Promessa do Fluminense, atacante Marcos Paulo, de 17 anos, revela que jogou no Vasco por 3 meses
Apenas 17 anos, multa milionária de 45 milhões de euros (cerca de R$ 200 milhões) e uma grande responsabilidade: repetir nos profissionais o mesmo sucesso das categorias de base, onde comanda o time mais badalado do Fluminense no momento. Marcos Paulo Costa do Nascimento é apenas um menino, mas carrega nas costas o status de maior promessa de Xerém na atualidade. No meio da transição que já deixou muitas joias como ele pelo caminho, Marcos Paulo garante: está pronto para o desafio.
Fã de Ronaldinho Gaúcho, o jovem foi descoberto pelos olheiros do Fluminense em 2011. Desde então, vem se destacando em Xerém. É dele a camisa 10 do time juvenil, campeão carioca, vice-campeão da Taça BH e semifinalista da Copa do Brasil da categoria. Em julho, após despertar o interesse da Juventus-ITA, renovou seu contrato até o meio de 2020. A multa rescisória é alta, mas não assusta.
''Entendi que a multa é alta, mas se eu não jogar bola, de nada adianta, ninguém vai querer comprar'', disse em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, a primeira da carreira.
Depois de fazer alguns jogos pelo Sub-20, treinar regularmente com o elenco profissional e até ser relacionado para a partida contra o Santos, Marcos Paulo voltou para o Sub-17 para reforçar o time na reta final da temporada. Existe a possibilidade dele participar da próxima pré-temporada com o elenco principal.
Durante o papo na sala de troféus das Laranjeiras, o atacante de 17 anos lembrou sua chegada ao Flu, falou sobre as recentes convocações para as seleções de base de Portugal e revelou os conselhos que recebeu nas primeiras vezes que treinou no CT Pedro Antônio.
CONFIRA A ENTREVISTA ABAIXO:
COMEÇO NO FLU
Comecei na escolinha do meu tio e do meu pai, em Santa Isabel, São Gonçalo. Tinha uns cinco, seis anos e já jogava de meia-atacante. Com sete ou oito anos fui jogar na Profut, lá em Tanguá. Fui me destacando contra os grandes do Rio. Fiquei um período no Vasco, uns três meses. Ai joguei um torneio pelo Rio Bonito e os olheiros do Fluminense me viram. Marcaram um amistoso, fui bem e acabei indo para o Fluminense em 2011, com 10 anos.
EXPERIÊNCIA EM PORTUGAL
Foi muito boa. Futebol lá é um pouco diferente. Aproveitei bastante. Já fui duas vezes e agora é continuar trabalhando para ser chamado. Fui primeiro para a Sub-18, três dias de treinos. Quando cheguei no Rio, já sabia que voltaria. Passei uma semana no Brasil e viajei de novo para disputar amistosos com a Sub-19. Fui bem e o técnico disse que teriam mais convocações, que eles gostaram bastante e eu deveria estar preparado.
QUAL SELEÇÃO QUER DEFENDER?
Só penso em jogar agora, focado em fazer o melhor. Depois ver o que minha família, empresários, vão escolher, será o melhor para mim. Ainda não pensei isso. Estou focado em chegar ao profissional. Seleção é consequência. Se for para acontecer lá ou aqui, vou agarrar a melhor oportunidade para escrever minha história.
PESO DE SER UMA JOIA
Foi o que sempre sonhei para mim, estar em alto nível, onde todos estão vendo e gostando do que venho fazendo. Agora é mais a cabeça, manter a concentração. Quanto mais você conquista, mais pressão tem, mais facilidade em ter as coisas. Tem que ter mais cabeça. Em campo eu sou o mesmo, nada mudou. Jogar como sempre joguei, como se fosse o último jogo da minha vida. Quero chegar no profissional e ter regularidade.
PRIMEIRO CONTATO COM O PROFISSIONAL
Senti mais diferença do Sub-17 para o Sub-20 do que para o profissional. Ainda não joguei, mas senti mais espaço nos treinos. Consegui me adaptar mais rápido. Diferentemente do Sub-20, já que subi e não tive sequência. Senti um pouco o ritmo. Já treinando todos os dias no profissional eu me senti bem.
JOGOS NO SUB-20
Quando subi, o Léo conversou com o grupo todo, explicou que no futebol é assim, que tem garoto de 17 anos que já joga no profissional e que ou eles me abraçavam ou pediam para sair. Todos me receberam bem e pude evoluir com o grupo nessas oportunidades.
MULTA MILIONÁRIA
Nos primeiros dias, quando saiu a notícia, a rede social começou a bombar. Na hora você fica pensando né, muito dinheiro. Mas depois conversei muito com minha família, com meus empresários. Entendi que a multa é alta, mas se eu não jogar bola, de nada adianta, ninguém vai querer comprar. Soube me concentrar em jogar e esquecer esse extracampo de dinheiro e propostas. Isso não mudou para mim não.
TREINOS NO CT
Tenho muita expectativa em estrear no profissional. O Marcelo Oliveira conversou muito comigo nas primeiras vezes que treinei no CT. Disse que me acompanhava bastante e que ouvia coisas boas. Falou para eu continuar focado que sempre tinha alguém olhando e eu teria oportunidades na hora certa. Ele disse que estava ali para me ajudar. Agarrei a chance que recebi nos treinos e pude ser relacionado. Agora voltei para a jogar na base, estou feliz e isso que importa. É continuar trabalhando para ver se consigo jogar pelo profissional esse ano ainda.
''Quando treinei no CT, sempre vinha um falar, brincar sobre a multa. Mas sempre colocando minha cabeça no lugar. Gum, Digão, Kayke, sempre falavam comigo. Para não deixar subir a cabeça. Se não jogar não tem sucesso. Mas todos me abraçaram muito bem no profissional''.
PRÉ-TEMPORADA
Teve um planejamento deu subir de vez. Ai conversaram comigo para eu jogar a Copa do Brasil Sub-17 e manter a sequência. E tem a possibilidade de participar da pré-temporada e, indo bem, seguir no profissional o resto do ano. Mas agora estou focado na base. Se for acontecer, vai acontecer.
SONHO DE CARREIRA
Quero conquistar títulos pelo Fluminense, dar alegria para a torcida. Todo jogador sonha com a Europa. Como falei do Ronaldinho, sempre sonhei em jogar no Barcelona por ele e pelo Neymar. Quero sair daqui bem um dia para chegar lá e ter nível para jogar em um clube desses.
INSPIRAÇÕES
Antes de começar a treinar no profissional, eu conversei mais com o Vinícius Júnior. Sou amigo dele e do Rodrygo, do Santos (ambos de 17 anos que já atuam entre os profissionais). Vinícius sempre falou que era difícil, mas que nada era impossível. Disse para eu fazer o que sempre fiz que as coisas iam acontecer. Quando comecei a treinar vi que dava para chegar. Fiquei com mais expectativa de começar bem aos 17 anos.
SEGREDO DO SUB-17
O coletivo, o conjunto. Conseguimos aprender que se o coletivo funcionar, o individual vai aparecer. Depois do começo do ano, quando não estávamos tão bem, conseguimos entender na Taça BH que, com o coletivo funcionando, o individual iria parecer em muitos jogadores da nossa equipe.
ÍDOLO
Sempre foi o Ronaldinho Gaúcho. Hoje me espelho no Cristiano Ronaldo, pelo foco dele, e no Neymar, pelo estilo de jogo.
Fonte: GloboEsporte.com