Marrony relembra gol importante no Brasileiro e fala da rotina de morar em São Januário; veja vídeo
São Januário, dia 25 de setembro de 2018. O Vasco acabou de vencer o Bahia por 2 a 1, uma partida desgastante em que, mesmo com um a mais, o Cruz-Maltino foi pressionado em boa parte do tempo. Na saída do vestiário, todos querem falar com o autor do gol da vitória, o jovem Marrony, de 19 anos. Mas ninguém o encontra.
É porque Marrony não está em São Januário. Foi à Barreira do Vasco, comunidade adjacente ao estádio, para comer uma pizza, quase anônimo.
Se todos tivessem esperado, teriam visto Marrony. Porque, após a pizza, ele voltou para São Januário. Afinal, o estádio é sua casa – e isso não é uma figura de linguagem. O atacante é o morador do quarto 6B da Pousada do Almirante, o alojamento do clube, embaixo da arquibancada.
Era dali que Marrony se acostumava com a torcida desde 2014, quando chegou ao clube vindo do Volta Redonda. Num quarto que divide com outros três garotos, via dos vãos a festa da torcida. Bem diferente do atual momento, em que tem seu nome gritado da arquibancada e consegue ouvir claramente.
- Eu nunca imaginava isso. Eu, um moleque da base, vindo do Volta Redonda... Estádio lotado, a torcida gritando meu nome. Foi o dia mais emocionante da minha vida – contou Marrony, ao lembrar do dia em que cabeceou e fez o gol da vitória sobre o Bahia.
Uma família em Volta Redonda, outra em São Januário
Marrony tem jeito simples. Passou pelo media training obrigatório de clubes profissionais, mas ainda conserva sinceridade em suas respostas. Não dá entrevista, conversa. E assim vai relatando seu cotidiano em São Januário, sua segunda casa.
- Desde que cheguei, sempre foi um ambiente muito bom. Se você andar aqui dentro, o pessoal da cozinha te cumprimenta, te beija. O pessoal da limpeza, das obras, conversa com você, te dá conselho. Aqui é uma família, de verdade. Aqui é minha segunda casa.
Nesta segunda casa, Marrony tem seus irmãos também - os amigos que moram com ele e estão sempre juntos. O cotidiano é simples: jogar videogame, assistir a partidas de futebol e ouvir pagode, seu ritmo preferido - apesar de ter o nome dado em homenagem ao cantor sertanejo.
A família inteira de Marrony ainda mora em Volta Redonda – seu pai tem um emprego na cidade. Por isso, o atacante não se mudou. Ele acredita que em 2019 poderá alugar uma casa para todos os familiares – ele tem quatro irmãos. E é taxativo: só vai se mudar se puder trazer todos com ele.
- É meio difícil sair de Volta Redonda pra alugar uma casa aqui. Pretendo alugar, mas só quando tiver condições de trazer toda a minha família. Ainda não é momento. Mas se eu for alugar uma casa, quero que eles estejam comigo.
Ascensão rápida no profissional
Se as coisas ocorrerem na mesma velocidade com que Marrony alcançou espaço no profissional, a mudança será em breve. No início do ano, o atacante se destacou na Copa São Paulo de Juniores e na Copa do Brasil sub-20. Sua estreia foi no Campeonato Carioca, contra a Cabofriense. Depois, só voltou diante do América-MG, já pelo Brasileirão.
Artilheiro no sub-20, Marrony aproveitou as oportunidades. Conseguiu espaço atuando pelos lados do ataque. Mas, ao mesmo tempo, ainda precisava amadurecer por dentro.
- Eu comecei a ter mais oportunidades. Foi quando o Valentim começou a me dar mais chances. Pude começar jogando contra o Inter. Estádio lotado, estava meio nervoso. Era meu primeiro jogo como titular. Acabou que deu tudo certo. Tive o privilégio de ouvir a torcida gritando meu nome. Nesses jogos você vai ficando mais solto. Eu sei que ano que vem eu posso ser melhor ainda.
Se a promessa de Marrony for cumprida, ele vai deixar de ouvir os gritos da torcida de dentro de seu quarto. Estará no campo, ouvindo claramente seu nome.
Fonte: GloboEsporte.com