Em conversa com influenciadores digitais vascaínos, Brant diz que acredita em nova eleição; veja tópicos
Segunda-feira, 21/05/2018 - 07:31
No sábado dia 19, antes do clássico contra o Flamengo, tivemos a oportunidade, junto com outros vascaínos, de sentarmos para um almoço com o presidente da chapa eleita pelos sócios e hoje líder da oposição, Julio Brant.

O encontro aconteceu próximo ao Maracanã, no restaurante Toca da Traíra. Julio Brant chegou sem atraso, acompanhado de seu filho e fez questão de cumprimentar, se apresentar e conhecer cada um dos presentes individualmente.

/CLUBE DO SÉCULO XXI
O almoço se deu de forma leve e espontânea, como uma conversa entre amigos antes de um jogo importante. Brant começou definindo de forma clara e objetiva o que é um clube social, da diferença de contexto entre clube versus futebol negócio, citou o exemplo do Barcelona, que permanece sendo uma associação (um clube social) mas que se profissionalizou em diversas áreas.
Que o Vasco esteve nesse contexto em 97/98, mas preferiu concentrar seus esforços em criar um 'time brasil' para as olimpíadas de 2000 (criando dívidas) ao invés de investir em estrutura (reforma do estádio, centro de treinamento, que eram parte do projeto e simplesmente nunca sairam da maquete). Que o Vasco precisa alavancar sua parte profissional para que a política gradativamente influencie cada vez menos os resultados de mercado (futebol, esportes amadores, imagem e clube social).
Brant acredita que foi a partir daí que começou o declínio do clube enquanto clube. O quadro social parou de crescer, o clube parou de pensar em termos de estrutura para passar a um outro modelo, de especulação financeira da dívida. O importante se tornou contratar e gerar movimentação de dinheiro, gerando lucros residuais para terceiros. Modelo esse que, dadas as proporções e capacidade de investimento e retorno, permanece até hoje. (N da R: alguém lembra do expressinho sub-23 do início do ano? Pois é.)

/IMPORTÂNCIA DE SE TORNAR SÓCIO ESTATUTÁRIO
Brant fez um apelo para que todos na mesa fizessem o impossível para se tornarem sócios (gerais ou proprietários). Que é necessário estar dentro do Vasco para ter voz e voto, e assim fazer parte da transformação do clube. Que é preciso renovar o Conselho.
Falou que hoje em dia a política do clube é praticamente um balcão de negócios, e que é preciso mudar isso. Objetivo de quem tem estado à frente do clube nos últimos anos tem sido manter sempre o quadro de sócios pequeno e manipulável. Afirma que o Campello simplesmente manteve o status quo, com o aumento da admissão do sócio geral e da jóia do sócio proprietário. E que uma mudança real só acontecerá com novos sócios entrando. Não apenas para ter voto em um ano, mas para cumprir o ciclo de cinco anos e se tornarem aptos a se candidatarem conselheiros. Que essa renovação precisa existir e estar em curso hoje.
Acredita ser extremamente necessário que o torcedor que se importa com o futuro do Vasco precisa encarar de vez a realidade, sair da "caverna" da visão de torcedor (uma alusão a alegoria da caverna, de Platão) e entrar no Vasco para enxergar as forças que regem a vida do clube e assim, agir objetivamente, se tornando voz ativa no crescimento do Vasco, dentro do clube, sendo parte dele.

HD
Sobre o HD, a opinião do Brant é bem clara. Campello (ou essa gestão) não terminará seus três anos de mandato em nenhum cenário possível. Novas eleições são inevitáveis diante das provas levantadas e do cenário que se apresenta. Podem acontecer de uma forma mais rápida, com a ajuda do Campello, reconhecendo a importância do HD perante a justiça ou com ele negando e tentando impedir o avanço através de manobras judiciais. Caso seja essa a escolha do atual presidente, o processo pode demorar mais um pouco. Mas de qualquer maneira, antes de 2020, de acordo com o Julio, teremos novas eleições no Vasco.

PELO BEM DO VASCO
Brant não negou seu desconforto com a expressão 'pelo bem do Vasco'. Disse que foi assim que enterraram o processo de fraude das eleições de 2014. De que foi esse o argumento dos que pediram a união Brant/Campello nas eleições de novembro. Afirma que, por experiência própria, é preciso muito cuidado com essa frase. Acredita que o bem do Vasco é o clube ser passado definitivamente a limpo. E que qualquer movimento contrário acaba sendo pela manutenção dessa sujeirada que tem tomado conta do clube, geralmente usando esse mesmo argumento de que é 'pelo bem do Vasco'. Por curiosidade, esse é o argumento utilizado por aqueles que temem a anulação das eleições. Considera que essa expressão tem sido empregada para manter o Euriquismo no clube.

ETO'O
Quando questionado sobre o Eto'o, explicou detalhadamente o projeto, a relação com a Samuel Eto'o Foundation (http://www.fundacionsamueletoo.org/en/projects), somado a contextualização do Vasco ter o histórico de ser um clube que abre as suas portas para que injustiças sociais sejam reparadas. Que o Eto'o, como camaronês, é consciente de que as etnias que compõem seu país são partes integrantes do espectro ancestral de boa parte do povo brasileiro hoje. Que ele viria para cá para experimentar de perto esse outro lado da história (da diáspora africana) e trabalhar (através de sua fundação e do Vasco) para que um projeto social em conjunto nascesse nesse sentido. Agradava ao jogador o fato de São Januário ter uma favela tão próxima ao clube. Que a semente seria plantada ali, aliando o projeto de reforma do estádio, com a revitalização do entorno de São Januário e trabalho social para transformar, a princípio, aquela micro-realidade em especial.
Disse que o jogador ficou extremamente frustrado com o ocorrido no dia 19 de janeiro. Confirmou que o Eto'o ligou pra ele perguntando se não tinha nenhuma chance mesmo antes de finalmente acertar com outro time da Turquia.
Garantiu que à reboque viriam empresas parceiras (patrocínios e material esportivo) que dariam o aporte financeiro necessário para que fossem quitadas as dívidas imediatas deixadas pelo Eurico com o elenco e funcionários. Para que quando o Eto'o fosse apresentado, não houvesse nenhuma pendência financeira urgente no clube.

POLÍTICA DO VASCO
Sobre os beneméritos, Brant tem uma opinião forte. Ele disse que título de benemérito se conquista. Que existe uma contagem de pontos, um critério para os sócios ganharem esse título. E que parte dos beneméritos atuais foram simplesmente indicados pelo Eurico, enquanto ele ocupou a presidência por 11 dos últimos 17 anos.
Considera um dever como vascaíno enfrentar o Eurico e o que ele representa. Reiterou que o Eurico não tem moral alguma, pois além de ter rebaixado o time no campo (há quem diga duas vezes), é o grande responsável pelo clube estar na situação que está hoje.
Afirmou que os beneméritos da tradição, que conquistaram essa honraria, estão com a Sempre Vasco. Citou dentre outros, Calçada, Osório e Olavo.
Acredita que se forem apresentadas denúncias concretas, é bem capaz do Campello ser afastado sim do cargo. Criticou diretamente o fato do Campello ter contratado seu próprio sócio de clínica para trabalhar no clube.
Explicou a retirada da Cruzada e PetroVasco na Nota Oficial da Sempre Vasco, afirmado que uma vez que esses grupos fazem parte hoje da atual gestão, não podem mais integrar a oposição. Que isso é apenas o óbvio, não existe crise nesse sentido e que era, de uma certa maneira, até esperado.
Disse que é a favor da reforma do estatuto. E que, de forma urgente, só é preciso a mudança de apenas um item: eleições diretas.
E mais uma vez defendeu que se a gente quer transformar o Vasco de verdade, precisamos entrar de sócios estatutários e fazer parte da mudança.

E assim o almoço terminou, com o Julio puxando o Casaca na Toca da Traíra.

Fonte: Facebook NewsColina