Ao melhor estilo motivador, Jorginho mexeu com os brios do Vasco em todos os momentos, do apito inicial ao final. Seja com gritos, afagos, abraços ou palmas, se fez presente ao lado do elenco. E deu certo: após uma sequência de más atuações, o Cruz-Maltino se impôs em casa e bateu o Sport por 3 a 2.
- Deu para sentir que ele está do nosso lado, é um cara parceiro e que vem para ajudar o grupo. Nos motivou muito para o jogo, buscou conversar com a gente, foram três reuniões na concentração. Ouviu até mais do que falou. Ele quer resgatar nosso espírito de luta. A parte técnica e tática vai ficar para a intertemporada - disse o zagueiro Ricardo.
Antes mesmo do início da partida, Jorginho se mostrou bem diferente de seu antecessor. Ovacionado pela torcida, caminhou pelo campo agradecendo a cada setor de São Januário.
À beira do campo, já com o jogo rolando, gesticulava muito. Chamou Henrique, Ricardo e Bruno Cosendey, que atuavam pelo seu lado, para conversar e passar instruções. E quando algum jogador errava, lá estava o comandante batendo palmas e gritando em apoio. Em um corte errado do lateral-esquerdo, ainda com o placar inalterado, ele disparou.
- Vamos, Henrique. Não deixa cair (o ritmo). Dá o gás. Você tá bem, você tá bem.
O Vasco saiu de campo após os primeiros 45 minutos com uma vitória parcial por 2 a 1. E o treinador deixou o gramado ao lado dos jogadores, já conversando e gesticulando com um grupo que tinha Luiz Gustavo, Paulão, Giovanni Augusto e Andrey.
- Ele procurou conversar. Único trabalho foi de posicionamento de defesa. Ataque ele só comentou sobre infiltrações na diagonal, minha, do Andrey, falou bem pouco. Formatou uma linha de quatro. Os externos ajudando a subida dos laterais. No intervalo nos pediu para ficar ligado nos pontas e nos volantes, fazer nossas diagonais defensivas e ofensivas. Não tinha muito o que falar, mas ele nos motivou muito - comentou Cosendey.
Na volta para a segunda etapa, Jorginho conversou muito com Valdir Bigode, seu auxiliar, e até com os torcedores, pedindo apoio. Quando Ricardo sentiu falta de ar após uma pancada e precisou deixar o campo, a torcida vaiou a opção por Erazo. O técnico se virou prontamente para a arquibancada pedindo calma, e a torcida respondeu com aplausos.
Vieram nas substituições, inclusive, os poucos momentos de descompasso entre o técnico e os vascaínos. Os torcedores presentes reclamaram das opções pelo estreante Raul e até da entrada de Ramon, que, por ironia do destino e estrela de Jorginho, seria o herói da partida minutos depois.
- O importante é ajudar. Joguei poucos minutos, achei que o Jorginho mudaria a substituição no fim do jogo. O carinho que eu recebi hoje fez a diferença. Com certeza foi um dos meus melhores momentos com a camisa do Vasco. Voltar após essa lesão, que hoje faz sete meses, e marcar um gol importante, dar a vitória. Um presente para mim e para o grupo, que merecia isso, e o Jorginho também. Aqui estão todos sempre querendo se ajudar e essa é nossa força - declarou Ramon.
Novamente mostrando caminhar junto com campo e arquibancada, o êxtase de Jorginho veio junto com o gol da vitória. Mostrando o preparo físico da época de jogador, o treinador correu na direção do grupo, pulou com os jogadores e recebeu o carinho dos reservas. Todos abraçaram o técnico, que apontava e regia o canto da torcida.
- Jorginho está muito feliz de voltar ao Vasco. Ele gosta do clube, teve ótima passagem como jogador e como treinador, mostrou estar do lado do grupo. A felicidade estava no semblante dele e nos contagiou - revelou Bruno Cosendey.
No vestiário após o jogo, Jorginho e Paulo César Gusmão, novo coordenador técnico do clube, voltaram a exaltar o grupo. Elogiaram a entrega, os zagueiros e pediram para que os jogadores não se abalem com vaias.
PC, em especial, pediu concentração, lembrando que os torcedores são os mesmos que estarão com o elenco sempre, aplaudindo na hora boa - onde os atletas não devem se sentir os melhores, e sempre devem ter os pés no chão.
- A gente não podia, de forma nenhuma, perder esse jogo. Eu saí do meu banco e fui até os jogadores comemorar no escanteio, nunca fiz isso na minha vida. Eu falo para os atletas que eu já passei por isso, já fui vaiado, precisa perseverar. Se a gente empatasse, provavelmente sairia vaiado. Então peço de novo ao torcedor, apoie esse time, você torcedor é muito importante aqui. Talvez, para o torcedor, não seja o melhor que ele imagina, mas preciso valorizar esse grupo, que está sendo muito machucado, mas está entendendo que é o momento de se fechar e se unir. Juntos somos mais fortes - disse Jorginho na coletiva.
Fonte: GloboEsporte.com