Coordenador técnico da base, Eduardo Hungaro fala sobre o seu trabalho no Vasco
Quarta-feira, 06/03/2019 - 19:33
Eduardo Hungaro tem uma longa história no futebol. No entanto, desde o fim de outubro, quando chegou ao Vasco, ele vem tendo uma função nova: a de Coordenador Técnico. Ao lado de Marcos Patinho e Tuninho Barroso, Hungaro divide a coordenação técnica das categorias de base vascaína e mostra felicidade com o trabalho que vem sendo realizado. O investimento na formação de grandes jogadores vem sendo uma das prioridades da atual gestão e o coordenador mostra muita confiança que em médio e longo prazo ela renderá ótimos frutos ao Gigante da Colina.

- Cheguei no fim de outubro, com o processo já em andamento, encontrei um trabalho muito bem planejado. Aqui no Vasco somos três coordenadores técnicos e o Próspero Paoli como coordenador metodológico. Eu dividiria essas funções como a parte cerebral, de pensamento estratégico do que se aplicar nos treinos, de como a gente pode formatar esse modelo de jogo através de um perfil de jogador adequado. Até porque não se pode pensar num modelo de jogo se o perfil não estiver adequado ao que o Vasco precisa atualmente - disse Hungaro, antes de explicar como a estrutura da coordenação técnica na base:

- Somos três coordenadores técnicos: Marcos Patinho, dos 6 aos 10, no que chamamos de etapa inicial. Na etapa básica, dos 11 aos 14, temos o Tuninho Barroso, outro ex-treinador, com longa experiência. E eu na de alto rendimento, dos 15 aos 20. Na verdade, o nosso papel, que também tem interferência na coordenação metodológica, é ver a aplicabilidade disso e dar caminhos, através da experiência que temos no futebol. Seja conversando com treinador, auxiliares ou atletas. Sugerindo plataformas de jogo mais adequadas aquele grupo de atletas. Aproveitamos para conversar sobre definição de equipe que vai jogar, formação para esse ou aquele jogo, nós participamos das preleções, do intervalo dos jogos.

Para muitos torcedores, a função do coordenador é de difícil entendimento. Técnico de futebol por muitos algumas décadas, Eduardo Hungaro traz a experiência no contato com os atuais comandantes das categorias de base do Cruzmaltino e explica, de forma didática, como funciona o dia a dia de um coordenador:

- É quase como um segundo treinador, sem ter a tarefa da última palavra. Com a visão fora do campo. Conseguimos enxegar com mais clareza. Não sou mais treinador, mas estive na função até bem pouco tempo e muitas vezes, por estar envolvido no processo, tem situações que você não consegue perceber. É o papel da equipe de trabalho toda. Na função de coordenação, tem uma possibilidade maior por estar acompanhando todos os grupos. Se tem a capacidade de perceber como a situação está caminhando. É uma função bacana. Tinha o pensamento de fazer isso daqui uns seis, sete anos mais a frente, mas recebi o convite do Vasco, que muito me honrou. Estou muito feliz na função e adaptado. Tenho muita satisfação com a qualidade do trabalho que vem sendo feito aqui.

CONFIRA OUTROS PONTOS DA ENTREVISTA

FORMAÇÃO TOTAL
Outra parte da função do coordenador técnico é tentar juntar todos os serviços da comissão técnica (fisiologia, preparação física, psicologia, nutrição...) nessa formação. A melhor resposta que posso dar é o que aconteceu na Copa São Paulo. Éramos 16 profissionais de áreas diferentes atuando e lembro bem das palavras do Brazil, ressaltando que Copa São Paulo se ganha assim. Quando a bola entra no gol, muita gente trabalhou, foi importante, planejou, executou, discutiu, debateu e isso tudo eu vejo no Vasco. Não há vaidade. Há um sentido de trabalho muito bem feito, com todos atuando em prol do clube.

FUTURO DA BASE
Posso falar com um pouco de experiência, já que comecei a trabalhar com futebol em 1983. É uma receita infálivel. O que vai se produzir aqui, em médio e longo prazo, o grupo de 15, 16, 17 anos e até o grupo do sub-20, que já apresentou o resultado... o melhor resultado virá dos garotos que estão começando agora, os miúdos, de 5, 6, 7 anos. Hoje o Vasco tem uma forma bonita de jogar. É quase uma obrigação nossa fazer um jogo bonito. Jogo sem inspiração pode até trazer resultado, mas é entediante. O jogo bonito provoca o sentimento que foi provocado no sub-20. Não ganhamos a competição, mas ganhamos muito mais coisa. Todo o processo vivido lá, a união absurda. Há um carinho especial. Aquela forma bonita e competitiva de jogar é a convicção de que podemos apresentar um futebol bonito e competitivo. É uma tarefa da metodologia e da coordenação técnica. A metodologia pensa, debate conosco. Vale ressaltar que encontrei um bom trabalho do Alexandre Gracelli, profissional excelente. Peguei o processo encaminhado e é um trabalho que tem que ser creditado. Temos que ter esse pensamento, essa execução e não tem como ser diferente em termos esportivos.

EQUIPE DE TRABALHO
Não tinha outra expectativa. Esperava pegar um grande trabalho por conta das pessoas que estavam aqui dentro. O Carlos Brazil é um gestor extremamente competente, com ótimos trabalhos realizados, o Próspero eu conheci aqui, mas sabia da qualidade do profissional, o Tuninho Barroso foi um adversário duro por muito anos, o Patinho é uma pessoa bastante conhecida no futsal. Quando ouvimos falar do Celso Martins, no sub-17, Marcos Valadares, no sub-20, Dudu Patetuci no sub-15, os treinadores das categorias mais baixas tem muita qualidade. Quem faz o trabalho são as pessoas. Quem faz o trabalho é o ser humano. Há um ambiente muito bacana aqui. Existem diferenças, problemas, é lógico, mas o ambiente é ótimo. E há trabalho. Nunca vi o trabalho diminuir, desde que cheguei. Há volume e há qualificação. Chego às 7h e sai 19h30 e não me sinto cansado. Os bons resultados aconteceram, não houve acomodação e a tendência é que 2019 venha com um desempenho melhor. Quando falamos de resultados pensamos logo em ser campeão, título. A Copinha é um exemplo. Queríamos muito ser campeões. Mas o resultado lá foi muito bom. O processo é individual no início e no final. O menino entra aqui individualmente e vai bater no profissional individiualmente. Há o processo coletivo dentro e fora do campo, que é onde se produz resultado. Não tem como essa matemática dar errado.



Fonte: Site oficial do Vasco