Coordenador metodológico Próspero Paoli fala sobre trabalho implementado no Vasco
Desde janeiro do ano passado, o Club de Regatas Vasco da Gama reformulou as categorias de base. Nesta reformulação, foi criada a função de Coordenador Medológico, função ocupada por Próspero Paoli, que gerencia a metodologia de treinamento e modelo de jogo desde o sub-6 até o sub-20 do futebol vascaíno. Em um papo om o Site Oficial, Próspero falou sobre a função e como vem implementando este trabalho em São Januário.
- Temos a função de coordenar esse processo, tanto da proposta de jogo do Vasco, o modelo de jogo. A questão da estruturação dos treinos e tudo aquilo que envolve a metodologia, não só da estruturação, mas também da aplicação desse treino. Isso vai dos seis aos 20 anos. Trabalho alinhado com os coordenadores técnicos. Eu cuido do modelo de jogo, da proposta metodológica, da estruturação dos treinos, mas o coordenador técnico está no dia a dia no campo. Ele quem faz esse link com as comissões, está presente, cuida do jogo. É tudo linkado. Não existe um trabalho separado do outro. É complementar - explica Próspero.
Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) por 34 anos, Próspero atualmente é instrutor da CBF Academy e da CONMEBOL, além de coordenar o curso de pós-graduação Lato Sensu em Futebol da UFV. O profissional explica como vem realizando o trabalho neste curto período desde que chegou ao Vasco e mostra como dividiu a metodologia da base em três fase: Inicial (6 até 10 anos), Básica (11 até 14 anos) e Alto Rendimento (15 aos 20 anos):
- Nós dividimos a base do Vasco em três formações. A inicial, que vai dos 6 até os 10. A formação básica, que vai dos 11 aos 14 e a formação de alto rendimento, que vai dos 15 aos 20 anos. É aí que entra o Futsal. Quando chegamos no clube, ele estava num departamento a parte, o Infanto-Juvenil. Em julho, quando se deu o processo inicial de integração, eles usavam os mesmos atletas, com treinadores diferentes, competiam ao mesmo tempo e não existia essa integração. Principalmente de conteúdos. Integramos o Futsal ao futebol de base. Os mesmos treinadores passaram a ser do campo e na quadra, trabalhando e compartilhando conteúdos, princípios e comportamentos. Percebemos ao longo do segundo semestre que os meninos evoluiram muito, desde o sub-6. Essa é a formação inicial. Na formação básica, é a transição para a que chamamos de alto rendimento. Essa metodologia foi passada tanto para todos os envolvidos no processo: coordenação técnica, captação, Centro de Inteligência e Análise, os treinadores, preparadores físicos, supervisores... todos conhecem a proposta de jogo. Acima de tudo é como nós vamos formar esse jogador. Isso que vale para o clube.
PLANEJAMENTO
No Vasco hoje existe um planejamento verticalizado, dos 6 aos 20 anos. Vamos cumprindo ciclos. Cada formação dessa tem uma especificidade de conteúdos. Dos 6 aos 10 anos, há uma preocupação muito grande com os aspectos coordenativos. A prioridade é coordenar o melhor possível. A parte técnica está diretamente ligada a isso. Consequentemente, entra o aspecto tático, pois posso pensar e ter a solução para o problema, mas a técnica não deixar executar. Dos 11 aos 14, continuamos dando ênfase ao coordenativo, mas priorizamos mas o aspecto técnico, individualmente. Na formação de alto rendimento, a preocupação é com conteúdo, mas aí a competição passa a regular este trabalho. Os jogos acabam interferindo na formatação dos microciclos. Outro detalhe é que hoje todas as comissões do sub-6 ao sub-20 tem que enviar semanalmente os microciclos com os treinamentos. É interessante porque todos tem que saber o que vai acontecer.
TRANSIÇÃO
Isso acontece em todas as categorias. Quando pegamos o sub-10 que foi para o sub-11, o sub-14 que foi para o 15, essa transição foi muito boa. Por ser um trabalho linkado. Apesar das categorias terem suas especificidades, é o que digo, o treinador é muito importante neste processo. O Vasco hoje tem uma proposta de jogo e treino. Mas o dia a dia é do treinador. Temos que respeitar a personalidade dele. O jeito dele expor isso aos atletas, a forma de comunicação com os atletas. Ele tem liberdade total. Minha interferência, quando recebo o microciclo, é miníma. O que observo do exercício, é a componente: se é tática, técnica, física ou coordenativa, com o conteúdo que ele vai trabalhar, o objetivo alegado. Ela tem que estar ligada com isso. As reuniões metodológicas e técnicas são muito importantes. Os encontros são com todas as comissões e todo mundo fica sabendo o que todo mundo está fazendo.
CARATERÍSTICAS DE JOGO
O Vasco hoje é protagonista. Todas as equipes são organizadas, desde o momento que recupera a bola, quando entra aquele momentinho do jogo que é a transição ofensiva. No momento que conseguimos fazer isso bem feito, entramos numa etapa chamada construção, depois a criação até chegar na finalização. Priorizamos que o Vasco jogue de forma organizada. Seja o protagonista do jogo. Imponha o controle e ritmo de jogo, sem e com a bola. O jogo de futebol é circunstancial. O Vasco não vai ter a posse de bola apenas por ter a bola. A nossa proposta, que está bem impregnada é chegar no gol adversário. Quanto mais rápido melhor. Só não podemos confundir rapidez com desorganização. Nos treinos é necessário estimular os nossos atletas a leitura e a interpretação para entender o jogo. Se o adversário nos deixar verticalizar o jogo, vou fazer isso. Isso é bom também. O Vasco quer valorizar, manter a bola e acima de tudo, formar o jogador inteligente, com capacidade cognitiva, mental, para entender os jogos. Não quer dizer que o time nunca vá sofrer. Mas até nesse momento, você tem que entender. Naquele momento em que se baixa o bloco, dá a falsa impressão de que ele está com o controle do jogo. É nesse sentido.
FORMAÇÃO
No futebol de campo, o atleta não tem o campo todo para jogar. Lateral-direito tem um corredor para jogar, setores do campo para jogar. O futebol é cada vez mais disputado por pequenos setores. Sob uma pressão muito forte do adversário. O jogo de futebol, na verdade, é um jogo de tática, de técnica e de grupo. É um contra o goleiro, 1x1, dois contra o goleiro, 2x2, 3x3. É aí que entra a importância do futsal. Espaço reduzido, onde alguns comportamentos serão importantes quando eles chegaram na fase de alto rendimento. O futsal permite isso. Pensamento rápido, tirar a bola da pressão. Perder a bola e voltar rápido. Dá para trabalhar, com um foco grande nas capacidades coordenativas. Muito trabalho de passe, condução de bola. Aos 11 anos, já começamos a nos preocupar com o aspecto tático, do campo grande. Transições defensivas e ofensivas. Sem deixar o aspeto técnico. O fator técnico é essencial. Quando ele bater no profissional, é isso que vai determinar. Individual de resolver a situação. Hoje está muito claro para nós. Naquilo que queremos para o Vasco. Se tivermos um ciclo de seis anos, o jogador que está no sub-10 hoje, será o sub-16. Mantendo um percentual de 50%, 60% de grupo de 35 atletas, teremos cerca de 20 atletas com seis anos de clube. Independente do treinador, como já aconteceu. É normal terem essas mudanças. Mas não há perda de continuidade dos conteúdos. Quem entra sabe o que o outro estava fazendo e dá continuida ao processo.
Fonte: Site oficial do Vasco