Professores do Colégio Vasco da Gama reclamam de salários atrasados e coação de rede de ensino; ouça
Inaugurado em 8 de março de 2004, o colégio criado pelo clube visava facilitar a vida educacional dos atletas e conseguir conciliar o esporte com os estudos, porém ao longo dos anos, o espaço passou por transformações.
Desde 2015, sob a gestão do presidente Eurico Miranda, o Vasco fechou uma parceria ainda que de forma embrionária com a rede de ensino GPI, que ficou responsável à época por ceder material didático aos alunos do colégio.
Apesar da mudança de gestão em 2018, com o presidente Alexandre Campello assumindo a diretoria administrativa, os laços ficaram ainda mais fortalecidos com o acordo assinado em 5 de julho do ano passado, no qual estabeleceu-se que o GPI ficaria responsável por investir na estrutura do colégio além de ceder material didático aos alunos em troca da exposição de marca no uniforme cruzmaltino até 2022.
Com mais de 280 alunos, a transição no início do ano letivo já trouxe problemas com a demissão de professores contratados pelo clube e a chegada de novos educadores por parte da rede de ensino.
Em 5 de fevereiro, a Rádio Globo já trazia informações dos problemas enfrentados por professores que foram demitidos fora do prazo por lei e as possíveis irregularidades quanto ao piso de hora/aula dos atuais docentes.
Menos de um ano após a assinatura, o acordo entre Vasco e GPI porém, ganhou um novo capítulo. No último dia 26 de abril, o Vasco emitiu nota oficial comunicando notificação a rede de ensino por 'violação do contrato'.
Desde então, o Vasco reassumiu a administração do colégio e irá buscar o ressarcimento judicial pela exposição da marca nos uniformes do time profissional de futebol e em todas as demais mídias acordadas em contrato, sem que, no entanto, houvesse a devida contraprestação e retorno.
Se já não bastasse o problema jurídico, professores também denunciam problemas quanto a promessas não cumpridas pelo GPI, como por exemplo, contratos em CLT que não foram assinados, pagamento de hora/aula abaixo do piso da categoria, monitores (não formados) que davam aulas, infringindo a lei, sem um supervisionamento, além de condições estruturais na escola aquém do aguardado.
Procurado pela reportagem da Rádio Globo/CBN, Jorge Menezes Neto, CEO do Grupo GPI não atendeu nossas ligações e preferiu não se manifestar e adotar o silêncio após visualizar mensagens. Na última teça-feira, o Grupo GPI já havia emitido uma nota de repúdio afirmando que vai "contranotificar esta entidade esportiva em 14 pontos não cumpridos. Caso não seja atendido e para que o contrato seja preservado, o GPI buscará judicialmente o seu cumprimento bem como a devida reparação pela divulgação dos termos contratuais e a exposição da marca GPI."
A nota porém, não traz detalhes sobre atrasos salariais e irregularidades envolvendo o corpo docente do Colégio Vasco da Gama.
Ciente das denúncias contra a rede de ensino, o Vasco reassumiu a administração da escola e prometeu regularizar até 31 de maio a situação dos professores que permaneceram sem prejudicar o ano letivo dos alunos.
O GPI é uma das maiores redes de ensino do Rio de Janeiro com mais de 50 anos no mercado. Dos 23 profissionais demitidos pelo Vasco na transição, 17 foram procurados pela instituição, e seis aceitaram a proposta e foram recontratados como funcionários do GPI. Desde então, os professores afirmavam que a recontratação foi feita com valores inferiores aos recebidos quando trabalhavam para o clube.
Entre os mais diversos atletas do ensino fundamental e médio, passaram por lá jogadores como Phillipe Coutinho, Alex Teixeira, Alan Kardec, Josef de Souza Dias (Souza) e José Cestaro. Além do futebol, a escola atende atletas de outras modalidades como futsal, futebol feminino, basquete, atletismo, remo e paralímpico.
Fonte: Rádio Globo