Valdiram ganha chance no Olaria, mas volta para as ruas e agora tentar reencontrar a irmã em SP
Quarta-feira, 11/07/2018 - 07:47
- Ele me disse que é mais forte do que ele.

A frase dita por Jader Moreira, gestor de futebol do Olaria, carrega um contexto duro para um ex-jogador de futebol. "Ele", nesse caso, é Valdiram, artilheiro da Copa do Brasil de 2006 pelo Vasco e confesso viciado em drogas, bebidas e sexo.

Depois de mais uma tentativa de recomeço, com passagem por clínica de reabilitação e uma chance no Olaria, o vascaíno foi visto pela última vez no sábado, entrando num ônibus rumo a São Paulo para, segundo ele, encontrar a irmã.

No início de fevereiro, depois de ter sido encontrado pelo jornal Extra numa rua em Bonsucesso que tinha virado sua casa, Valdiram recebeu ajuda do Vasco, fez exames no Hospital Federal dos Servidores do Estado e foi internado na clínica de reabilitação Jorge Jaber.

Lá, ficou sem custos até o dia 23 de junho, quando foi liberado – de acordo com o psiquiatra Jorge Jaber, "totalmente desintoxicado, bem nutrido e pronto para trabalhar e jogar futebol".

Dois dias depois, porém, na segunda-feira, 25, o pesadelo voltou à tona. Jader Moreira, o gestor do futebol do Olaria, recebeu uma ligação: Valdiram estava novamente em uma rua em Bonsucesso, sozinho. O empresário, que diz já ter ajudado o ex-jogador em diversas outras oportunidades, tentou de novo.

- Conversei com ele, disse que daria mais uma oportunidade a ele. Ao longo desses 11 anos, já dei "50" oportunidades para esse cara. Alojamos ele, arrumamos um lugar para ele morar – contou.

Começava, ali, naquela segunda-feira, mais uma tentativa de tirar Valdiram dos vícios. O ex-atacante do Vasco foi integrado ao elenco do Olaria e seria, inclusive, utilizado na Copa Rio se tivesse condições físicas – durante a internação, . Passou a morar no alojamento do clube. Tudo isso durou pouco.

Valdiram, de acordo com Jader Moreira e outros funcionários do Olaria, treinou de segunda a sexta. No dia 29, pediu dinheiro para "comprar pasta de dente e um chinelo". A ida à farmácia, porém, durou exatamente uma semana e um dia, sem maiores notícias ou ligações para dar explicações.

- Ele fez discurso no meio dos jogadores. Disse que estava recuperado, que a clínica é muito conceituada. Respeitada. No sábado, quando fui para o treino, ele tinha sumido – explicou Jader.

Exatamente uma semana depois, no sábado, dia 7 de julho, Valdiram reapareceu. E foi sincero com o amigo:

"Disse que é muito mais forte que ele"

O ex-atacante do Vasco pediu para Jader bancar uma passagem para São Paulo, onde encontraria a irmã Rafaela. O empresário pediu para que funcionários do Olaria levassem Valdiram até a rodoviária. A última imagem é dele entrando num ônibus rumo à capital paulista, onde, no fim de 2017, ele deu de cara com a porta ao procurar a parente mais próxima.

Valdiram não tem parentes no Rio. O pai Antônio recupera-se de um derrame em Canhotinho, Pernambuco. Os filhos Letícia e Valdiram Júnior vivem com a mãe, também no interior pernambucano.

Recorrente

O drama de Valdiram com seus vícios dura anos, muito antes de morar na rua. Em Portugal, já foi acusado por uma jovem de 21 anos de tentativa de violação sexual; no Vasco, dividia quarto com um companheiro, que certa noite acordou com o ex-jogador na mesma cama de solteiro; em 2006, chegou bêbado à concentração antes da final da Copa do Brasil.

Cinco anos depois da passagem pelo Vasco, Valdiram tentou se reabilitar dos vícios em uma clínica ao lado de 280 ex-detentos. Em um sítio em Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense, ele não tinha acesso à internet e ao telefone. Tentou, ao lado de traficantes, estupradores e assaltantes, encontrar um rumo. Sem sucesso.



Fonte: GloboEsporte.com