Alberto Valentim destaca cuidado ao representar o Vasco e fala sobre seu início no clube
Alberto Valentim é o cara do Vasco. Em muitos casos, a cara do Vasco. A convite do Esporte Espetacular, o técnico de 44 anos aceitou o desafio de ser modelo fotográfico por um dia. Conhecido também pela fama de galã no futebol, o treinador ressalta que a importância da preocupação com a imagem vai além de vaidade pessoal ou cuidado com a saúde.
- Você apresenta uma imagem do clube também, de uma instituição. Estou no Vasco hoje, um dos maiores clubes do Brasil. Eu tomo cuidado com isso. Estou representando o clube naquele momento (o jogo), todo o departamento do futebol. O treinador é uma figura importante dentro da cultura de um clube. Então preciso passar uma imagem positiva - disse Alberto Valentim, em um estúdio fotográfico na Zona Sul do Rio.
Nessa entrevista, Valentim disse que "não quer ficar um técnico barrigudo", mas não abre mão da sua cerveja. Falou sobre os ídolos Chitãozinho e Xororó, os gostos de vestuário, o prazer de correr e pedalar, e a admiração pelo trabalho de Maurizio Sarri, do Chelsea (ING).
Mas o assunto dominante foi, obviamente, o Vasco. Dos 102 jogos que Alberto Valentim tem como técnico profissional, 35 foram no comando do time. É a equipe que ele mais vezes dirigiu na carreira.
Até agora neste ano foram 17 jogos: 12 vitórias, três empates e duas derrotas. O Vasco chegou a ficar 13 partidas seguidas invicto. Faturou a Taça Guanabara. Neste domingo, tem a decisão da Taça Rio contra o Flamengo. Em caso de novo título, o Vasco estará garantido na final do Estadual. Valentim ressalta que o time ainda está em evolução.
- A gente está crescendo, melhorando na fase defensiva, que já é um ponto forte nosso, e também na ofensiva, a cada jogo. A fase ofensiva estava um pouco atrasada, porque nossos jogadores precisaram de um pouco mais de tempo para se condicionarem fisicamente. Sempre falo para os jogadores que precisamos melhorar um pouco a cada dia. Quando digo que o time precisa melhorar, quero dizer que precisa corrigir erros que estão sendo cometidos e repetir as coisas boas.
Na visão do técnico, um elemento fundamental para o crescimento do desempenho do time é a competitividade. Aqui, o fator-chave é a boa gestão do elenco, no que diz respeito ao aspecto emocional. Saber lidar com eventuais insatisfações e explicar as escolhas tomadas.
- O ponto de partida que falo para eles: honestidade e transparência. Não posso fugir disso. Não conto historinha para jogador, para motivá-lo, para que não fique triste ou p... da vida se não for jogar. Sou muito transparente. Sou muito parceiro, mas cobro muito. Sempre tive um carinho grande por todos os jogadores com quem trabalhei.
Apesar dos bons números na atual temporada, o Vasco passou a ser mais criticado após o primeiro clássico contra o Flamengo, já pela Taça Rio. As vaias e os xingamentos foram fortes nos confrontos contra o Avaí, pela Copa do Brasil, e Cabofriense e Bangu, pelo Campeonato Carioca. Na semifinal da Taça Rio, houve mais apoio. Como achar o equilíbrio no relacionamento com a torcida?
- É procurar fazer sempre o melhor para o clube. Entendo o torcedor, na maioria das vezes ele é movido pela emoção, pela paixão, mas a gente precisa ser muito frio, trabalhar com a razão. Eu estou dia a dia no clube com os jogadores, sei quais estão se destacando primeiro nos treinos e depois levando isso para os jogos. O torcedor é muito importante para que depois todo o trabalho venha fortalecido. Ainda mais se tratando de Vasco, que tem uma das maiores torcidas do país - comentou.
"Tenho uma qualidade que é procurar aprender sempre, considero essa uma grande qualidade minha. E esse é um aprendizado diário, ser treinador. As críticas, quando são construtivas, não tem coisa melhor para você aprender. Estou apenas começando a carreira"
Confira abaixo outros trechos da entrevista com Alberto Valentim.
Olhando para trás agora, como você avalia o seu início no Vasco?
- O início foi muito difícil, cheguei no meio do Campeonato Brasileiro, com pouco tempo de treino. Tenho a minha filosofia de trabalho, que é diferente dos treinadores anteriores. Para os jogadores pegarem isso, com jogo em cima de jogo, fica difícil. Ainda mais em se tratando de Vasco, um clube grande, que estava numa situação desconfortável na tabela. Terminamos bem o ano passado, bem no sentido de termos permanecido na Série A. Graças a Deus as coisas têm sido bem diferentes, por ter começado o trabalho desde a pré-temporada.
O que mudou no Vasco para 2019?
- O ponto de partida foi reforçar o elenco. Como? Primeiro, garantindo a permanência neste ano dos jogadores mais importantes, os pilares. Depois, contratações pontuais. Começar o trabalho com uma pré-temporada já com a maioria dos jogadores conhecendo o meu trabalho e eu conhecendo eles, isso acelera muito o processo para as coisas irem caminhando como eu quero. Hoje a gente vê o Vasco com um padrão de jogo, vê um time organizado, tem uma ideia clara de jogo. Isso é muito consequência do fato de eu ter continuado o trabalho do ano passado.
Você viveu por mais de oito anos na Itália quando jogador. Além disso, teve outras experiências por lá, já como treinador, em viagens em 2010, 2012 e 2016. O que trouxe do futebol italiano?
- Não podemos deixar de unir as duas escolas, são duas escolas riquíssimas. Estamos falando aí de nove títulos mundiais. A nossa qualidade técnica, do jogador brasileiro, do improviso, unida à escola italiana, da organização tática, do sistema defensivo, da disciplina...
Entre os jogadores do Vasco, a imagem de Valentim também é positiva. Recentemente, um áudio do zagueiro Werley foi vazado. Nele, o atleta teceu inúmeros elogios ao treinador, a quem tratou como um dos melhores com quem trabalhou. Abaixo, o GloboEsporte.com listou algumas declarações de atletas cruz-maltinos sobre ele:
Lucas Santos
- O Valentim é um cara sério, muito trabalhador. Os treinamentos são bem objetivos, intensos. Um período curto mas com uma intensidade muito grande. É um cara que tá aberto pra te ouvir, e ao mesmo tempo pra te ensinar. Foi quem me subiu para o profissional, me deu essa oportunidade.
Fernando Miguel
- Alberto pra mim está entre os melhores com quem já trabalhei. Vejo no trabalho dele idéias claras e pra todos. Além de ser muito humano e atento a tudo que cerca o ambiente de trabalho, eu particularmente tenho crescido muito com as idéias de jogo que ele tem implantado aqui no Vasco. Posso dizer que me tornei um profissional melhor com o trabalho do Alberto.
Bruno César
- Já pude trabalhar com o Valentim no Palmeiras quando ele era auxiliar. Na Europa a gente mantinha contato. Ele me perguntava como era trabalhar com o Jorge Jesus (ex-técnico do Sporting). Esse começo de ano mostrou que ele é um excelente treinador, um dos melhores que pude ter. É um método de trabalho, intensidade nos treinos. Não importa quem seja, o cara tem que estar bem para jogar. Ele é bem correto.
Fonte: GloboEsporte.com