Juniores: Lucas Santos tira inspiração de letras de músicas
Quinta-feira, 24/01/2019 - 13:13
Quem vê Lucas Santos jogando, do alto de seu 1,64m de altura, a calma para escolher a melhor jogada, a habilidade para driblar o adversário, pode enxergar nele uma promessa de craque no Vasco. Mas o garoto é mais que isso: com uma maturidade acima da média de seus 20 anos, o camisa 10 cruz-maltino joga por muito mais que futebol.

- O que me motiva é lutar e conseguir vencer para levar o nome da comunidade por causa dos amigos que não tiveram a mesma oportunidade. Havia tantos com o mesmo sonho que eu, mas eu que recebi a oportunidade de começar numa escolinha e ir para o Vasco. Quero lutar pela minha família e meus amigos – disse Lucas.

A trilha sonora para as partidas tem vários gêneros - entre eles o louvor gospel "Campeão Vencedor" -, mas um se destaca: o rap. As letras duras, que mostram a realidade, aliadas a doses de motivação, encontraram um ouvinte ávido em Lucas, criado na comunidade da Para-Pedro, em Irajá.

- Eu sempre gostei do rap por causa da realidade que trata. Tem inúmeras referências, como o próprio Racionais, Marechal, entre outros rappers. Um cara que eu respeito bastante é o BK, um cara que admiro muito o trabalho. O rap me ajudou muito a ter essa consciência. É o gênero que mais fala o que se passa por lá. Por isso me identifico muito.

A música preferida de Lucas é "Moleque da Vila", do paulista Projota, uma letra autobiográfica de quem saiu de uma comunidade e venceu na vida. Mas as referências do meia do Vasco vão mais atrás no tempo, com líderes negros como Martin Luther King.

- Eu gosto muito de acompanhar esses líderes negros. Ajuda a gente a se basear e buscar a trajetória desses caras. Ele foi um líder revolucionário. Eu me espelho muito nas histórias dele, nas situações que ele viveu. Principalmente por inspirar os negros a ter força e nos fazer fortes, em situações que são inevitáveis hoje em dia.

De ponta a camisa 10


Todo o conjunto de vivências de Lucas Santos de nada adiantaria se ele não fosse também bom de bola. Nesta Copinha, em que o Vasco está na final para enfrentar o São Paulo, o camisa 10 é um dos destaques da equipe.

No início da campanha, ele mudou de função. Em vez de ser o ponta de velocidade e dribles ao qual a torcida do Vasco se habituou, mostrou uma faceta mais cerebral, atuando centralizando e organizando as jogadas. Segundo ele, esta é sua posição preferida.

- Na verdade eu sempre gostei de atuar pelo meio. Minha característica foi essa. Com o antigo treinador ele preferia me colocar pela ponta, no primeiro contato com o Marcos (Valadares, técnico do Vasco) eu comecei jogando na ponta, mas depois ele mudou, me colocou para o meio de novo. Durante a Copinha comecei atuando pelo centro e agora estou na ponta. Mas foi sempre opção dele. Tenho a preferência de jogar pelo meio, mas quem escolhe é ele. Sempre busco fazer o que ele pede, independentemente da preferência ou não.

A mudança de posição, porém, fez Lucas se sentir mais completo. O Vasco agradece – e o profissional já está de olho na subida do moleque da Para-Pedro.

- Acho que atuar na ponta limita certas virtudes que eu tenho. Apesar de ser um jogo mais objetivo. Limita algumas outras virtudes que no meio dá para usar bastante, visão de jogo, calma. Me sinto mais completo.

O Vasco enfrenta o São Paulo na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior nesta sexta-feira, às 15h30 (de Brasília), no Pacaembu.



Fonte: GloboEsporte.com