'Briga' pelas arquibancadas à direita das cabines do Maracanã entre Vasco e Fluminense já dura 5 anos
Até sexta-feira, cerca de 5 mil ingressos haviam sido vendidos para o duelo entre Fluminense e Vasco, às 17h deste sábado, no Maracanã. A partida, chave para as pretensões de ambos de se garantirem na Série A, não conta com previsão de bom público. Entre os envolvidos no clássico, a perspectiva é de prejuízo. Um dos motivos para este cenário é a discussão sobre qual torcida tem direito a ocupar o setor à direita das cabines de imprensa.
A rixa começou em 2013, quando o Fluminense assinou contrato de 35 anos com o consórcio Maracanã S.A. e incluiu cláusula na qual sua torcida ocuparia o setor hoje chamado de Sul. Tradicionalmente, o espaço sempre foi usado pelos vascaínos, espécie de direito herdado pela conquista do primeiro Carioca disputado no estádio, em 1950.
A discussão distanciou tricolores e cruz-maltinos, extrapolou as provocações futebolísticas e tornou-se um empecilho em negociações com o estádio. Cada vez mais enfraquecidos nas finanças e em campo, bater o pé pela tradição virou obrigação para os presidentes Pedro Abad (Fluminense) e Alexandre Campello (Vasco), atacados por todos os lados.
Sem um entendimento, o Vasco não mandou o clássico ao Maracanã nos últimos cinco anos. Os duelos foram no Nilton Santos, em São Januário e até fora do Rio.
Para não ceder, o Vasco mandou o duelo do primeiro turno em São Januário. A PM determinou que os visitantes só recebessem 5% dos ingressos. No returno, mesmo com a torcida mais interessada na Sul-Americana, o Fluminense fez valer a reciprocidade. Dirigentes rivais alertaram para o risco de casa vazia e pediram uma divisão igualitária. Os tricolores cederam pouco e só elevaram a cota para 10%. Se a previsão de pouco mais de 10 mil torcedores se confirmar, a partida terá prejuízo de R$ 250 mil.
A previsão de pouco público não significa que a partida não tenha importância para os dois lados. Mais para o Vasco, apenas um ponto acima do Z-4. Mas também para o Fluminense, que ainda precisa assegurar sua permanência na Série A.
Endividamentos
O contrato do Fluminense com o Maracanã não vigora sob as regras de 2013. O clube briga na Justiça para recuperar o modelo antigo, em que não arcava com os custos, e o direito ao setor Sul é uma das preocupações. Como os jogos dão prejuízo, a relação com o consórcio é marcada por uma dívida pendente. Em agosto, chegou a R$ 1 milhão e levou a Maracanã S.A. a enviar notificação.
A dívida vascaína, que chegou a pouco mais de R$ 850 mil também por jogos não pagos, está equacionada. Os dois lados encaminharam contrato de uso do estádio. Mas o assunto não avançou. Há outras prioridades para Campello.
Fonte: O Globo Online