Campello critica Medida Provisória que retira recursos do esporte olímpico
Quinta-feira, 14/06/2018 - 05:42
Dois dos maiores clubes do Brasil e donos das duas maiores torcidas, Corinthians e Flamengo não se calaram após a assinatura da Medida Provisória do governo federal que deve tirar quase meio bilhão de reais do esporte a partir de 2019. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta quarta-feira, Andrés Sanchez, deputado federal e presidente do Corinthians, falou em encerrar o investimento no esporte olímpico caso a MP não caia. No Rio de Janeiro, Alexandre Póvoa, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, teve o mesmo tom, citando que o esporte olímpico do Flamengo estaria ameaçado caso a MP vire Lei.

"Corinthians, Flamengo, Fluminense. Estamos fazendo uma pressão grande para essa MP cair o mais rápido possível. Se não o Corinthians vai acabar com esportes olímpicos. Uma maneira de pressionar também é acabar", disse Andrés Sanchez

O Corinthians mantém grande investimento na natação e em outros esportes e recentemente voltou com o basquete, que está na final da Liga Ouro. O Flamengo tem cerca de 700 atletas em oito modalidades olímpicas, além de três mil alunos de escolinhas. De acordo com Póvoa, o orçamento olímpico do Rubro-Negro é de cerca de R$ 30 milhões, sendo que R$ 10 milhões são provenientes dos recursos do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e de Leis de Incentivo ao Esporte.

"O esporte olímpico do Flamengo seria ameaçado por conta dessa Medida Provisória. Recuaríamos 50 anos para trás. Não queremos que o futebol volte a financiar o esporte olímpico. Não podemos voltar a esse modelo. Ou que os clubes sociais precisem passar a bancar o esporte olímpico"

A Medida Provisória do governo federal mexe na divisão do dinheiro das loterias federais para a criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Com a medida, o CBC, que neste ano recebeu R$ 62 milhões, não teria mais nenhuma verba, assim como a Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU) e a Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE). O Comitê Brasileiro de Clubes é o principal responsável por repassar recursos para os clubes manterem suas categorias de base, comprarem materiais, entre outros. No Flamengo, por exemplo, o CBC ajudou com R$ 3,1 milhões para a construção da piscina olímpica, inaugurada em 2016 dentro dos mais avançados métodos atuais.

"É um impacto enorme e vamos brigar com unhas e dentes. É trágico para o esporte olímpico. Uma das primeiras coisas que evitam o sujeito a virar bandido é fazer esporte, se desenvolver como atleta. Tirou tudo da formação de atletas, de esporte escolar e clubes", cita Póvoa

Deputado Federal, Sanchez garantiu que fará todo o possível para evitar a situação. A Medida Provisória tem validade imediata. No entanto, o texto precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornar Lei. Caso a Câmara dos Deputados ou o Senado rejeitem a MP, ela deixa de ter validade.

"Se não pressionarmos, isso aí vai passar. Temos que pressionar aqui (no Congresso), na Casa Civil. O que eu puder fazer, forçar, vamos fazer. Essa semana vamos sair com os clubes para tentar falar até com o presidente, porque isso é um absurdo"

Outro clube que se manifestou contratriamente à MP foi o Vasco da Gama. Recentemente, o clube reinaugurou o seu Parque Aquático e tem o histórico de investir em atletas olímpicos.

- Concordo que devemos fazer o que for possível para essa Medida Provisória cair. É um absurdo. Incentivamos os esportes olímpicos, de base alto rendimento, enquanto o governo atua decisivamente cortando recursos, inclusive os destinados aos clubes. Sou totalmente contrário à MP - disse Alexandre Campello, presidente do Vasco.

Fonte: GloboEsporte.com