Treinador interino do Vasco em meio ao turbilhão de pressão política, dificuldades econômicas e profissionais do clube, Marcos Valadares, de 41 anos, se prepara para o quarto jogo consecutivo à frente do clube de São Januário. Em Manaus, enfrenta o Corinthians, de Fabio Carille, às 19h, na Arena amazonanense, pela terceira rodada do Brasileiro, sem saber o dia de amanhã.
Não faltou muito para a realidade de Marquinhos, como é conhecido na base, ser longe do Rio, onde também trabalhou e teve boa passagem pelo sub-17 e sub-20 do Fluminense. A boa campanha na Copa São Paulo de Juniores, com o vice-campeonato e boas exibições da equipe, despertou interesse no mercado de divisões inferiores no país.
Ex-coordenador da base da CBF, Erasmo Damiani, hoje diretor de futebol de base do Internacional, colocou Valadares entre os nomes preferidos para contratar para o sub-20 do Colorado. Chegou a fazer contato no início de março para o levar ao Colorado. Por motivos pessoais, o técnico seguiu a trajetória no Vasco. Pouco depois, assumiria o profissional na queda de Alberto Valentim.
- Eu o levei para treinar a sub-20 do Palmeiras no lugar do Diogo Giacomini. No dia que ia apresentá-lo, o Gilmar Rinaldi (então na CBF) ligou para o Paulo Nobre (à época presidente do Palmeiras) para me convidar para a CBF. Saí no dia que ele chegou, mas gosto muito do trabalho dele. Estava numa lista de treinadores que queria levar para o Inter - conta Damiani.
Rápida busca na internet exibe o currículo de Valadares. São nove trabalhos em clubes, entre eles o Fluminense (2012 a 2015), o sub-20 do Palmeiras e sub-20 do Cruzeiro, com títulos e boas campanhas. Contratado pelo Vasco no início de março de 2018, ele passou à frente de Ramon Menezes, ex-jogador do Vasco, contratado para auxiliar da comissão técnica permanente, pela maior experiência e pelo sucesso no trabalho de base.
Atual diretor de base do Vasco, Carlos Brazil já conhecia Valadares dos outros trabalhos em grandes clubes do futebol brasileiro. Marquinho, como muitos o chamam na base, se formou em 2004 pela UFMG em Educação Física e fez a Licença B de curso de treinadores da CBF, fica na ponta do trabalho de base do Vasco, que pretende unir metodologia de jogo do jogador de futsal de seis anos à beira do profissional, com os juniores.
- É um excelente treinador. Estudioso e que sabe armar times. Mas precisa de tempo para trabalhar - diz Brazil. - A direção viu o trabalho dele na base. Foi vice-carioca, semifinalista da Copa RS, da Copa do Brasil, vice na Copinha. É um trabalho referendado pelo clube, que vinha sendo executado com muito mérito.
Mineiro carioca
Diretor de base do Palmeiras, João Paulo Sampaio trabalhou com Marcos Valadares por seis meses. O baiano o define como "mineiro carioca", pelo jeito tranquilo, querido por quem o conhece, que gosta de cervejinha, churrasco e resenha com os amigos.
- Ele é bem didático, poucas vezes sai da zona de equilíbrio dele. Conversa bem com os atletas individualmente, deixa os times bem ajustados, agradáveis de se ver jogar. Faz alguns riscos, de mudanças de posição, que me agradam. Pegou um zagueiro chamado Carlos Vinicius, no último ano de sub-20. A gente viu que ele não era tão rápido, mas muito habilidoso e técnico e botamos de centroavante. Em 12 jogos fez 10 gols no Paulista sub-20. Depois, rodou, foi para Portugal e recentemente foi vendido para o Napoli, aos 23. Foi visão de Marquinhos - conta João Paulo.
Prática semelhante se repetiu com Lucas Taylor, que era atacante e foi escalado de lateral no Palmeiras. Hoje, depois de passagem pela Ucrânia, está de volta ao Palmeiras. No Cruzeiro, tirou Raniel da meia e o levou para o ataque. No Vasco, fez o mesmo com Moresche em 2018, que chegou a atuar profissionalmente pelo clube de São Januário.
Carlos Brazil espera o retorno de Valadares depois que o Vasco contratar novo técnico para o futebol profissional. Por enquanto, o auxiliar é quem comanda o time que perdeu no placar agregado por 4 a 3 para o Palmeiras na semifinal da Copa do Brasil sub-20.
- Não era o momento de efetivá-lo. Ele está de forma interina no profissional - lembra Brazil.
Fonte: GloboEsporte.com