Campeonato Brasileiro terá início neste sábado e contará com VAR pela 1ª vez
Sábado, 27/04/2019 - 16:30
O Campeonato Brasileiro começa neste sábado e, quando terminar, será a competição que mais vezes utilizou o árbitro de vídeo no mundo, segundo números da própria CBF. Com isso em mente, o GloboEsporte.com resolveu preparar um guia detalhado explicando tim-tim por tim-tim o recurso que vai estar presente em todos os 380 jogos do Brasileirão.

Para quem não sabe o que é VAR, um breve resumo: o árbitro assistente de vídeo, VAR na sigla em inglês, serve para auxiliar o árbitro de campo. Nas palavras do protocolo aprovado pela Fifa, "assistência por vídeo procura detectar erros claros e óbvios em situações que possam modificar o resultado de um jogo". São elas.

- Gol
- Pênalti
- Cartão vermelho direto
- Confusão de identidade

Portanto, quando acontece algum dos lances descritos acima e o juiz tem uma ação diferente da que deveria ser correta (validou um gol irregular, não marcou pênalti claro, ou deu cartão amarelo para a pessoa errada, por exemplo), o VAR entra em ação.

Essa conversa entre o árbitro central e o de vídeo é realizada pelo ponto eletrônico e microfone que todos os membros da arbitragem têm. Para sinalizar que está acontecendo uma checagem de determinado lance, o juiz coloca uma mão no ouvido e estica o outro braço, pedindo para os jogadores esperarem e não colocarem a bola em jogo.

Princípios básicos do VAR

- Somente o árbitro pode iniciar uma revisão;
- A decisão final será sempre tomada pelo árbitro central;
- O árbitro permanecerá visível durante todo o processo de revisão para garantir a transparência;
- Não existe nenhuma pressão para agilizar uma revisão, a precisão é mais importante que a rapidez;
- Uma partida não será anulada por motivos de mal funcionamento da tecnologia, nem por decisões incorretas relacionadas ao VAR, ou por uma decisão de não revisar o incidente;
- Os jogadores e comissão técnica não devem tentar interferir no processo de revisão. Um jogador que fizer o sinal de TV insistentemente será advertido com o cartão amarelo;
- Se o jogo for reiniciado depois de uma interrupção, o árbitro não poderá mais realizar uma revisão, exceto em casos de confusão de identidade ou uma possível infração passível de expulsão por conduta violenta.

Abaixo, listamos em quais casos o VAR deve aparecer; quando ele não tem que aparecer; e respondemos algumas dúvidas

Gol (VAR atua)

- Posição de impedimento na jogada de criação do gol (somente no lance que gerou o gol);
- Infração da equipe atacante na jogada de criação do gol (qualquer falta não marcada);
- Bola fora do campo antes do gol (verificar se a bola saiu das quatro linhas ou não);
- Gol/não gol (verificar se a bola entrou inteira);

Mas e se...

Um jogador recebe uma bola em impedimento, o assistente não marca a irregularidade e esse jogador sofre uma falta. Na cobrança, o time que está atacando marca o gol. O VAR tem que sinalizar que o jogador estava impedido?

- Não. Por mais que um lance tenha gerado o outro, eles são independentes no olhar do protocolo do VAR. Foi o que aconteceu no primeiro gol da vitória do Flamengo em cima do Vasco por 2 a 0. Gabigol recebe um lançamento impedido, o assistente nada assinala, e o atacante rubro-negro sofre a falta. Na cobrança, saiu o gol. Porém, como não há nenhuma irregularidade no lance do gol, o árbitro de vídeo nada pôde fazer.

Um time comete um pênalti, o juiz não marca e no lance seguinte esse mesmo time puxa um contra-ataque e marca um gol. Vale?

- Não vale. Nesse caso, o juiz anula o gol e ainda marca o pênalti para a equipe que teria sofrido o gol se não houvesse árbitro de vídeo. Caso houvesse uma paralisação na jogada, o árbitro teria que marcar o pênalti antes que o jogo reiniciasse.

Pênalti (VAR atua)

O VAR impede decisões claramente erradas sobre a marcação ou não de um pênalti;

- Pênalti erroneamente assinalado;
- Pênalti não assinalado;
- Falta ou impedimento antes da jogada de pênalti, cometido pela equipe atacante;
- Bola fora de campo antes da jogada de pênalti

Mas e se...

For uma questão interpretativa do árbitro?

- Nesse caso o VAR deve sugerir a revisão do lance somente se o árbitro central não tiver visto o que aconteceu dentro de campo. A orientação da Fifa é que lances de interpretação não sejam interrompidos. Se for um erro claro não é caso de problema na interpretação.

CARTÃO VERMELHO DIRETO (VAR ATUA)

O VAR impede decisões claramente erradas relativas à expulsão de um jogador:

- As revisões limitam-se a expulsões diretas e não ao segundo cartão amarelo;
- O VAR observa uma falta de expulsão clara que não foi detectada pelo árbitro.

Essa é a única situação que o árbitro pode dar um cartão vermelho mesmo depois de a bola ter sido reposta em jogo. Ou seja, se um jogador cometer alguma agressão que seja para vermelho direto, o jogo parar e voltar, ainda assim o árbitro pode ser avisado pelo VAR sobre o que aconteceu e expulsar o atleta.

Mas e se...

O juiz marca uma falta que não seja para cartão amarelo, mas ainda assim ele o aplica e este acaba sendo o segundo amarelo de determinado jogador?

- O VAR não deve interferir porque o protocolo afirma que ele deve ser utilizado somente em casos para vermelho direto. O que pode passar a acontecer é o juiz ser chamado para olhar um possível lance de expulsão (que claramente não é) apenas para aplicar um cartão amarelo que ele pode ter deixado passar batido.

Um jogador agride o adversário, o juiz não vê e o VAR não acusa no momento. No decorrer da jogada, esse mesmo agressor é determinante para marcar um gol. O que o árbitro faz?

- Se o VAR avisar o árbitro que há uma irregularidade antes do reinício da partida, o agressor é expulso e o gol anulado. Porém, se a bola voltar a rolar sem o cartão vermelho, vale o gol e o jogador é expulso.

CONFUSÃO DE IDENTIDADE (VAR atua)

Se o árbitro advertir com cartão amarelo ou expulsar um jogador erroneamente, o VAR auxiliará o árbitro para que o jogador correto possa ser identificado e sancionado.



Fonte: GloboEsporte.com