Então no Vasco, Euller relembra frustração ao ser preterido na convocação para a Copa do Mundo de 2002
Domingo, 13/05/2018 - 08:19
Falta pouco para conhecermos os 23 nomes que defenderão a seleção brasileira na Rússia. O técnico Tite vai anunciar, às 14h da próxima segunda-feira, a tão esperada lista de convocados para a Copa do Mundo. Surpresas são possíveis, não prováveis. Uns são praticamente certos, outros nem tanto. Mas a verdade é que, garantido mesmo, só no momento em que for anunciado pelo treinador no microfone da CBF.

A três dias da convocação, a expectativa é máxima. Para os jogadores, para os torcedores e até para o treinador.

- Seria mentiroso dizer que não existe ansiedade. Existe, sim. Por melhor que o trabalho tenha sido, aquele momento final, de decisão, você realmente tem que pesar muitas coisas, ser o mais justo possível. Há muitos nomes a serem considerados. Alguns jogadores, por quem você até tem um carinho especial, vão acabar ficando fora. Portanto, gera expectativa, gera ansiedade, e isso só termina quando você anuncia os 23 nomes. Aí, acabou. Aí o pontapé inicial já foi dado e agora é Copa do Mundo - disse Carlos Alberto Parreira, tetracampeão em 1994 e que também foi o técnico na Copa de 2006.

Euller já tinha até mandado fazer o terno em 2002

Os favoritos nem sempre entram na lista. Quem viveu essa frustração foi Euller. A presença do ex-atacante de Palmeiras e Vasco na lista de Luiz Felipe Scolari em 2002 era tida como quase certa por conta da participação nas eliminatórias e nos amistosos, mas no fim ele ficou fora. Até as medidas do terno de apresentação à Seleção já haviam sido tiradas.

- Fiquei muito frustrado muito triste, chorei muito, muito. Não só eu, mas a imprensa já dava como certa a convocação. Fui para o último amistoso, contra Portugal, em Lisboa. Experimentei, fiz medida para o terno. Fiz todos os exames que teriam de ser feitos para a Copa do Mundo. Não só fui às clínicas, como o pessoal foi lá em casa para poder fazer os exames. E então eu sentei na frente da televisão para ver meu nome. Eu estava assistindo junto da minha família. Quando não vi (o nome), a frustração foi enorme - contou Euller.

"Não tive mais vontade para nada. Eu não queria ver ninguém. Queria ter tido a oportunidade de sumir por um dia" (Euller)

Hoje esse é um episódio superado na vida de Euller. Ele garante não guardar mágoa nem rancor. A relação com Felipão é boa, por sinal, mas o assunto nunca foi conversado, nem de brincadeira. Está enterrado. Só que não foi fácil chegar a esse estágio.

- Minha esposa olhou para mim, abaixei a cabeça, e ali eu estava incrédulo, sem saber se eu estava vivendo isso. Será que é isso mesmo? Levantei, fui para o quarto, e a partir daí começou a bater a tristeza. Primeiro é a frustração, depois vem a tristeza, depois vem a decepção, aí eu chorei. A partir daí foi um momento só de tristeza mesmo, tristeza. E demorou hein... - acrescentou o Filho do Vento.

Grafite x Adriano x Neymar em 2010

O caso de Grafite foi oposto. Ele não disputou as eliminatórias para a Copa de 2010 e foi chamado somente para o último amistoso, contra a Irlanda do Norte. E isso porque Luis Fabiano havia se machucado. Com o Fabuloso recuperado e praticamente garantido na lista final, a expectativa pela última vaga no ataque estava mais em cima de Adriano e Neymar. Mas foi Grafite quem ficou com ela.

- Eu não tinha certeza. Tinha alguma esperança. Não criei muita expectativa. Eu sabia que tinha chances de ir, sabia que meu nome era falado, que poderia ser surpresa, mas não tinha certeza e nem criei tanta expectativa para não ser decepcionante para mim - disse o ex-atacante de São Paulo e Santa Cruz.

"Talvez, se eu não tivesse sido convocado, não teria sido tão decepcionante para mim, porque sabia que era muito difícil" (Grafite)

Grafite estava em casa na hora da convocação, ao lado de amigos e familiares. Na época, jogava no Wolfsburg, da Alemanha. O momento do anúncio foi o mais emocionante da carreira dele.

- O dia foi passando, e foi aumentando a tensão. Já estava todo mundo em casa, correria, parecia um evento. Quando deu 10 minutos para as 17h falei: "Quer saber de uma coisa, vou lá para fora. Vou ficar aqui dentro não". Lá fora tinha o balanço onde as meninas brincavam na época, o cachorrinho que nós tínhamos veio atrás de mim, ficou comigo lá, e eu só olhando o relógio. Quando deu 17h em ponto bateu aquele silêncio dentro de casa. De repente ouvi todo mundo gritando. Quando olhei para a janela, era uma porta de correr de vidro, minha esposa, minhas filhas, todo mundo correndo na minha direção. Eu estava daquele jeito e já comecei a chorar - relembrou Grafite.

Grafite é muito agradecido a Dunga pela oportunidade e sabe que tinha totais condições de disputar um Mundial. Ao mesmo tempo, mostra rara humildade.

"Não sei de todos os jogadores que foram convocados para a Copa em todas as edições, mas acho que sou o que tem menos história dentro da Seleção e pôde jogar uma Copa do Mundo" (Grafite)

Para Euller, a ausência na Copa de 2002 se tornou ainda mais frustrante pelo fato de a Seleção ter conquistado o Penta. O alento para ele foi, por uma coincidência do destino, poder assistir ao título estando na arquibancada do estádio em Yokohama.

- Para você ver como são as coisas. Em 2002 eu tive a proposta do Kashima Antlers. E a minha viagem para me apresentar ao clube estava justamente na final da Copa do Mundo. Eu cheguei à cidade de Kashima, coloquei minha mala em casa e fui direto para o estádio. Vi a final da Copa de 2002 no estádio de Yokohama.

Parreira revela mudança de última hora na lista de 94

Tetracampeão em 1994, Parreira lamenta não ter podido contar com Careca no torneio. Mas não foi uma opção do treinador, uma vez que o camisa 9 havia pedido durante as eliminatórias para não ser convocado, por estar muito desgastado fisicamente. Parreira relembra como foi fazer aquela lista de convocados e revela uma curiosidade.

- A comissão técnica e os médicos estavam reunidos na minha casa, e fechamos a lista de convocados Aí o Lidio Toledo (médico da Seleção na época) pediu a palavra: "Parreira, está tudo ótimo, mas só um detalhe. Dos quatro zagueiros, não tem ninguém são. Todos eles já foram operados, com problemas de joelho e tal". O trabalho seria feito 35 dias antes da Copa, haveria um pouco de intensidade na parte do treinamento, e depois mais os jogos. Pensei: "Ele está certo. Pelo menos tem que ter um são aqui, que não tenha nenhum problema de ordem física, clínica". Aí nós tiramos um da lista e trouxemos um outro: Márcio Santos - contou Parreira, que não quis revelar o nome do zagueiro que saiu da lista na última hora.

Antes de fechar a lista para a Copa de 2018, Tite sofreu uma baixa importante: com o joelho machucado, Daniel Alves está fora. É uma mudança de última hora nos 23 convocados para a Rússia. Será que teremos mais? Ao menos que não sejam por lesão, né?



Fonte: GloboEsporte.com