Torcedora capixaba que enfrenta grave doença e visitou São Januário fala sobre paixão pelo Vasco
Quarta-feira, 20/02/2019 - 16:34
No futebol, durante os 90 minutos em que dois times se enfrentam, os jogadores encaram diversas adversidades como defesas bem postadas, condições de um gramado ou ofensas da torcida rival.

Entretanto, nada disso chega perto ao desafio enfrentado há cerca de um ano pela vascaína Amanda Entring Machado, de 28 anos.

A personal trainner capixaba mora em Linhares, no Norte do Estado, e viu sua vida mudar ao ser diagnosticada no ano passado com um Gliobastoma Multiforme Grau IV, um tumor maligno dos mais agressivos no cérebro e, desde então vem enfrentando esse adversário.

Em 1º de março do ano passado, a capixaba passou por uma cirurgia que durou 14 horas para a retirada do tumor. Como parte do tratamento, Amanda teve que ir ao Rio na semana passada para uma consulta. Foi assim que a sogra da torcedora preparou uma surpresa para a vascaína fanática.

Junto com o marketing do clube, a sogra de Amanda organizou uma visita da capixaba às dependências de São Januário, onde teve a chance de conhecer seus ídolos e conhecer todos os detalhas da casa do seu time.

"Meu sonho de criança era dirigir o carrinho de maca do Vasco. O pessoal me mostrou a sala de troféus e, quando cheguei no gramado, o carrinho estava lá me esperando. Foi uma sensação tão boa, porque era um sonho de criança. Não estava acreditando no que estava acontecendo comigo".

O problema enfrentado por Amanda é o mesmo que o jogador Leandro Castán, hoje zagueiro e capitão do time do coração dela, passou enquanto atuava pela Roma/ITA, em 2014.

"É uma história parecida pelo problema e pelas circunstâncias. Falei para ele que ele é um exemplo para mim, pois hoje ele está jogando bola, é zagueiro do Vasco. Consigo ganhar força cada vez mais por isso. Se ele superou isso, e, se Deus quiser também vou conseguir", afirmou ela .

Na conversa com Castán, Amanda ganhou dele uma camisa autografada, que ela vai emoldurar para guardar de recordação.

"Estava torcendo para o Serra passar na Copa do Brasil para o Vasco vir jogar aqui. No dia 1º de março faz um ano da cirurgia. Como o médico disse nesse dia eu nasci de novo e ir ao jogo é meu presente de aniversário. Quero muito ir ao jogo".

Entrevista

A Tribuna – Como nasceu essa paixão pelo Vasco?


Amanda Entring Machado - O meu pai é vascaíno e minha família praticamente toda também. Desde criança ,tive o contato com o Vaco assistindo pela TV. Morava na roça e o que tinha de notícias do Vasco era pela TV aberta mesmo. Sempre fui vascaína por influência do meu pai, comecei a ver os jogos e, a medida que fui crescendo, meu amor pelo Vasco foi crescendo também.

Eu acordava às 4 horas para ir estudar, porque morava na roça e tinha que andar 2km a pé em estrada de chão para chegar ao ponto de ônibus. Eu ia dormir meia-noite para ver o jogo do Vasco e acordava às 4 horas para ir à escola. Mas fazia questão para ver o jogo. E voltava praticamente correndo para casa para ver em casa o programa esportivo e ver as notícias do Vasco. Era a minha forma de tá por dentro de alguma coisa.

Essa visita que fiz a São Januário foi surreal, porque passou um filme na minha cabeça parecia tudo tão distante, tão longe, ficar vendo pela TV e, de repente, eu estava lá. Fui bem tratada por todas e dirigi o carrinho. Quando passava o jogo na TV e passava o carrinho da maca eu fala pro meu pai que iria dirigir esse carrinho.

Por que esse carrinho?

O carrinho do Vasco é diferente dos outros carrinhos, porque tem a cruz de Malta e eu achava lindo o carrinho do Vasco. Tudo que remete ao Vasco é minha paixão.

E como foi passar perto de taças importantes como a da Libertadores?

Minha emoção foi tao grande que, quando vi a taça da Libertadores, fui para abraçá-la e meu marido me segurou na hora, porque eu não sabia que poderia pegar. Minha intençao era abraçá e beijá-la. É lindo demais lá.

Como isso tudo te ajuda no tratamento?

Só de ter ido a São Januário, dirigir o carrinho, conhecer o Castán, quando voltei do Rio fiz um outro ciclo da quimioterapia e senti psicologicamente e fisicamente a diferença que foi para mim. A cada ciclo fico debilitada. Não consigo comer direito, fico deprimida. Dessa vez foi diferente, via as fotos na quimioterapia e assitia ao vídeo meu em São Januário dirigindo o carrinho. Isso foi me dando uma força. É inacreditável!



Fonte: A Tribuna