Ex-diretor jurídico do Vasco esclarece sobre acordos com ex-jogadores de basquete
Quinta-feira, 31/05/2018 - 02:45
Crítica
De janeiro para cá, o diário Lance tem atribuído importante destaque aos processos judiciais que versam sobre dívidas do Club de Regatas Vasco da Gama, postura diametralmente oposta àquela demonstrada durante o período compreendido entre dezembro de 2014 e dezembro de 2017, quando pouco abordou o assunto.
Muito embora algumas dessas notícias já tenham sido objeto de esclarecimentos neste canal, o diário, que dada sua moratória encontra-se em recuperação judicial, continua pecando na divulgação da informação, distanciando-se daquilo que ele próprio afirma ser no seu processo de recuperação judicial: "tão investigativo como preciso em sua análise".
Se por um lado o veículo acertou ao afirmar que o Clube realizou, no ano de 2015, acordo com os ex-jogadores de basquete Rogério Klafke e Sandro Varejão para pagamento parcelado da dívida, por outro, deixou de precisar que a narrada e pontual dificuldade de pagamento deu-se somente a partir de dezembro de 2016, assim como também omitiu o fato da antiga administração ter deixado em aberto, apesar das dificuldades, apenas a parcela vencida na segunda quinzena de dezembro de 2017.
Importante notar que tal informação consta da própria decisão judicial reproduzida na notícia, não justificando-se, portanto, a imprecisão da publicação, especialmente quando observa-se que o mesmo não hesitou ao buscar precisar e alargar as pontuais – porém sanadas – dificuldades de pagamento em dezembro de 2016. A precisão no que pode atingir a antiga administração e a imprecisão quanto ao que lhe deveria render méritos denotam possível desvio daquilo que recomenda a melhor prática jornalística e influencia diretamente na opinião das pessoas, recomendando, por isso, a presente crítica para que haja correção do desvio de perspectiva.
Esta constatação, aliás, emerge com maior clareza quando se observa que o diário recuperando parece ter se afastado da festejada especialidade investigativa ao deixar de verificar e noticiar que, neste mesmo processo, 3 outros acordos foram firmados e quitados com os ex-atletas Chuí, Aylton e Demétrius.
Fato é que, em meio as inegáveis dificuldades derivadas do processo político-eleitoral do Vasco, que agravou sobremaneira a já complicada situação econômico-financeira da agremiação, três (3) dos cinco (5) acordos firmados com os ex-atletas foram cumpridos, sendo que os remanescentes (um com 7 parcelas vincendas e outro com 12) encontravam-se com uma única prestação em atraso e vinham sendo objeto de conversações com os credores e o escritório de advocacia para acomodação ainda no mês de janeiro e/ou fevereiro deste ano.
Efetivada a troca de gestão em janeiro de 2018, todos os esforços, na fase da pacífica e salutar transição, foram empreendidos no sentido de se evitar a quebra e a execução, dentre outros compromissos, desses acordos remanescentes e, consequentemente, maior onerosidade ao clube. Essa, no entanto, não parece ter sido a opção dos mandatários atuais, que, ao que tudo indica, escolheram não dar continuidade à estratégia, em que pese elucidados sobre as possibilidades e consequências.
E para que nada fique sem esclarecimento, cabe elucidar que as dívidas envolvidas neste processo versam sobre contratos de imagem (Aylton e Demétrius – junho de 1999 à maio de 2001; Sandro Varejão – junho de 1999 à junho de 2002; Rogério – agosto de 2001 à junho de 2002; Chuí – janeiro à julho de 2002), cujos inadimplementos se deram nos anos 2000 e/ou 2001 e a discussão acerca dos valores efetivamente devidos prosseguiu por anos a fio no processo em razão da divergência entre as partes.
Assim, naquilo que me cabe e com essas breves linhas, encerro a presente crítica para que o periódico em questão faça da falaciosa teoria a sua prática, afinal o dever de informar exige a propalada precisão por parte de quem pretende se recuperar e seguir no múnus jornalístico.
Casaca!
Leonardo Rodrigues
Fonte: Casaca