Polícia Civil finaliza inquérito sobre a eleição do Vasco e conclui que houve irregularidades
A delegacia de Defraudações da Polícia Civil concluiu o inquérito sobre as eleições do Vasco, realizadas no dia 7 de novembro do ano passado, e concluiu que houve irregularidades no pleito. E não apenas na urna 7, retirada da contagem por decisão judicial. De acordo com o relatório da delegada Patrícia de Paiva Aguiar, a fraude aconteceu na captação de sócios.
- Não resta dúvida de que houve irregularidades na captação de sócios, mas precisamente para votarem na eleição do Conselho Deliberativo, realizada no dia 7 de novembro (...) Beneficiando, desta forma, a chapa denominada "Reconstruindo o Vasco", liderada pelo então presidente Eurico Angelo de Oliveira Miranda - afirma a delegada na conclusão do inquérito.
O inquérito foi anexado pelo advogado Alan Belaciano no processo em que ele pede a anulação da eleição do Vasco. Uma das alegações é justamente a existência de fraude fora da urna 7.
Em seu depoimento no dia 5 de dezembro de 2017, Eurico Miranda, atualmente presidente do Conselho de Beneméritos do clube, afirmou que não solicitou votos a seu favor.
Procurado, o ex-presidente do Vasco negou ter participado de esquema de fraude de votos. Afirmou ainda que, para ele, a eleição terminou.
O inquérito cita diversos casos em que as irregularidades foram constatadas na inclusão de informação falsa no sistema com data de admissão anterior à verdadeira, com o objetivo de tornar o novo sócio apto a votar na eleição de 2017.
Por causa disso, Sergio Murilo Paranhos de Andrade, responsável por este sistema de gerenciamento de novos sócios, foi indiciado por crimes de estelionato e falsidade ideológica. Em seu depoimento, Sergio disse que não é possível alguém fazer alteração na data de admissão, pois o sistema não aceita.
Entre os exemplo citados está o de Gloria Regina Brochado, que era funcionária do Vasco desde março de 2015 atuando como coordenadora do parque aquático. Ela conta que foi demitida no início deste ano, já na gestão de Alexandre Campello, com a alegação de ter apoiado Eurico na eleição.
Gloria afirmou que dois meses antes do pleito, com a condição de votar em Eurico, foi incluída por Sergio Murilo Paranhos de Andrade na categoria diamante, com data de admissão de 25 de março de 2010 e, portanto, apta a votar. Com a data de admissão de 2010, ela também não votou na urna 7.
Outra declaração registrada é a de Severino Nunes da Silva, que afirma ter se tornado sócio em 2014 a pedido de "Geraldinho". A carteira de sócio proprietário, entregue em sua casa, teria vindo com a data de 2001.
Severino diz nunca ter preenchido ficha de inscrição e que nunca fez pagamento de adesão um mensalidade. Em fevereiro de 2017, teria sido procurado novamente por "Geraldinho", desta vez com uma carteira com a data de 2013 para ele votar na última eleição. Novamente sem pagar nada. Severino contou que votou em Eurico Miranda, mas não estava na urna 7, pois sua nova data de admissão era de 2013.
O relatório foi entregue à promotoria do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, responsável por dar seguimento ao caso.
O Vasco, em nota, disse:
1. A atual Administração do Clube vê com normalidade os avanços da investigação citada, defende de forma intransigente a ética e a transparência e apoia o trabalho dos órgãos policiais e da Justiça. O Clube, como sempre, coloca-se à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário e reafirma seu interesse em que os devidos esclarecimentos sejam dados à torcida e aos associados.
2. O Clube esclarece, ainda, que o indiciado no referido inquérito policial está afastado de suas funções desde maio deste ano.
Fonte: GloboEsporte.com