Deputado estadual e conselheiro do Vasco, Carlos Osório é citado em delação sobre esquema de Sérgio Cabral
Quinta-feira, 14/06/2018 - 06:39
RJTV2 revelou novos trechos da delação de Carlos Miranda. Desta vez, as afirmações envolvem o deputado estadual Carlos Osório.

Miranda contou que o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, em acordo com Wilson Carlos, avisou que ele seria procurado por Carlos Osório. O assunto seria o pagamento de valores de propina no total de R$ 2 milhões pela desapropriação de bens referentes a uma concessionária de nome Automodelo, da propriedade da família de Osório. Osório nega as acusações

Miranda disse que Osório foi ao escritório dele no Leblon para negociar a forma de pagamento do valor da propina e que essa negociação ocorreu em 2007.

Na época, Osório era secretário-geral do Comitê Organizador dos Jogos Panamericanos. Ele já foi secretário municipal e estadual de Transportes e, em 2016, concorreu à Prefeitura do Rio. Hoje é deputado estadual pelo PSDB.

Miranda também revelou que Osório pediu que ele fosse pegar propina em seis oportunidades na sede da empresa distribuidora de bebidas em São Cristóvão, na Rua da Igrejinha, próximo ao Gasômetro. Segundo o delator, que quem organizou a forma jurídica dessa desapropriação foi o ex-secretário da casa Civil, Régis Fichtner.

Trechos da delação de Carlos Miranda envolvem Osório (PSDB) e comunicação do governo do RJ

Ainda segundo Miranda, da propina de R$ 2 milhões supostamente paga por Osório, Wilson Carlos e Régis Fichtner receberam um prêmio de R$ 500 mil cada um, uma vez que Cabral, ao receber alguma propina, dividia o valor com as pessoas que participaram da negociação.

Ainda segundo o operador financeiro de Cabral, Vivaldo Filho, conhecido como Fiel, e funcionário do doleiro Renato Chebar, o acompanhou para receber a propina na sede da distribuidora de bebidas.

Miranda afirmou que quem entregou o dinheiro a ele foi o irmão de Osório, cujo nome ele não se lembra.

O RJTV 2 apurou que a distribuidora de bebidas pertence ao irmão de Osório. Miranda afirmou na delação que não tem detalhes sobre a desapropriação que teria gerado essa propina paga por Osório.

Carlos Roberto Osório disse que nunca se encontrou com Carlos Miranda e que não pagou propina a ninguém. O deputado disse ainda que só entrou na vida pública em 2010.

Sérgio Cabral, Wilson Carlos e égis Fitchner também negam as acusações.

Comunicação

Em outro trecho da delação Miranda afirmou que Cabral pagava aos funcionários lotados no Palácio Guanabara e aos assessores dele uma mesada em espécie e que essas pessoas, além da mesada, recebiam seus respectivos salários do Estado - tudo a mando do governador. Segundo ele, empreiteiras pagavam despesas de campanha, gráficas e até assessoria de imprensa.

E pela primeira vez aparecem nomes ligados à área de Comunicação do governo.

Miranda afirmou que Valéria Blanc, assessora de imprensa do governador, recebia R$ 20 mil no dia 20 e que uma outra assessora, de nome Márcia, recebia R$ 10 mil no dia 30.

Em outro anexo, Miranda afirma que, no início de 2007, foi chamado por Sergio Cabral e Wilson Carlos no Palácio Guanabara.

E lá os dois informaram miranda que tinham feito acerto com a empreiteira Andrade Gutierrez para pagamento de vantagens indevidas.

Miranda disse que, em razão do acerto, a Andrade Gutierrez deveria pagar mesada de 350 mil reais no início do governo.

E que, além de pagamentos em espécie, a Andrade já pagou de despesas de campanha.

Defesas

A defesa de Sérgio Cabral diz que as acusações são falsas e que ele nunca pagou mesada a ninguém e que a delação não tem provas.

A jornalista Valéria Blanc disse que lamenta o envolvimento do nome dela no que ela considera uma mentira.

O RJTV não conseguiu contato com a Andrade Gutierrez.

O Grupo Editorial Ediouro esclarece que a Ediouro Gráfica – que já não pertence ao grupo há três anos – foi contratada pelo comitê de campanha do PMDB para impressão de materiais para a candidatura de Sérgio Cabral, sempre com notas fiscais emitidas e todos os impostos recolhidos. Até o momento a empresa informa que não foi notificada judicialmente para prestar esclarecimentos, reitera que respeita rigorosamente a legislação e se coloca à disposição das autoridades para futuros esclarecimentos.



Fonte: G1