Mauro Galvão e Ramon relembram disputa do Mundial contra o Real Madrid há 20 anos
Campeão da Libertadores de 1998, o Vasco da Gama - recheado de craques como Juninho Pernambucano, Luizão, Mauro Galvão e Carlos Germano - enfrentou o poderoso Real Madrid, que havia faturado a Uefa Champions League depois de 32 anos.
Em um jogo marcado pelo bom futebol, a equipe brasileira criou muitas chances, mas acabou derrotada por 2 a 1, graças a um golaço de Raúl.
"Chegar em uma final do Mundial é sempre muito importante. Nós conseguimos chegar por ter vencido a Libertadores e não foi fácil. É um jogo único e tem que ser eficiente ao máximo e não dar chance ao adversário. Fizemos uma boa partida e fomos talvez até um pouco melhores do que o Real na maioria do tempo. Foi um jogo equilibrado", disse Mauro Galvão, capitão do Vasco naquele jogo, ao ESPN.com.br.
Para Sávio, titular do Real Madrid no duelo, a final teve um sabor ainda mais especial. Ex-jogador do Flamego e torcedor rubro-negro de infância, ele venceu o antigo rival.
"Foi maravilhoso, um título que eu sonhava desde pequeno, quando vi o Flamengo conquistando [o Liverpool por 3 a 0] em 1981. Foi um jogo difícil, contra um grande adversário, Sem dúvida é o título mais importante da minha carreira. Pela grandeza da conquista e pela dificuldade que é jogar essa competição. Para chegar ao Mundial precisamos ganhar a Liga dos Campeões, que é muito difícil", recordou ao ESPN.com.br.
Apesar do Vasco ter começado o jogo melhor, foi o Real Madrid que abriu o placar. Aos 25 minutos do primeiro tempo, Roberto Carlos chutou com força de fora da área, a bola desviou em Nasa e enganou Carlos Germano.
Os vascaínos empataram na segunda etapa com Juninho Pernambucano. Ele aproveitou o rebote do goleiro Ilgner no chute de Luizão para finalizar no ângulo do alemão.
O gol animou o time brasileiro, que passou a criar boas chances de anotar o segundo. Aos 38 minutos do segundo tempo, porém, veio o castigo. Raúl recebeu um lançamento pelo lado esquerdo do ataque, deu dribles desconcertantes em Vitor e Odvan antes de tocar na saída de Carlos Germano.
"Esse gol foi a recompensa por tudo que eu tinha passado. Foi o momento mais difícil da minha carreira, no qual vi minha família sofrer como nunca. Eu vinha de uma lesão no púbis e minha ansiedade para jogar sempre acabava me prejudicando. Este gol foi a recompensa, um gol dos sonhos: nos últimos minutos de uma grande final. Além disso, foi bonito, o que agradou aos torcedores", disse Raúl, ao site do Real.
"No 2º tempo o Vasco jogou melhor e pressionou muito no final, mais tínhamos um time forte, com muita qualidade técnica, e qualquer momento poderíamos decidir o jogo com o talentos individuais, como aconteceu no golaço do Raul", analisou Sávio.
Mesmo assim, o Vasco não se entregou e quase chegou ao empate nos acréscimos com o meia Ramón: o defensor Fernando Sanz tirou uma bola quase em cima da linha do gol do time espanhol.
"Foi o Sanz? Não lembrava. O lance foi em um bate-rebate dentro da área e eu cabeceei a bola e ele tirou. Um time fantástico com Raúl, Seedorf, Redondo, Roberto Carlos. Nosso time era ótimo também. O Felipe fez uma jogada maravilhosa e quase anotou um golaço. O Ilgner salvou outro lance. Infelizmente não tenho lembranças felizes pela derrota. Ficamos muito tristes e esperávamos ser campeões, assim como os torcedores. Mas fizemos um grande jogo", recordou Ramón.
"No primeiro tempo o Real Madrid acho que foi um pouquinho superior e marcou um gol e nós fomos melhores no segundo tempo. Acho que tivemos melhor na partida. Merecemos fazer o gol de empate e até mesmo o gol da vitória. Faltou fazer o gol, isso é sempre o ruim de se jogar uma partida. Fizemos o possível", disse Galvão.
A única lamentação dos vascaínos foi não ter coroado uma geração faturou o Brasleiro, o Carioca e a Libertadores.
"Nós quase fomos campeões do mundo. Foi o único título que faltou da nossa geração. Nosso time era muito bom e deu a resposta logo em seguida no Rio-São Paulo. Nosso time conquistava", disse Ramón.
"Tivemos algumas falhas que fazem parte do futebol e eles foram muito eficientes em fazer os gols. Não temos que ficar lamentando porque fizemos um grande jogo e deixamos uma boa impressão. Fizemos um jogo à altura de um campeão da Libertadores e de um time brasileiro", afirmou o já experiente Mauro Galvão.
Ficha técnica:
Vasco 1 x 2 Real Madrid
Data: 01/12/1998
Local: Estádio Nacional de Tóquio (Tóquio - JAP)
Árbitro: Mário Sanchez
Público: 51.000
Gols: Nasa (Vasco/contra 24/1ºT), Juninho (Vasco 10/2ºT) e Raul (Real Madri 38/2ºT)
Vasco: Carlos Germano, Vagner (Vítor), Odvan, Mauro Galvão, Felipe, Luisinho (Guilherme), Nasa, Juninho, Ramón (Válber), Donizete e Luizão
Técnico: Antônio Lopes
Real Madrid: Ilgner, Hierro, Sanchez, Sanz, Panucci, Redondo, Seedorf, Roberto Carlos, Sávio (Suker), Mijatovic (Jami) e Raúl
Técnico: Guus Hiddink
Fonte: ESPN.com.br