Em clima de Copa do Mundo, o ex-goleiro e grande ídolo do Vasco da Gama, Carlos Germano, participou do programa "Os Caras do Rádio", no Youtube, onde relembrou o acontecimento da Copa do Mundo de 1998, disputada na França, onde foi convocado e era reserva imediato da lenda Taffarel. Na oportunidade, o ex-arqueiro vascaíno foi vice-campeão mundial com a Seleção Brasileira.
Pensou que entraria em campo na Copa de 98
Com a Seleção Brasileira classificada com antecedência para as oitavas de final da Copa do Mundo, ainda restando uma partida na fase de grupos, Carlos Germano revelou que na época imaginou que seria utilizado pelo técnico Zagalo, contra a Noruega, já que outros atletas ganhariam oportunidades.
"Nessa Copa de 98 eu pensei que fosse jogar. A gente já tinha conseguido a classificação com antecedência, nas duas primeiras partidas, e aí iria ter o jogo contra a Noruega e achei que fosse ser escalado. Na ocasião Zagalo até mudou algumas peças, e pensei que fosse pegar um ritmo de jogo pelo menos (risos)".
Decepção na decisão contra a França
Após bela campanha, e uma complicada semifinal contra a Holanda, o Brasil chegou à grande decisão da Copa do Mundo, e Carlos Germano teve a grande chance de se consagrar campeão do mundo. Porém, em meio a problemas na véspera da partida, a França, dona da casa, superou o Brasil, venceu por 3x0 e ficou com seu primeiro título na história. O goleiro explicou os fatos que aconteceram antes da decisão, que atrapalham o Brasil.
"Sabíamos que iria ser um grande jogo, pois estávamos na casa do adversário, que era a França, mas tínhamos a consciência de que poderíamos fazer uma grande partida e se consagrar campeão do mundo. Se passamos pela Holanda, uma das favoritas, dava para ganhar da França. Mas acabou acontecendo aquele episódio do Ronaldo, a convulsão, e o grupo sentiu um pouco antes da partida. Foi muita coisa para um dia de decisão, e perdemos".
Convulsão de Ronaldo, Edmundo seria titular contra a França
Como todos devem lembrar, antes da decisão contra a França, o até então melhor jogador do mundo, Ronaldo, passou mal e teve que ser internado. Com isso, Carlos Germano contou que o técnico Zagalo chegou a anunciar que Edmundo seria titular naquela decisão, mas o "Fenômeno" retornou, disse que estava tudo bem, e acabou indo para a partida.
"Eu dividia o quarto com o Dida, e estávamos concentrados esperando o horário da partida, que seria em Paris. De repente o Edmundo começou a gritar no corredor, e eu até brinquei com o Dida no momento: Pô, o cara vai acordar todo mundo', mas claro, sem saber o que estava acontecendo. Quando chegou na hora do lanche, o professor Zagalo comunicou o que estava acontecendo e que Edmundo seria titular contra a França. Fomos para o jogo, Edmundo já estava fazendo a preparação, mas Ronaldo entrou no vestiário dizendo que ia para o jogo, que estava bem".
Reação de Edmundo ao saber do retorno de Ronaldo
O retorno de Ronaldo aconteceu enquanto Edmundo se preparava para entrar em campo contra a França. Carlos Germano contou que o "Animal" ficou chateado com a situação, já que estava durante a Copa do Mundo inteira esperando a sua oportunidade. Lembrando que ele entrou no transcorrer da partida, mas nada pôde fazer diante do resultado que já estava negativo para o Brasil.
"Edmundo ficou chateado. Ele estava a Copa inteira esperando a sua oportunidade, para poder entrar em campo. Na final da competição, ele já estava preparado para entrar em campo, quando Ronaldo veio falar que estava em condição de jogo. Lógico que ficou chateado, qualquer jogador ficaria. No momento, Edmundo jogava na Fiorentina-ITA e no ano anterior, em 1997, ele foi um dos melhores do mundo jogando no Vasco".
Orgulho de ter chegado a uma final de Copa do Mundo
Mesmo não tendo conquistado o título, Carlos Germano se mostrou orgulhoso por ter chegado a uma decisão de Copa do Mundo, e estar entre os melhores jogadores do mundo. Reserva na ocasião, ele demonstra satisfação.
"Queria ser campeão do mundo, queria, mas chegar a uma final de Copa do Mundo, estar entre os melhores, é muito bom. Apesar de ser reserva, é uma satisfação muito grande".
Defesas inesquecíveis pelo Vasco
Como não poderia deixar de falar de Vasco, ao ser questionado, Carlos Germano relembrou grandes e decisivas defesas que realizou com a camisa do Vasco. Ele destacou uma defesa contra o Palmeiras, na decisão do Campeonato Brasileiro de 1997, e outra na primeira partida da semifinal da Libertadores contra o River Plate.
"Tem muita coisa boa. Cara, tiveram algumas que foram decisivas, uma contra o Palmeiras na decisão do Brasileiro de 1997, no Maracanã, em uma cabeçada do Oséas, que aconteceu aos 40 e poucos do segundo tempo, jogávamos pelo empate. No ano seguinte, a gente pega o River Plate na semifinal da Libertadores. O Gallardo, que hoje é treinador da equipe, eu peguei uma falta dele em São Januário que não acreditei que tivesse pegado aquela bola, foi lá na gaveta e fui buscar".
Inesquecível Vasco de 97 e 98
Relembrando os tempos de ouro do Vasco na década de 90, no qual fez parte, Carlos Germano exaltou os elencos do Cruzmaltino nas épocas, destacando que de um ano para o outro poucos saíram e chegaram. Para ele, o grupo de 1998 possuía mais organização do que o de 1997.
"De 97 para 98 o Vasco mudou apenas duas peças. Saiu Edmundo e Evair e chegando Luizão e Donizete. Realmente foram muitos jogadores bons, em 97 fomos campeões do Brasileiro onde a equipe teve altos e baixos, nunca andou liderando, só conseguimos na segundo metade do campeonato. Já em 98, tínhamos uma equipe mais organizada.
Derrota no Mundial para o Real Madrid
Campeão da Libertadores em 1998, só restava o título do Mundial de Clubes para encerrar com chave de ouro o ano do centenário do Vasco. Porém, o título acabou ficando com o Real Madrid, que superou o Cruzmaltino pelo placar de 2x1. Para Carlos Germano, o Gigante da Colina iniciou aquela partida meio tímido, mas dominou todo o segundo tempo, inclusive, tendo chances claras de fazer o gol da vitória, mas acabou levando o gol na reta final da partida.
"Foi chocante. Não teve inferioridade. Lembro que o Real Madrid começou melhor a partida, tinha uma grande equipe. Começamos o primeiro tempo estudando eles, mas o segundo tempo foi do Vasco. Depois do empate do Juninho, a chance do Felipe que a bola passou a três dedos da trave, bola do Ramon que foi tirada em cima da linha pelo zagueiro, então o Vasco foi bem melhor, mas tomou o gol no final da partida".
Relação com o futebol após a aposentadoria
Depois de aposentado, Carlos Germano retornou ao Vasco em 2008 e permaneceu durante a gestão de Roberto Dinamite sendo o preparador de goleiros. Com a mudança na presidência, no final de 2014, ele deixou o Clube, contra a sua vontade, e agora se dedica a alguns projetos.
"Eu estive no Vasco na época da administração do Roberto Dinamite, mas acabei saindo. Não queria sair, afinal de contas é a minha casa. Depois fui para o Espírito Santo trabalhar como Sorato, tínhamos um time o Doze Futebol Clube, que estava na Série B querendo subir, um time novo. Conseguimos subir para a primeira divisão do Capixaba, ficamos mais um ano, e ano passado retornamos para o Rio de Janeiro, e neste início de ano estamos no Maricá Esporte Clube, em um projeto muito grande".
Carlos Germano, inclusive, foi o último jogador do Vasco a ser convocado para disputar uma Copa do Mundo pela Seleção Brasileira, isso há 20 anos atrás. O goleiro jogou mais de quinze anos pelo Gigante da Colina, se destacando por realizar grandes defesas e conquistar vários títulos, entre Estaduais, Brasileiro e Libertadores. Na gestão de Roberto Dinamite, ele assumiu a função de preparador de goleiros, onde permaneceu por anos, deixando o Clube após o fim do mandato do presidente.
Fonte: Vasco Notícias