Maxi López fala da saudade dos filhos e carinho da torcida do Vasco
Domingo, 11/11/2018 - 11:36
"Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre
O meu sorriso é por consolação
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração"

O argentino Maxi Lopez está há quatro meses vivendo no Rio de Janeiro e gosta mais de funk do que samba. Mas se identificaria completamente com a letra que o carioca Cartola escreveu há algumas décadas.

É porque é exatamente assim que o atacante do Vasco se sente no momento com a distância de seus três filhos, Valentino, Constantino e Benedicto, que vivem na Itália.

Hoje, Maxi vive entre dois sentimentos: a alegria de ser o destaque do Vasco no Campeonato Brasileiro e o amor que recebe da torcida e da namorada, a modelo sueca Daniela Chrstiansson. Uma forma de compensar a saudade dos filhos, que ele admite ainda tentar superar.

- É a decisão mais importante da minha vida. Por ficar longe deles. Nos últimos quatro, cinco anos, eu estava na Itália. Eu pegava times perto deles para ficar perto deles. Passar meus dias e conviver com eles. Quando decidi voltar pra o Brasil foi uma decisão difícil.

- Esse momento, esse presente que vivo no Vasco, o amor que a torcida me dá, acho que está complementando essa coisa que falta dentro do meu coração agora.

É por isso que Maxi tem tatuados os nomes dos três filhos. Uma forma de estar perto deles mesmo a muitos quilômetros de distância e com uma relação conturbada com sua ex-esposa, Wanda Nara. Este, porém, é um problema que o atacante encara de frente. Logo antes de iniciar a entrevista com o GloboEsporte.com, ele avisou:

- Pode perguntar o que quiser.

Perguntamos. E Maxi respondeu. Da recepção no Vasco à inexistente relação com Icardi, passando por seleção argentina, River Plate, Messi e a admiração por Ronaldo Fenômeno. Confira:

GloboEsporte.com: Como está sendo não conviver com seus filhos?

Maxi Lopez: É uma decisão mais importante da minha vida. Por ficar longe deles. Nos últimos quatro, cinco anos, eu estava na italia. Eu pegava times perto deles para ficar perto deles. Passar meus dias e conviver com eles. Quando decidi voltar pra o Brasil foi uma decisão difícil. Esse momento, esse presente que vivo no Vasco, o amor que a torcida me dá, acho que está complementando essa coisa que falta detrn do meu coração agora.

O que fala para os filhos ao telefone?

- O que eu mais falo é de futebol. Quando dá o horário de domingo quando acabam os jogos eles me perguntam se fiz gol, como foram os jogos. Pergunto como acabou a rodada na Itália. Falamos muito. Eles assistem a todos os jogos. Vão ao campo. Fico feliz, porque acho que o mundo do futebol é muito bom para as crianças.

Que mensagem você mandaria para os seus filhos?

- Vamos tentar ver se a mãe deixa passar essa mensagem para eles. O que gostaria de falar é que amo muito vocês. Tenho muita saudade. Sinto muito a falta de vocês. Papai sente muita falta. Ama muito vocês. Está sendo um grande esforço pelo futuro de vocês. Espero que um dia vocês possam entender essa distância.

Como é sua relação com Wanda?

- Não é a melhor coisa nos últimos anos. Sempre tentei ter uma boa relação com ela. Muitas vezes fica difícil. Acho uma coisa difícil, triste, porque eu falo sempre para ela que os problemas dos pais não são problemas dos filhos. Os filhos deveriam ficar fora de todas essas coisas. Mas tomara que um dia eles possam entender essas coisas.

E sua relação com Icardi?

- Não tem relação. É o marido da minha ex-mulher. Então, só tenho relação com meus filhos e com a mãe deles quando ela decide estar tranquila.

Por que o Vasco?

- Quando me falaram do Vasco, eu já obviamente conhecia, torço para o River Plate. Lembro daquele jogo importante que o Vasco teve no Monumental. Naquele momento, eu precisava mudar. Dez anos atrás, quando jogamos aqui, minha experiência foi muito boa no Brasil. Quando chegou, falei: "sim". Precisava mudar minha vida, ter outra experiência. Achei muito legal, mais uma experiência no Brasil.

O que mais chamou atenção?

- Eu sabia que, obviamente, tem diferença entre o Brasil, a Europa, a Argentina. Mas estava precisando mudar um pouco tudo, então quando cheguei aqui o que mais me surpreendeu foi a quantidade de torcedores que têm esse time no Brasil inteiro. Fiquei com uma boa impressão. A minha decisão de voltar para oBrasil, para nós argentinos, não é fácil. Eu acho que fiquei surpreendido com uma boa mensagem. Não só do torcedor, mas do time, dos companheiros.

Foi amor à primeira vista?

- Acho que foi uma coisa bem parecida. Nem tinha chegado e a torcida já estava muito perto. Já passavam muito apoio. Quando começamos a jogar, fazer gols e a demonstrar o que poderia fazer dentro do campo, acho que esse momento atual que estou vivendo é o máximo. É muito lindo.

E seu amor com a Daniela?

- Quando decidi vir, era um momento difícil. Mas já estamos juntos há quatro anos e quando tive a oportunidade de vir, ela que morou a vida toda na Suíça e morou na Itália, teria uma mudança importante. Mas está se adaptando muito bem. Está contente de ficar aqui no Rio e continuar essa caminhada juntos.

O que vocês já conheceram do Rio?

- Já fomos à praia, para o Cristo, para a Zona Sul do Rio, que é muito linda. Fomos para Angra dos Reis, que ela não conhecia. Fomos a muitos restaurantes também. Toda vez que ela vai a São Januário eu faço gol. Essa minha fase no Rio de Janeiro é muito importante ela ficar mais perto de mim.

Você é bastante ativo nas redes sociais. Como é a interação?

- Eu sou muito novo nas redes sociais. Abri há alguns meses para tentar ter minha palavra para falar, dizer o que pensava, o que achava. Vi que no Brasil isso é muito importante. Consigo assistir, olhar. Muitas vezes respondo aos torcedores. Essa é mais uma maneira de ficarmos perto da torcida.

Como vai ser para você enfrentar o Grêmio, seu primeiro time no Brasil?

- Acho que vai ser especial, porque, como falei antes, Porto Alegre e Grêmio foram minha primeira casa aqui no Brasil. Vai ser uma sensação muito linda. Uma torcida muito bacana, que canta o jogo inteiro, como a nossa no Rio. Mas vou tentar fazer gol. É o meu trabalho, e o Vasco obviamente está precisando.

Você estava no time de 2009 que jogou o jogo contra o Flamengo, mas você não foi relacionado. Por que você não veio?

- Estava com uma dorzinha aqui na minha coxa. Decidi não viajar. Já tinha jogado o ano inteiro e o treinador botou uma equipe mista. Foi só isso.

Como está vendo o River Plate na final da Libertadores contra o Boca?

- Eu acho que é um momento único na história da Argentina. Vai ser único. Nascemos no River Plate. Fiz quase 15 anos da minha vida lá. É um momento único. Não vou poder assistir ao jogo lá, mas vou assistir na televisão e dar meu apoio na televisão.

Como é a sua relação com o Messi? Vocês jogaram juntos no Barcelona.

- Minha relação é muito boa. Nos últimos anos, não fui muito a Barcelona, mas há dois anos, quando Barcelona foi jogar com a Juve, nos vimos, falamos. É um cara que falo sempre. Muito humilde. Aquele menino que conheci há muitos anos. Esse menino. Quando ele começava no Barcelona, eu cheguei. Sempre pegamos chimarrão, na praia, na casa dele. Ou a gente jogava Playstation em casa. Ficava muito tempo nos meus amigos. A coisa mais linda desse cara é que ele virou uma lenda, mas é a mesma pessoa de sempre. Gostei muito disso.

Por que não foi à seleção principal?

- Se eu tivesse nascido no Moçambique ou na Austrália, talvez pudesse ter chance. Aguero, Higuain... Pra mim seria praticamente impossível. São caras de nível impossível. A Argentina tem atacantes muito bons. Eu acho que tento fazer as coisas da melhor forma possível no Vasco. O Vasco é minha casa agora. Se algum dia chegar uma opção, com prazer.

Como é o Maxi fora de campo?

- Eu sou um cara sério. Mas eu acho que é muito importante a relação, todos os dias, com o time. Era a primeira coisa que eu queria fazer. Me entrosar no time, conhecer meus colegas e criar esse ambiente de convivência muito bom que já encontrei quando cheguei no Grêmio e agora no Vasco. Encontrei um grupo muito unido, com muita vontade. Foi muito fácil. Eu gosto de brincar com meus amigos e colegas. Acho que é muito importante, porque o que você faz no treinamento você passa para o dia do jogo.

Você é um centroavante clássisco. Quais os jogadores da posição que você admira?

- Sempre adorei, para mim, o número 9 mais forte que já vi, o Ronaldo (Fenômeno). Para mim, era uma coisa fora do normal. Na minha posição, de atacante, referente. Para mim, ele foi o mais forte do mundo de toda a história. Depois, podemos falar de Messi, Cristiano Ronaldo... Mas o que mais gostei era o Fenômeno.



Fonte: GloboEsporte.com