Roberto Monteiro responde Campello e afirma haver elementos para nova denúncia
Sexta-feira, 06/07/2018 - 07:11
Vem aí mais um capítulo para o embate político no Vasco. O presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, estuda convocar nova reunião para decidir a instalação de processo de inquérito contra o presidente Alexandre Campello.

Na base de tudo, está a divergência em relação à viagem do mandatário à Rússia: no entendimento de Monteiro, Campello se recusou a cumprir a determinação do Conselho Deliberativo, que o declarou licenciado da presidência do clube. O mandatário nomeou dois procuradores e divulgou nota em que dizia não estar licenciado e não reconhecendo possíveis atos de Eloi Ferreira, seu vice-geral e nomeado interino por Monteiro.

Ainda não há previsão para a reunião do Deliberativo. Segundo Monteiro, a ideia é dar mais um tempo para Campello, além de juntar novos documentos que fundamentem o pedido.

- No devido momento, já temos elementos suficientes para fazer outro pedido de processo. Estamos dando tempo a ele, para pedir novamente abertura de inquérito contra ele. Estamos olhando de uma forma que não prejudique o Vasco. Vamos cobrar estatutariamente na hora.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Roberto Monteiro deu sua versão sobre a última crise política do Vasco, rebateu alguns pontos de Campello e não poupou críticas ao presidente. Confira:

GloboEsporte.com: Em relação a um possível novo processo de inquérito contra Campello, qual seria a base dele?

Roberto Monteiro: Só o fato de ele não ter cumprido a determinação ou ter dito que não cumpriria a vacância do cargo, isso já é mais que suficiente. Só o fato de não responder ao Conselho Fiscal com os documentos. Ele tem que enviar a cada 15 dias. Novos elementos surgiram da gestão dele que foram apresentados ao Conselho Deliberativo.

Mas eu estou aqui pedindo às pessoas que estão apresentando isso mais documentos para evitar mais celeuma. Agora, vai ter uma hora que infelizmente vamos ter que apresentar essa documentação ao Conselho Deliberativo. Estamos aguardando essa questão da intertemporada, temos ofícios requerendo a ele a questão do Paulinho, o contrato até hoje não foi aberto.

As últimas semanas da política do Vasco foram dominadas pela viagem do presidente à Rússia. Pode explicar sua decisão de licenciá-lo do cargo?

O presidente do país, quando viaja, não deixa de ser presidente, ele vai continuar sendo. Isso não atrapalha em nada. Mas quando sai do território nacional, se é uma missão longa, ele tem que se licenciar porque a vida continua, e o Vasco prevê isso. Estatutariamente, cabe a ele a comunicação da sua saída.

A gente poderia passar por cima dessa história. Agora, 22 dias de ausência do país na qual ele vai com a família, com a esposa, filho e namorada do filho, não me parece uma relação institucional. Quando tomo a medida estatutária que eu tomei é porque alguém tem que ter responsabilidade com o estatuto.

Se essa medida minha não fosse acertada, então por que ele voltou? Se eu estou cometendo erro no estatuto ou estou sobrepondo o estatuto, cabe a ele me representar no Conselho Deliberativo para o conselho tomar as providências. Minha medida não foi de guerra política, foi uma medida institucional apenas. Não quero transformar isso numa luta política.

Nunca vi alguém escolher representante por procuração. O próprio vice-presidente jurídico diz que foi procuração equivocada. O site do Vasco não publicou a comunicação do Conselho Deliberativo, ele disse que estava fora do ar.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Campello citou que a oposição está incomodada com o processo de abertura aos sócios. O que você tem a dizer sobre isso?

É importante assumir de uma vez por todas que quem assinou para aumentar o valor das mensalidades e a adesão do sócio foi ele mesmo. E ainda votou a favor no Conselho Deliberativo. Foi ele mesmo que fez tudo isso, não fui eu. Não tenho caneta para fazer isso. Se ele quisesse mudar isso, ele deveria mandar novamente para o Conselho Deliberativo, ouvindo o Conselho de Beneméritos. Pede para refazer, faz o pedido e o Conselho vota.

Depois ele fala de um jogador que não veio por causa da política. Esse é um tipo de argumento de querer jogar o torcedor contra. Não é pertinente isso. Nunca vi relatar uma ocorrência policial ter impedido de trazer um atleta. Se não traz é porque não tem capacidade de formular. Ele que tenha outra explicação, que ele não se vitimize.

Você disse que Campello não apresentou documentos ao Conselho Fiscal. Que documentos são esses?

Estou fazendo meu trabalhado de fiscalizador: a questão do Paulinho, como foi vendido, documentos que ainda não apresentou ao Conselho Fiscal. Ele ainda não mandou nenhum documento de 2018. Ele não cumpre nada do estatuto. Não tem nenhuma transparência nas ações dele. O Conselho Fiscal requereu diversas vezes.

Nós estamos em defesa da institucionalidade do Vasco, da fiscalização que nos cabe. Não vamos deixar de exercer. Se ele fizer coisa boa, nós vamos aplaudir, mas não vamos criar uma figura que está se transformando numa figura ditatorial, que toma sala por mesquinharia.

O Vasco é muito grande, quando ele diz que o vice tentou invadir a sala, quando é nomeado, ele tem que exercer na sala da presidência. A sala não é do presidente Alexandre Campello, mas da presidência do Vasco. Não é um grupo político, quando o vice foi chamado, ele foi lá e não invadiu. Ele teria autoridade para isso.

Qual a chance de haver um canal de diálogo entre estas correntes políticas?

Eu sou uma pessoa institucional. Se ele me oficiar e quiser dialogar, não tem jeito. Agora eu acho que é muito ruim quando você toma a sala de um presidente de poder. Ele quer mostrar que tem força. Não estou preocupado com a questão da sala, só acho que prejudica a questão da reforma do estatuto. Pequenas medidas feitas ao longo por causa da luta política. Ele quer acabar com isso sendo beligerante? Ele mesmo tira o site do ar para não publicar a minha declaração de vacância do poder.

Ele disse que o Brant ia trair ele, todo mundo concordou, aí depois veio com discurso da pacificação. Essa é a vida dele. Não há problema nenhum do ponto de vista institucional de lidar com ele, mas eu não vou ceder um milímetro na defesa do estatuto do Vasco e do Conselho Deliberativo.

Há a possibilidade de uma trégua política? O que seria necessário?

É só cumprir o estatuto. Não há problema algum. Eu vou funcionar como mero vigilante do estatuto. Mais nada. Eu estou com a bandeira branca de pé há muito tempo. Se existir equívocos, eu vou agir. Seja A, B. Agi assim quando o pessoal do Julio (Brant) requereu reunião. Sou institucional. Não faço nada às escuras.



Fonte: GloboEsporte.com