Na era tecnológica, futebol também se ganha no campo virtual, longe do terrão em que se transformou o castigado gramado do estádio mais caro da Copa 2014. Da tribuna de imprensa do Mané Garrincha, o analista de desempenho do Vasco, Gabriel Oliveira, usou uma câmera na mão e uma ideia na cabeça para ajudar o técnico Alberto Valentim a driblar os buracos da defesa cruz-maltina e pavimentar o triunfo sobre o Fluminense por 1 x 0 na noite deste sábado, pela quinta rodada da Taça Guanabara — o primeiro turno do Campeonato Carioca.
A câmera de Gabriel Oliveira passou a maior parte do tempo virada para o campo de defesa do Vasco. Afinal, o Fluminense, de Fernando Diniz, é time de posse de bola. Beirou os 70%. Mil e uma utilidades, o analista alternava filmagem, anotações e interação com o auxiliar técnico Fernando Miranda, que estava posicionado lá embaixo, no banco de reservas.
O serviço foi benfeito. A cinco minutos do fim do primeiro tempo, Gabriel Oliveira desceu os degraus aliviado rumo ao vestiário. Parecia pressentir o triunfo depois do decisivo de Yago Pikachu, numa cobrança de pênalti no meio do gol. Com o resultado, o Vasco confirma o primeiro lugar do Grupo B com 15 pontos e evita o confronto com o Flamengo nas semifinais da Taça Guanabara. O tricolor deve medir forças com o time rubro-negro.
O clássico de baixíssimo nível técnico no terrão do Mané foi marcado pelo contraste entre a posse de bola estéril do Fluminense (68%) e a objetividade do Vasco. O tricolor tocava passes do meio de campo para a intermediária. A melhor opção ofensiva estava marcada. O time das Laranjeiras não conseguia fazer conexão com o atacante Everaldo — único lampejo de habilidade capaz de enfrentar os laterais do Vasco no mano a mano.
Bem posicionada, a equipe cruz-maltina forçava o adversário a ficar tocando a bola entre goleiro, zaga e o meio de campo. A melhor oportunidade do Fluminense partiu de uma cobrança de escanteio. Mascarenhas rolou para Luciano, o centroavante cruzou na medida e o volante Bruno Silva acertou o travessão de Fernando Miguel.
Decisivo
O Vasco pouco ficava com a bola nos pés. Entretanto era agudo quando interceptava os passes do Fluminense ou aproveitava os erros do rival. Em uma das raras escapadas, Marrony acionou Cáceres. O lateral-direito cruzou e a bola bateu no braço esquerdo de Nathan. Yago Pikachu cobrou o pênalti no meio do gol e abriu o placar para o Vasco. Trigésimo gol dele em 151 jogos com a camisa da trupe de São Januário.
O resultado adverso deixou a zaga tricolor em pânico. Uma saída bizarra do goleiro Rodolfo, com direito a furada ridícula, deixou Ribamar livre para marcar o segundo. Porém, o atacante demorou a definir o lance e foi travado. "Eu estava esgotado e tive a infelicidade de tomar uma pancada do Rodolfo, o que atrasou", lamentou o atacante.
No segundo tempo, cada time teve pelo menos três chances de marcar. O vascaíno Danilo Barcelos cobrou falta tirando tinta do gol de Fernando Miguel. O goleiro cruz-maltino fechou a meta numa cabeçada de Yony González. Na sequência do lance, Luciano acertou o travessão.
Vestiário
Para o atacante Luciano, o Fluminense foi superior ao Vasco durante os 90 minutos. Por isso, todo o time tricolor estava decepcionado com o resultado. "Ficou nítido que no segundo tempo só deu a gente. A gente atacou e eles só se defenderam. O gol deles saiu em um pênalti através de um cruzamento, que é só isso que eles sabem fazer. Mas isso serve de lição. Agora, é trabalhar porque terça-feira temos um jogo decisivo", afirmou Luciano, se referindo ao duelo diante do River-PI, no Piauí, pela primeira fase da Copa do Brasil.
Para Alberto Valentim, técnico do Vasco, o esquema de jogo adotado realmente foi diferente por causa do posicionamento do Fluminense — o que dá a entender que a câmera das arquibancadas ajudou. "Nós marcamos da intermediária, aumentando a linha para dar o bote lá na frente. No segundo tempo, nós abaixamos um pouco, mas acho que o nosso sistema de marcação foi bom. Tanto que o Fluminense teve poucas chances de gol, fora os lances de bola parada", afirmou.
Fonte: Superesportes