A decisão da 52ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que anulou novamente a eleição de novembro de 2017 do Vasco e marcou novo pleito para 8 de dezembro de 2018, decretou também o impedimento de centenas pessoas de votarem e serem votadas. Na concepção dos responsáveis, elas participaram direta ou indiretamente do que se considerou uma fraude na votação.
Ao todo, cerca de 900 nomes estão barrados do próximo processo eleitoral, entre os 691 sócios da urna 7, os 163 integrantes da Chapa Azul, os cinco da Junta Deliberativa e dezenas que depuseram e foram citados no inquérito da Polícia Civil.
No grupo dos bloqueados, há figurões da política cruzmaltina como Eurico Miranda, presidentes de poderes, vices e ex-vice-presidentes, atuais e antigos membros da diretoria, ex-funcionários do clube e parentes de Eurico e de outros cartolas vascaínos.
Da decisão, porém, cabe recurso, algo que já havia sido feito pelo próprio Vasco e por meio de dois conselheiros de maneiras individuais. Os três documentos estavam paralisados depois que a liminar de anulação havia sido suspensa pela 17ª Câmara Cível. Agora, com o novo decreto, eles terão de ser avaliados pela relatora Márcia Ferreira Alvarenga.
Os figurões
A maioria dos figurões da política vascaína que foram impedidos de participar do pleito de dezembro integra a Chapa Azul, que apoiou a candidatura de Eurico Miranda. Além do próprio ex-mandatário, que hoje é presidente do Conselho de Beneméritos, estão momentaneamente barrados os três subscritores: Marco Antônio Monteiro (ex-vice-presidente de Marketing), Fernando Lima (ex-vice-presidente de Quadra e Salão e ainda atuante na pasta) e João Carlos Nóbrega (conselheiro que entrou com recurso contra a anulação e um dos líderes do grupo político "Casaca").
Da Junta Deliberativa da eleição, estão impedidos Luis Manoel Fernandes (ex-presidente do Conselho Deliberativo), Otto de Carvalho (ex-presidente do Conselho Fiscal), Itamar Ribeiro de Carvalho (ex-presidente da Assembleia Geral) e Nelson Ribeiro de Souza (ex-presidente do Conselho de Beneméritos).
Na entrevista coletiva do dia 8 de outubro, na qual figurões de variadas correntes estiveram juntos para anunciar o que classificaram como "pacificação" da política cruzmaltina, Luiz Manoel Fernandes alertou sobre os perigos que esta liminar poderá causar administrativamente e desportivamente ao clube.
"O que nos une é o entendimento de que o momento do clube é muito grave e que a decisão liminar que suspendeu o último pleito produziu efeitos que podem inviabilizar a gestão do clube num momento em que seu esporte principal enfrenta um grande desafio", disse.
Na ocasião, a diretoria alegava que a decisão judicial impedia o Vasco de obter um empréstimo de R$ 38 milhões. Porém, quando a liminar foi suspensa, o clube assinou o acordo e aguarda agora a verba em caixa.
Parentes e outros cartolas
Da lista dos indicados ao Conselho por parte da Chapa Azul, há outros nomes conhecidos, além de muitos parentes de dirigentes, principalmente de Eurico Miranda.
Entre os 30 que acabaram entrando no Deliberativo em função do segundo lugar obtido por Eurico na eleição, encontram-se André Luiz Vieira Afonso (ex-vice de Obras e Engenharia), Rafael Landa (atual membro do Conselho Fiscal), Leonardo Rodrigues (advogado do departamento jurídico), Sérgio Frias (ex-vice do Conselho Deliberativo), Márcio Magalhães (que recentemente venceu votação e se tornou o 2º secretário do Conselho Deliberativo), um parente de Eurico e um do ex-vice-Médico, doutor Egas Manoel.
Também presente no dia 8, Sérgio Frias deu a entender que integrantes de seu grupo, o "Casaca", poderão recorrer do impedimento.
"Há uma tendência de que isso venha a ocorrer (recorrer). De fato não entendemos como justa a decisão. Havia uma interpretação estatutária de que os subscritores são três nomes. Se a decisão ultrapassou isso e chegou a todos da chapa, evidentemente que poderão ocorrer recursos em relação a isso", disse ao UOL Esporte na ocasião.
Do número 31 ao 120 na lista de nomes divulgadas pela Chapa Azul - que não entraram no conselho - ainda há outros parentes de Eurico, sendo um o seu filho Álvaro, ex-coordenador da base. Há também um ex-assessor de imprensa do dirigente e um familiar do ex-vice geral Antônio Peralta.
Ex-funcionários e "mensaleiros"
Estão barrados de participar da eleição ainda dezenas de pessoas, entre ex-funcionários do clube e "mensaleiros", que depuseram na Polícia Civil. Alguns foram intimados a depor, enquanto outros prestaram depoimentos por conta própria.
Em suas denúncias, revelaram que entraram no quadro de aptos a votar sem que pagassem mensalidades ou com datas retroativas, entre outras situações.
Fonte: UOL