Gerente da base Carlos Brazil analisa seu 1º ano de trabalho no Vasco
Segunda-feira, 04/03/2019 - 13:44
No fim de janeiro de 2018, o Vasco acertou a contratação de Carlos Brazil para ser o Gerente Geral do futebol de base do clube. Desde então, Brazil trabalhou em diversas frentes. Reestruturou as categorias de base, desde o Sub-6 até o Sub-20, criou uma metodologia de trabalho respeitando um modelo de jogo para todas as categorias e conseguiu bons resultados já no primeiro ano em São Januário. Dos 23 títulos disputados, os Meninos da Colina venceram 13. Mas o dirigente ressalta que vencer é importante, mas o foco é formar.

- Os principais jogadores já estão aqui. Nós fazemos a captação mais forte nas idades inferiores. Nós temos que trabalhar com a formação, não contratação de jogador. Somos muito preocupados com isso. Evidentemente que pontualmente vai aparecer um ou outro jogador, como foi o caso do Tiago Reis, que chegou e foi muito positivo para o clube. Outros vão chegar, mas procuramos dar prioridade para os meninos formados aqui - explica Brazil.

Na base, uma das maiores dificuldades para os atletas é a transição, já que as mudanças de categoria são constantes. Ano a ano. Para melhorar este processo, o Cruzmaltino criou uma metodologia técnica para todas elas. Desde os seis anos, eles aprendem como o Vasco deve jogar e entendem o modelo de jogo. O que muda é o olhar de cada treinador para características individuais de cada atleta.

- Acho que o aspecto da transição de categoria para categoria tem a ver com a metodologia técnica que foi criada para todas as categorias. Os meninos, desde os seis anos, começam a receber esse tipo de conhecimento. Já vão entendendo como é o jogo do Vasco, como o Vasco deve jogar, o modelo de jogo adotado por todas as categorias. Na Copa São Paulo, por exemplo, os meninos do Sub-17 que foram inscritos chegaram e jogaram naturalmente. Porque a categoria que eles vieram atua de forma muito parecida com o Sub-20. Muda sistema de jogo, que é de cada treinador, de acordo com a característica de cada jogador. Isso facilita a transição - disse Brazil, completando sobre os garotos da base que já integram o elenco profissional:

- Fico muito feliz que no elenco profissional o Alberto Valentim venha adotando esse tipo de modelo. Posse de bola, procurando comandar o jogo. Acho que isso é legal, porque até nesta transição para o profissional, os meninos formados na base vão ter facilidade. Os que subiram tem ido muito bem, como o Marrony, o Lucas Santos, enfim... todos que vem recebendo oportunidades estão dando conta do recado.

Confira outros pontos da entrevista com Carlos Brazil:

DESEMPENHO EM 2018
Não conquistamos títulos nas categorias mais velhas, mas tivemos excelentes resultados. Vamos considerar até a Copa São Paulo como encerramento da temporada, porque é o fechamento do ciclo. Fomos vice-campões na Copinha, semifinalistas na Copa RS, competição muito difícil, com grandes clubes disputando. Na Taça BH Sub-17, saímos na semifinal invictos, perdemos no pênaltis. Na Copinha Sub-14 também saímos invictos, novamente perdendo nos pênaltis. Quartas de final na Copa do Brasil Sub-17 e Sub-20... os resultados foram muito bons, apesar de não consideramos isso como mais importante na base. Também é legal, porque estamos formando vencedores. Em 2018, sem considerar a Copa São Paulo, disputamos 23 campeonatos e conquistamos 13 títulos. É um balanço positivo e é legal que eles vão entendendo que é bom ganhar.

OBJETIVOS EM 2019
Melhorar cada vez mais o processo. Acho que o grande objetivo no ano passado foi exatamente criar a metodologia, trazer recursos humanos para o Vasco. Já possuíamos grandes profissionais aqui, mas entendemos que precisávamos ter mais qualidade em alguns aspectos. Aproveitamos muita coisa que já existia no clube que era boa e melhoramos. Isso faz parte do processo. Amanhã vão entrar outras pessoas, com novas ideias e isso faz parte com o decorrer do tempo. O recurso humano, de qualidade, faz com que o trabalho siga muito bom. Para o primeiro ano, onde precisamos criar uma nova metodologia, trazer coordenadores técnicos, que não existia, um coordenador metodológico, que não existia, independente da troca de treinadores e preparadores físicos, houve uma reestruturação pessoal para algumas funções que não existiam no clube.

DIVISÃO POR IDADE
Quando cheguei ao Vasco, a base era divida como categorias: pré-mirim, mirim, infantil, juvenil e juniores. Não existe mais isso. Hoje é tratado por idade. A única categoria que tem três anos de nascimento é a Sub-20, o restante é desde os 6 anos até 17 por ano. A gente precisou formar uma comissão técnica por ano. Logicamente que isso qualifica e tem um investimento maior da presidência, que está nos dando total apoio desde o início, considerando que a base é um investimento e não um custo. Precisamos fazer uma reformulação no setor análise de desempenho, que no Vasco é o Centro de Inteligência e Análise. Tínhamos poucos analistas, hoje temos praticamente em todas as categorias. Na captação tinham três ou quatro pessoas trabalhando, hoje são quase 20. Houve um crescimento neste sentido, trazendo gente de qualidade e aumentando o trabalho de modo geral. Acho que no decorrer desse ano, é dar continuidade a esse trabalho e colher resultados. Os profissionais e jogadores já entenderam o processo e a metodologia. Prova disso é que fomos pra Copa São Paulo com quase 20 membros de comissão técnica. Levamos praticamente o Vasco para lá. Houve o entendimento e não à toa chegamos a final da competição.

ESTRUTURA
Ano passado o Vasco treinava em vários locais diferentes. Hoje temos um Centro de Treinamento da base, que mesmo sendo alugado, é da base. Tem uma referência, os meninos sabem que treinam ali, isso é muito importante para os pais. No começo escutávamos muitas reclamações dos pais sobre essa alternância de locais, que dificultava o planejamento deles. Isso acabou. Hoje eles conseguem trazer o filho sabendo o horário e onde vão treinar.

FUTSAL
O Presidente pediu para que a gente integrasse o futsal com o futebol de campo. Eu achei muito bom. Mas pegamos setembro, outubro, novembro e dezembro, aquele finalzinho do ano, então acho que esse ano o nosso projeto e a metodologia de treinamento, não só de jogo, se consolida e ela beneficia os jogadores. Os resultados tendem a ser melhores. Falando especificamente do futsal, eles chegam aqui com 5 anos de idade e a gente tem todo um cuidado na questão futsal-campo. Fizemos uma experiência no fim do ano passado que não foi muito positiva, que foi ter o Sub-12 e Sub-13 só jogando campo, não acabando no futsal, mas com outros jogadores ocupariam essa função. Isso não foi positivo e não tem nada muito rigoroso com o que tem sido feito no clube. Cria-se algo e aquilo não dá resultado, você revê. No 10 e no 11, tivemos bom desempenho com os garotos jogando no campo e no futsal, com a mesma comissão técnica. E no 12 e 13, fizemos com comissão diferentes e jogadores diferentes e comparamos os resultados. Não o de campo, mas o da formação. Porque muitas vezes você pode bater campeão, mas o resultado da formação não ser legal. Esse ano, do Sub-6 ao Sub-13, as comissões são as mesmas. No decorrer da idade, vão diminuindo os treinos no futsal e vai aumentando o número de treinos no campo. A metodologia treinada na quadra atende ao campo também. O futsal é um processo importantíssimo na formação do atleta.

CAMPO REDUZIDO EM CATEGORIAS MENORES
Temos um movimento de clubes formadores do futebol brasileiro. Isso foi criado em 2011 e eu fui até o primeiro presidente. Hoje sou diretor. É um movimento que trabalha pela base. Esse movimento trabalha pela base, dos gestores de base dos clubes e esse ano conseguimos uma coisa muito positiva, uma iniciativa até nossa, que os clubes de modo geral aceitaram. O Sub-8 e Sub-9 jogam em campos reduzidos com números menores de jogadores. Para que eles peguem mais na bola e tenham mais oportunidades. Aumentamos o tempo de jogo de 20 para 25 minutos para oportunizar mais meninos. Eles treinam futsal e treinam campo nas medidas que vão atuar. O jogo é um pouco diferentes, mas nem tão diferente, já que se tira só um ou dois jogadores. Fazer campo reduzido com 10 na linha? Normal. Porque aí já é a transição para o Sub-11 e Sub-12, que atuam num campo maior, mas com traves reduzidas. Foram vitórias que conseguimos esse ano porque víamos o Sub-11 em São Januário, como vimos a final entre Vasco e Flamengo. O futebol avançou bastante. O Sub-11 hoje não é o mesmo que seis anos atrás. Mas ainda é uma crueldade colocar para jogar num campo tão grande. O goleiro então. Nós conseguimos isso junto a federação e aos organizadores. É uma pena que a federação de futsal não entenda bem o número de inscritos. Só deixa inscrever 18, enquanto trabalhamos com 25 em cada idade. Até 11 anos entendemos que é obrigatório futsal e campo. No 12 e no 13 atua na quadra quem quer.

CALENDÁRIO DA BASE
Quanto mais jogos, melhor. Nós ficamos até correndo atrás de competições para jogar. O ideal era até levar os meninos para o exterior. Isso dá uma experiência grande, mas nem sempre é possível por conta de orçamento. Hoje nós estamos pedindo muito por competições Sub-16, só temos um torneio no Rio de Janeiro.



Fonte: Site oficial do Vasco