Uma das propostas que será apresentada para mudança no formato e calendário dos Estaduais a partir de 2020 será a de os times participantes da Série A só entrarem nas fases finais dos torneios, que poderiam ser disputadas no fim do ano para fechar o calendário do futebol nacional. Isso anteciparia o início da elite do Brasileiro e, portanto, aliviaria as datas Fifa quando a seleção brasileira estiver em campo. Além disso, poderia gerar interesse maior aos Estaduais, em dezembro, quando clássicos regionais seriam disputados e times que não ganharam nada no ano brigariam para levar um título para casa antes do fim da temporada.

A CBF criou um grupo formado por presidentes de federações para estudar mudanças nos Estaduais, como mostrou o blog do jornalista Rodrigo Mattos. A rEDE Globo, que detém o direito de transmissão dos principais torneios por Estado, já se mostrou favorável a alterações nos formatos existentes, que hoje ocupam 18 datas nos primeiros meses do ano.

O projeto descrito acima é uma das ideias que cartolas de clubes devem sugerir, mas o martelo será batido mesmo entre a cúpula da CBF e as federações (os chefes dessas entidades são os principais eleitores para a presidência da confederação brasileira, portanto sua opinião importa bastante à direção). De qualquer modo, essa primeira ideia não acaba com os Estaduais, deixa as federações com calendário aberto o ano todo para realizar o torneio sem os ''grandes'', e não tira esses times, que aumentam a receita, das competições.

No esboço elaborado, os 20 times que disputassem a Série A estariam fora das fases iniciais dos Estaduais — cada federação poderia criar seu calendário para o torneio nas primeiras etapas que classificariam os melhores times para a fase final, quando essas equipes se encontrariam com aquelas da Primeira Divisão nacional.

Com o Brasileiro começando antes (fevereiro ou março), poderia terminar também antes e abriria espaço para que a fase final do Estadual ocorresse no fim da temporada, em quatro datas. O Campeonato Paulista como exemplo: em 2018, quatro times estão na Série A: Palmeiras, São Paulo, Santos e Corinthians. Estes jogariam no fim do ano contra outros times que se classificassem nas primeiras fases do Paulistão.

Poderiam ser mais quatro, formando assim fase de quartas de final, semifinal e uma final. Se usar quatro datas, se faz um jogo de quartas, outro de semi e dois da decisão, como já ocorreu. Cada federação faria seu regulamento, levando em conta o número de times que vai ter na Série A. Em 2018, nove Estados estão representados na Série A e em 2019 podem ser 11, dependendo das últimas definições de acesso na Série B e rebaixamento na A.

Na avaliação dos idealizadores seria um atrativo interessante de fim de temporada, com clássicos estaduais, e a chance de um time que passou em branco na Série A, Copa do Brasil e torneios sul-americanos conquistar um título ainda naquele ano. O fato é que algumas propostas deverão ser apresentadas e, como já dito, os clubes devem ter pouco poder de decisão nesse assunto.

Uma única situação pode travar a participação de um clube no Estadual em fim de ano: se a Fifa mantiver, nos próximos anos, o seu Mundial em dezembro, em formato igual ou parecido com o de hoje. A entidade quer criar uma competição maior, com 24 participantes (hoje são sete) e disputá-la entre junho e agosto, o que poderia ser encaixada perfeitamente num calendário brasileiro reformulado. Mas se ficar em dezembro, um time brasileiro campeão da Libertadores atuaria em dezembro nesse Mundial e teria que colocar provavelmente um time de reservas no regional.

Fonte: Coluna Marcel Rizzo - UOL