Vasco já teve 4 jogadores que passaram por cirurgia em 2018; veja comparação com outros times
Quais os riscos da prática profissional de futebol? Quais os tipos de lesões mais graves? Quais são as partes do corpo mais atingidas? O GloboEsporte.com analisou todas as baixas médicas dos 20 clubes da Série A em 2018 e concluiu que 8,3% dos lesionados passaram por procedimento cirúrgico na temporada.
O caso mais recente é Pedro, do Fluminense. Cortado da sua primeira convocação para a seleção brasileira, o atacante do Tricolor carioca vai operar o joelho direito e só vai voltar a jogar em 2019. Outro caso importante foi o zagueiro Juan, do Flamengo. O experiente defensor de 39 anos sofreu uma ruptura do tendão de Aquiles do tornozelo direito e pode não jogar mais pelo Rubro-Negro na temporada.
Especialista em traumas no esporte, o Dr. Gustavo Arliani - chefe do Setor de Traumatologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo - explica que o tipo de lesão influencia na decisão por cirurgia ou tratamento conservador.
- Um esporte varia em relação a outro primeiro porque tem gestos diferentes e taxas de incidência de lesão diferentes, mas também em função do tipo de lesão que ocorre porque parte dessas lesões são cirúrgicas e outra não. Por exemplo, 30 a 35% das lesões (no futebol) acontece na coxa, mas, praticamente, nenhuma delas precisa de cirurgia porque nessa região as lesões são musculares, cujo tratamento é conservador - com fisioterapia, medicação, compressas de gelo e toda essa parte de reabilitação. Enquanto no joelho, ocorrem de 10 a 12% de todas as lesões, só que boa parte delas acabam sendo lesões que necessitam de cirurgia.
A coxa, de fato, é o local que mais provocou baixas médicas na temporada. Porém, nenhum dos atletas contundidos na coxa precisou de cirurgia. Do outro lado, das 101 contusões no joelho na elite do futebol brasileiro, um quarto delas necessitou de procedimento cirúrgico: 26.
Assim como observado com o futebol brasileiro nesta temporada, um estudo americano relatou que os profissionais da NBA também sofrem com cirurgias no joelho. A pesquisa publicada por um pesquisador da Northeastern University, em Boston, nos Estados Unidos analisou 10 temporadas seguidas da NBA (1988/89 até 1997/98) e contabilizou 9.904 lesões no período. Destas, 368 foram com procedimentos cirúrgico (3,7%). Ou seja, taxa menor que a registrada na Série A neste ano. No basquete profissional americano, as áreas do corpo com mais operações foram: joelho (146 - 39,7%); pulso, mão e dedão (49 - 13,3%) e pé (29 - 7,9%).
Um grupo da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, analisou nove modalidades esportivas universitárias americanas, entre 2005 e 2010: cinco masculinas (futebol americano, futebol, basquete, luta livre e beisebol) e quatro femininas (futebol, vôlei, basquete e softbol). Nos nove esportes estudados, foram reportadas 1.380 lesões que precisaram de cirurgia. O que representa uma taxa de 6,3% - pouco menor ao observado na temporada dos clubes da Série A em 2018.
Arliani lembra, porém, que alguns esportes têm incidência de lesões em regiões do corpo que pouco necessitam de cirurgia, como as concussões do futebol americano.
- No futebol americano, a maior parte das lesões preocupantes são concussões (na cabeça). São casos que normalmente não requerem cirurgia. Já no basquete é muito comum as entorses de tornozelo. Às vezes o tratamento é conservador, com exceção de casos de fratura.
Outro esporte com dados disponíveis para análise comparativa é o vôlei. A partir de dados da Federação Internacional de Volei (FIVB), um grupo de pesquisadores da Escola Norueguesa de Ciências Esportivas, sediada em Oslo, na Noruega, concluiu que o risco de lesão é baixo na modalidade. De acordo com a pesquisa com dados de 32 competições entre setembro de 2010 e novembro de 2014, 440 lesões foram relatadas: 275 durante as partidas (62,5%) e 165 durante os treinos (37,5%). As lesões graves, porém são raras; apenas 10 relatadas causaram uma ausência maior de quatro semanas.
Relembre algumas lesões graves em 2018
Algumas contusões são traumáticas, ou seja, causadas por acidente de trabalho. É o caso, por exemplo, da fratura na canela sofrida por João Paulo após dividida com Rildo. O meio-campista do Botafogo está há seis meses parado.
Outro que enfrenta um longo jejum de minutos em campo é o centroavante Fred. O atacante do Cruzeiro rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito e está sem jogar desde o fim de março. O local da lesão do artilheiro da Raposa é, aliás, o que mais requer cirurgias na elite do futebol brasileiro. Das 53 cirurgias, 26 foram no joelho - quase metade: 48%.
- No futebol, desses casos cirúrgicos, a maior parte são cirurgias de artroscopias para reconstrução do ligamento cruzado anterior, lesões de menisco. A maioria são cirurgias no joelho em função de entorses. O resto são lesões por contato, como fraturas de tíbia, úlmero, ossos da mão e do pé - completa Arliani.
Renê Júnior, Gustavo Blanco e Bruno Nazário são exemplos de jogadores que passaram por cirurgias de reconstrução do ligamento do joelho. Esse tipo de lesão demanda um tempo maior de recuperação e, normalmente, deixa o jogador sem poder atuar por pelo menos seis meses. Confira a lista completa de todos atletas com casos cirúrgicos neste ano:
Vale lembrar que Rithely sofreu a lesão no tornozelo pelo Sport, mas operou em Porto Alegre, quando ainda não tinha sido oficializado pelo Internacional. Outro caso importante é de Marcos Calazans. O atacante do Fluminense passou por duas cirurgias após agressão sofrida por torcedores com a camisa do Flamengo. A segunda cirurgia foi em janeiro, mas não entrou na lista por ser um problema do ano passado. Por fim, o atacante Borja também foi operado em julho, no Palmeiras. Mas a lesão no menisco do joelho direito ocorreu em treino da Colômbia, na Rússia. Por isso, também não foi considerado como baixa médica do clube.
Fonte: GloboEsporte.com