Juliana Paes publica vídeo em apoio ao grupo Vascaínas contra o Assédio; Vasco fará cartilha
Na fila para entrar em São Januário, uma jovem de 22 anos se vê rodeada por membros de uma torcida organizada do Vasco. Aproveitando-se do tumulto, um deles passa a mão no bumbum da torcedora enquanto, com a outra mão, se masturba. A imagem grotesca não sensibiliza ninguém a sua volta, todos homens. O agressor diz que se ela não estiver aguentando a onda, que saia. Alguns riem. Quando consegue enfim se desvencilhar, resta o choro. A cena se passou na última segunda-feira, antes da partida contra o Bahia.
A torcedora é Diana Severino. Ao recorrer às redes sociais para falar sobre o ocorrido, chamou a atenção do recém-formado grupo Vascaínas Contra o Assédio. Há dois meses, com o apoio de Sônia Andrade, vice-presidente geral do Vasco, o clube abriu as portas para que as reuniões aconteçam. Já foram duas. A próxima será em 5 de agosto.
— As meninas do grupo me acolheram. Foi aí que comecei a me sentir melhor — disse Diana, que fará a denúncia na Delegacia da Mulher.
O Vasco promete criar uma ouvidoria voltada às mulheres e a presença nos jogos de um grupo interdisciplinar com psicólogos, assistentes sociais e a Delegação da Mulher. Além de implicações criminais, o assédio pode significar a exclusão de sócios. O Vasco irá publicar uma cartilha contra o assédio.
— Para fazer a denúncia você tem que se sentir empoderada. Uma mulher que já sofreu e nunca foi escutada dificilmente vai chegar aqui e denunciar — ressalta a dirigente.
Vascaína, a atriz Juliana Paes fez um vídeo para dar seu apoio público ao movimento criado pelas torcedoras:
Relatos são comuns na arquibancada
Professora de jiu-jitsu, a vascaína Luciana Neder faz parte do grupo. A faixa preta vai oferecer para as demais torcedoras uma oficina de defesa pessoal física, verbal e comunicação não violenta.
— Eu já sofri muito. No Maracanã, um homem passou a mão no meu peito, prendi o braço dele e, para tirar, ele rasgou a minha blusa — conta.
Também integrante, a advogada Thais Cardoso diz que são frequentes os caso de "mansplaining" no estádio, comportamento masculino de interromper mulheres ou explicar suas falas. Ela crê que não serão só as mulheres beneficiadas pela campanha:
— Esse é um movimento também para trans (transgênero) que sofrem violência e preconceito. Um amigo, nascido como mulher, não frequenta São Januário para não ouvir gracinhas.
Fonte: Extra Online