Terça-feira, 5 de junho de 2018,14h55
O Vasco embarca do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, onde enfrenta o Cruzeiro nesta quarta-feira, com Valdir Bigode como técnico interino e uma certa esperança de permanecer no cargo na bagagem. Paulo Pelaipe e Newton Drummond ainda estavam no comando do futebol, mas não viajaram - e também não tinham tantas esperanças assim;
Terça-feira, 5 de junho de 2018, 19h34
O mesmo Vasco anuncia Jorginho como novo treinador e PC Gusmão como coordenador técnico, acabando, assim, com qualquer esperança de Valdir Bigode seguir no cargo. Pouco antes, demitiu Paulo Pelaipe, então diretor executivo, e Newton Drummond, gerente de futebol.
Apesar da decisão aparentemente rápida e de surpresa, o processo de mudanças na cúpula de futebol já era esperado no Cruz-Maltino... Ou, pelo, percebido por quem poderia rodar, que se via em "banho-maria" (aquele processo de cozimento lento) há tempos e não sabia até quando continuaria ali.
Até 4 de maio...
As principais decisões do departamento de futebol eram concentradas pelo então vice-presidente de futebol, Fred Lopes. Pelaipe, por exemplo, não negociava, apenas acompanhava o dia a dia do clube, a rotina do elenco, mas não tratava com reforços. Newton Drummond ficava em São Januário e era o responsável por estudar contrato de jogadores. Ali, o isolamento já era sentido.
Depois da saída de Fred Lopes, o Vasco ficou sem vice de futebol, mas o pouco poder da dupla não mudou. O presidente Alexandre Campello passou a centralizar o que de mais importante tinha de ser resolvido, como a busca por um novo treinador e por reforços para a equipe. Vamos aos acontecimentos:
Busca por um técnico
O exemplo mais recente foi a busca pelo novo técnico depois que Zé Ricardo pediu demissão do cargo, no último sábado. Campello assumiu a procura pelo substituto, o que incomodou a dupla. Em entrevista coletiva no dia anterior, Paulo Pelaipe disse que era o presidente quem estava concentrando as tratativas – demostrando descontentamento.
- Quando o Vasco tiver o treinador, o presidente vai anunciar para vocês – disse, antes de completar:
- Nós, do departamento de futebol, vamos anunciar...
Durante a entrevista, ficou ainda mais público o distanciamento de Paulo Pelaipe e Newton Drummond das decisões do departamento de futebol. O diretor executivo foi, por diversas vezes, questionado por jornalistas sobre conversas com o futuro técnico do Vasco, mas disse, também repetidas vezes, que não estava participando de qualquer negociação.
Newton Drummond, por sua vez, estava em Assunção, no Paraguai, para o sorteio do mata-mata da Sul-Americana, e disse que o Vasco iria procurar um técnico no mesmo perfil de Zé Ricardo:
- A gente parte do princípio de um cara como o Zé. Que seja jovem, atualizado, que possa ter o grupo na mão como o Zé tinha - falou o gerente.
Não à dupla do Atlético-MG
Antes disso, também foi Alexandre Campello quem vetou a contratação da dupla Lucas Candido e Marquinhos, do Atlético-MG. Os dois seriam envolvidos numa troca com Evander, mas o presidente, ao saber que o primeiro nome tinha passado por duas cirurgias no joelho recentemente, voltou atrás no negócio por entender que o risco era grande.
Zé Ricardo, que havia falado publicamente sobre os dois jogadores, indicado por ele, se incomodou com a situação. Esse foi um dos motivos pelos quais o treinador pediu demissão no sábado.
Foto polêmica
Um pouco mais atrás, também, mais um ruído na relação entre Campello e Paulo Pelaipe. Por uma questão de revezamento, o então diretor executivo estava no Rio de Janeiro quando Gabriel Félix, Paulão, Wellington e Evander publicaram a polêmica foto ironizando vaias da torcida em Santiago, no Chile.
Pelaipe passou a madrugada em contato com Newton Drummond, que estava na capital chilena, para tentar definir a punição que seria aplicada ao quarteto. Mesmo assim, a ausência não foi bem vista por Campello.
O quarteto foi punido e ficou afastado dos treinamentos por mais de uma semana. Foi o presidente do clube quem avisou, publicamente, durante participação no programa "Seleção SporTV", que os quatro jogadores seriam reintegrados ao elenco.
Defesa pública a Zé Ricardo
Outro problema na comunicação entre cúpula de futebol e presidente foi causado diante microfones. Depois da derrota por 3 a 0 para o Bahia, na Fonte Nova, pela Copa do Brasil, o técnico Zé Ricardo ganhou um voto público de confiança de Pelaipe. O diretor executivo, na reapresentação da equipe, já no Rio de Janeiro, falou:
- Vim aqui para tranquilizar o torcedor sobre a situação do nosso treinador: Zé é o técnico do Vasco. Tem contrato até o fim do ano. Confiamos na comissão e nos atletas. Prestigiado não existe. Quando falam isso, logo o técnico sai - afirmou Pelaipe.
A declaração não caiu bem. Campello entendeu que poderia expor uma falta de comunicação se decidisse demitir Zé Ricardo depois da declaração do diretor executivo. O assunto chegou aos ouvidos do treinador, que soube da insatisfação do presidente.
Paulo Pelaipe e Newton Drummond viviam, de acordo com pessoas envolvidas no dia a dia do departamento de futebol, isolados nos bastidores do Vasco. E não era de hoje. Demitidos, os dois ainda têm vencimentos a receber do Cruz-Maltino.
Nesta terça-feira, o presidente Alexandre Campello acertou com o técnico Jorginho, o coordenador técnico PC Gusmão e o preparador físico Joelton Urtiga – Ricardo Henriques assumirá a função de coordenador físico. Outras mudanças no departamento de futebol também foram anunciadas.
Em meio à crise, agora não só mais política, o Vasco tem o Campeonato Brasileiro. Nesta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), enfrenta o Cruzeiro no Mineirão. Só resta saber com que cabeça os jogadores entrarão em campo.
Fonte: GloboEsporte.com