Alexandre Campello publica nota sobre balanço e prestação de contas do Vasco
Domingo, 28/10/2018 - 12:47
Prezado(a) vascaíno(a),
Diante de fatos ocorridos nos últimos dias e das informações desencontradas acerca da apresentação das demonstrações financeiras do Club de Regatas Vasco da Gama, cumpro o dever de prestar alguns esclarecimentos fundamentais para o reordenamento e perfeita compreensão desta questão:
A prestação de contas do administrador de um clube representa a avaliação por um Conselho dos seus atos de gestão. Ou seja: se o clube melhorou ou piorou sob seu comando nos mais diferentes aspectos: financeiro, patrimonial, institucional etc. E, naturalmente, uma das principais informações a serem utilizadas para o Conselho formar sua opinião acerca da Administração são as demonstrações financeiras do clube, comumente denominadas de balanço.
Essa é a raiz da interpretação equivocada que tem se estabelecido entre a opinião pública e mesmo entre setores do Vasco nos últimos dias.
Não é possível imaginar uma análise responsável dos atos de gestão de um administrador, ou seja, de sua prestação de contas, sem avaliar sua performance financeira, por meio de informações contidas no balanço do período. Neste ponto reside a ambiguidade que leva à confusão: prestação de contas e balanço não são sinônimos. Trata-se de um equívoco comum no mercado e mais ainda entre aqueles que não estão familiarizados com o significado de cada termo. Por isso, é fundamental esclarecer e reforçar: balanço e prestação de contas não são a mesma coisa.
Balanço é uma peça técnica a ser elaborada por uma equipe qualificada, sob obediência de regras rígidas e complexas, regulada por legislação específica e examinada por empresas especializadas. A prestação de contas, por sua vez, é uma declaração escrita pelo próprio dirigente à guisa de explicar seus atos de gestão, sem qualquer padrão ou necessidade de obediência a qualquer regra.
Dessa forma, naturalmente, a elaboração do balanço é de exclusiva responsabilidade de uma equipe técnica preparada para tal, contratada pelo Presidente do Clube e, portanto, sob sua responsabilidade. Este rito está previsto em Lei, além de se tratar de uma exigência do mercado financeiro. O balanço é responsabilidade do gestor que contrata a equipe técnica a quem cabe preparar e publicar a demonstração contábil. Esta é a boa prática do mercado. E acima disso: é a lei.
Por estas razões descritas acima, é um desconhecimento se pensar que qualquer Conselho do Vasco possa aprovar balanços. Estes não são aprovados. São preparados e examinados por auditorias. O Conselho Deliberativo aprova a prestação de contas, com base em parecer emitido pelo Conselho Fiscal. O balanço do Vasco referente ao exercício de 2017 foi publicado em 30 de abril de 2018 e, repita-se, não foi preparado por contadores do Clube e, sim, de umas das seis maiores empresas mundiais de contabilidade, a Grant Thornton, com parecer emitido por uma das seis maiores firmas de auditoria do mundo, a BDO.
Dado o pouco tempo que tivemos para essa elaboração, e seguindo nossa premissa e obrigação de sempre aperfeiçoarmos nossos procedimentos, comunicamos já à época, em abril, que iríamos republicar o balanço de 2017 futuramente com os devidos ajustes. E isso será feito.
E, com relação a 2018, primeiro ano de nossa gestão, aproveito para abrir um parênteses e informar, desde já, que muitíssimo em breve iremos apresentar os resultados contemplados no balancete de 30 de setembro do ano corrente. Posso adiantar que os demonstrativos exibirão resultados excelentes, que refletem o trabalho desta Diretoria Administrativa e os motivos pelos quais resolvi ser Presidente do Clube que amo.
De volta ao tema central deste comunicado, reafirmo que é compreensível a certa desorientação que o assunto provoca entre muitos, em parte alimentada pela reunião do Conselho de Beneméritos realizada na última quinta-feira, dia 25 de outubro. Não me manifestei na ocasião por entender, de forma clara, que era a prestação de contas do ano de 2017 que estava sendo debatida no recinto. Nunca o balanço. O documento elaborado pelo ex-presidente da Diretoria Administrativa e presidente do Conselho de Beneméritos, Eurico Miranda, contém explicações e também números, como em qualquer prestação de contas, mas não pode ser classificado como balanço.
O balanço, em sua real dimensão, é a forma como o Vasco explica como estão sendo usados seus recursos financeiros. Trata-se ainda do cartão de visitas do Clube para investidores, associados e parceiros. Logo, sua qualidade e confiabilidade são essenciais e, por esta razão, o balanço é tão protegido por Legislação Federal e pelas regras da APFut – Autoridade Pública de Governança do Futebol. Logo, qualquer fato que coloque em dúvida sua elaboração, conforme o arcabouço técnico e legal, traz muito prejuízo ao Vasco.
Em uma analogia, declaração de Imposto de Renda só existe uma. Trata-se de um documento único. Assim é com o balanço de uma empresa, instituição ou associação esportiva. Por isso, ratifico: o balanço do Vasco relativo ao exercício de 2017 foi publicado em 30 de abril deste ano e nada pode mudar isso.
Portanto, é de se estranhar que o Conselho Fiscal, um órgão técnico e o Poder não apenas capacitado, mas com a responsabilidade estatutária de analisar as contas do Clube e recomendar ou não a sua aprovação, manifeste dúvida em relação ao rito de formulação e tramitação do balanço do Vasco. Mal comparando, e usando a analogia que fiz, é como se o próprio auditor da Receita perguntasse: "Sua declaração de renda é aquela que você protocolou no dia tal ou alguém vai mandar outra?" Repito: isso não existe.
Espera-se que os conselheiros fiscais tenham o devido conhecimento técnico para o cargo que ocupam. Assim como se espera que não façam política com aquele que é justamente o auge das suas atribuições e o momento de maior responsabilidade daquele Poder: a análise das contas do Clube e a elaboração de parecer recomendando ou não a sua aprovação.
Importante ressaltar também que não existe qualquer impedimento que o ex-presidente da Diretoria Administrativa encaminhe sua prestação de contas ao Conselho Fiscal. Pelo contrário. Vejo este expediente como muito salutar e uma demonstração de boa prática e respeito para com os demais Poderes do Clube. Quanto maior a riqueza de documentos e informações, melhor será para o Conselho Fiscal cumprir sua responsabilidade e elaborar o parecer a ser encaminhado ao Conselho Deliberativo.
Para finalizar, lamento e repúdio a atitude do Presidente do Conselho Fiscal. Espera-se que o Presidente do Conselho Fiscal tenha não apenas decoro e respeito em relação aos demais Poderes, mas reúna as condições técnicas fundamentais para o pleno e responsável exercício do nevrálgico cargo que ocupa. Lastimavelmente, suas atitudes e declarações revelam um preocupante desconhecimento de aspectos técnicos e do próprio Estatuto do Clube, algo incompatível com a função para a qual foi designado.
Por outro lado, atribuir as recentes atitudes e posturas do Presidente do Conselho Fiscal apenas a desconhecimento soa como algo frágil, uma vez que ele foi oficialmente avisado por mim, em comunicado encaminhado no dia último dia 18 de outubro, acerca da irregularidade técnica e dos prejuízos que poderia causar ao Vasco ao se referir ao documento apresentado pelo Presidente do Conselho de Beneméritos, Eurico Miranda, como balanço. Não satisfeito, o Presidente do Conselho Fiscal perfilou declarações irresponsáveis e inverdades em entrevista concedida ao jornal O Globo e publicada na última sexta-feira, dia 26 de outubro. Ao Presidente do Conselho Fiscal, ressalte-se, será imputada a responsabilidade por quaisquer prejuízos ao Clube que estes atos eventualmente possam gerar, inclusive junto à APFut, em consonância com o Estatuto do Vasco.
Por fim, na convicção de que os devidos esclarecimentos foram dados e a dúbia interpretação acerca das demonstrações financeiras do Vasco, desfeita, quero reafirmar o meu compromisso e de toda esta Diretoria Administrativa com os princípios que regem nosso trabalho e com uma gestão austera, norteada pelas melhores práticas de transparência e conformidade. Nossa responsabilidade é gigante. Do tamanho do Clube que todos nós amamos!
Alexandre Campello
Presidente da Diretoria Administrativa do Club de Regatas Vasco da Gama
Fonte: Site oficial do Vasco