca, no dia 2, em Brasília; Corinthians x Ferroviário, pela Copa do Brasil, dia 7, no Estádio do Café, em Londrina (PR); e Serra x Vasco, pela Copa do Brasil, dia 20, no Kleber Andrade, em Cariacica (ES). Cerca de outras 20 partidas realizadas desde 2015 também podem ter sido fraudadas.
Os documentos apreendidos ainda serão analisados para poder calcular o valor da fraude. O grupo é acusado de informar uma arrecadação menor do que a verdadeira para pagar menos taxas e impostos. Até o momento, a Polícia Civil trata os clubes e federações dos times que venderam o mando de campo como vítimas, uma vez que tiveram a arrecadação prejudicada, mas nenhuma linha de investigação está descartada.
Ao todo, sete pessoas tiveram a prisão decretada por 48 horas na operação deflagrada enquanto Botafogo e Palmeiras se enfrentavam. Não está descartada a possibilidade de pedir à Justiça a prorrogação das prisões.
Outros crimes
De acordo com a Polícia Civil, há indícios mais concretos de crimes de estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica e sonegação fiscal. Também há possibilidade de ocorrência de lavagem de dinheiro.
— Há indícios (de lavagem de dinheiro), mas está sendo melhor apurado. Há indícios desses quatro (crimes), faltando delinear alguma prova — afirmou o delegado Ricardo Fernandes Gurgel, diretor da Divisão de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária da Polícia Civil do DF.
Havia duas formas de fraude. Uma, divulgando um público menor do que o presente. Outra, comunicando um número maior de ingressos de cortesia do que de fato havia, o que permitia reduzir o valor da arrecadação. Com isso, eram pagas taxas e impostos menores, já que eles são calculados com base na renda do jogo.
As empresas de Roni, ex-atacante de Fluminense e Flamengo, organizavam o jogo e a venda de ingressos, tendo total controle sobre as informações de arrecadação, o que facilitava a fraude.
Em relação às federações das cidades que receberam as partidas, a apuração também prossegue para saber seu real envolvimento. Entre os presos no sábado está o presidente da Federação Brasiliense de Futebol (FBF), Daniel Vasconcelos.
Também foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão. A investigação começou em 2017.
— No estádio foram apreendidos computadores e HDs com o material da venda de ingresso do estádio, inclusive o banco de dados com as contas do borderô do jogo — disse o delegado Leonardo de Castro.
Ação sem atenção
No sábado, foram empregados 150 policiais na operação, chamada "Episkiros", dos quais 50 apenas no Mané Garrincha. O nome é uma referência a um jogo de bola na Grécia antiga. A ação da polícia no estádio ocorreu sem chamar a atenção do público.
— O sucesso da operação seria não só a prisão de todos os envolvidos e a busca do material de prova, mas também que ninguém que estivesse no estádio para assistir ao jogo notasse alguma ação da polícia — disse Leonardo de Castro.
Há dois jogos programados no Mané Garrincha em junho. Um é o amistoso entre Brasil e Qatar, dia 5, mas a Polícia Civil informou que a empresa de Roni não está envolvida na organização. A outra partida é entre CSA e Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, no dia 12. Segundo a Secretaria de Esporte do DF, essa partida não teve seu mando de campo comprado por Roni.
O EXTRA não conseguiu entrar em contato com funcionários da empresa do ex-jogador. A FBF informou que, por enquanto, não vai se manifestar.
Fonte: Extra Online