Após a boa campanha realizada com o Vasco no fim do Campeonato Brasileiro de 2017, o técnico Zé Ricardo recebeu elogios, principalmente por ter levado o cruz-maltino da zona de rebaixamento a classificação para a Taça Libertadores de 2018. O bom desempenho defensivo foi apontado como uma das causas para a façanha: em 16 jogos com Zé, o time sofreu apenas doze gols em 16 jogos - média 0,75 por jogo -, um número bem inferior aos 34 levados sob o comando de Milton Mendes e do interino Valdir Bigode, em 22 jogos do torneio nacional - média de 1,54. O mérito, porém, virou dor de cabeça em 2018. Instável, a defesa vascaína levou 43 gols em 28 partidas disputadas, praticamente igualando a média do ano anterior - a atual é de 1,53.
Além da alta quantidade de gols sofridos pelo Vasco, também chama a atenção o número de partidas nas quais a defesa cruz-maltina foi vazada por três vezes ou mais, o que já ocorreu em seis oportunidades na temporada, com o destaque negativo ficando para as goleadas de 4 x 0 aplicadas por Cruzeiro, Racing-ARG e Jorge Wilstermann-BOL, pela Taça Libertadores. Tentando achar os nomes ideais para o setor, a quantidade de duplas testadas por Zé Ricardo também é bastante elevada: ao todo, sete composições diferentes já foram a campo na linha defensiva em 2018.
As constantes trocas fizeram com que o Vasco jogasse as quatro primeiras partidas do ano sem repetir os mesmos nomes. Nos jogos contra Bangu, Nova Iguaçu, Cabofriense e Flamengo, o time revezou as duplas formadas por Ricardo Graça e Luiz Gustavo e Ricardo Graça e Erazo. A última foi a primeira a ter uma sequência de duas partidas como titular, alcançada no quinto jogo do ano. Essas partidas, inclusive, foram a única vez onde o Gigante da Colina conseguiu sair de campo sem tomar gols por duas vezes consecutivas neste ano: contra o rubro-negro, pelo Carioca (empate em 0 a 0), e diante da Universidad Concepción-CHI na pré-Libertadores (vitória por 4 a 0). Porém, Zé Ricardo interrompeu a sequência logo depois com uma nova dupla, desta vez formada por Paulão e Werley.
Quando Erazo e Graça retornaram, o time ficou mais uma vez sem sofrer gols, no jogo de volta contra o time chileno na pré-Libertadores. A dupla, inclusive, é a que tem a melhor média entre as sete utilizadas por Zé Ricardo no ano: 0,5 gol sofrido por jogo. Na goleada por 4 x 0 sobre o Jorge Wilstermann, outro jogo em que o Vasco não foi vazado, Ricardo Graça e Paulão atuaram no setor. A derrota pelo mesmo placar sofrida para o time boliviano na semana seguinte, e a quase eliminação no torneio continental, acabaram virando um divisor de águas para a defesa do Vasco na temporada.
Em boa fase no time, a revelação Ricardo Graça acabou perdendo espaço após o revés, quando apresentou bastante dificuldades de marcar a jogada aérea do time boliviano, que fez todos os seus gols no jogo em bolas levantadas na área. Nos oito jogos realizados pelo zagueiro até o momento, ele saiu de campo sem levar gols em quatro oportunidades. Após a derrota para o Bahia, Zé Ricardo foi questionado sobre a falta de oportunidades do defensor. "É opção, ele está fazendo um trabalho físico de fortalecimento. Estávamos preocupados com a bola aérea do Bahia. Inadmissível o erro que tivemos nessa jogada", disse o treinador, evidenciando a baixa estatura do zagueiro - tem 1,82m - como um dos motivos para deixá-lo de fora em algumas partidas.
Após a goleada sofrida na pré-Libertadores, Zé Ricardo promoveu como titulares aquela que seria a dupla de zaga vascaína na maior quantidade de partidas na temporada: Paulão e Erazo. Ao todo, os dois jogaram juntos em 12 jogos e sofreram 22 gols - 1,83 por jogo. Somente em duas oportunidades os zagueiros saíram de campo sem tomar gols. Os dois, inclusive, tiveram a maior sequência na equipe, jogando sete jogos seguidos. Após a segunda goleada por 4 x 0 sofrida no ano - diante do Racing -, Erazo passou a figurar no banco de reservas, e Werley ganhou espaço como titular, tendo uma sequência de cinco jogos na equipe. No último compromisso, diante do Bahia, o beque acabou jogando como lateral-direito para a volta do equatoriano ao time.
A espera de Breno
Com os problemas apresentados na atual temporada, Zé Ricardo aguarda o retorno de Breno, fora da equipe desde o fim do ano passado devido a uma lesão no menisco do joelho esquerdo. Após ser operado em novembro, o jogador precisou passar por nova intervenção cirúrgica. Titular em boa parte dos jogos sob o comando de treinador, o zagueiro foi um dos destaques na campanha que recolocou o Vasco na Taça Libertadores.
Com contrato renovado no início do ano até 2020, Breno foi liberado pelo departamento médico do clube de São Januário na primeira quinzena de abril, quando voltou a trabalhar com os demais jogadores. O retorno do jogador era esperado para o fim do mês passado, porém, por ainda não estar em boas condições físicas, a volta foi adiada em mais alguns dias. No início de maio, o zagueiro participou de um jogo-treino contra o Barra da Tijuca, quando marcou um dos gols na vitória por 4 a 0.
Existe a possibilidade de Breno voltar a ser relacionado para a próxima partida do Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, contra o Vitória, no próximo domingo (13/05), em São Januário. Caso seja titular, Zé Ricardo testará sua oitava dupla em busca da formação ideal para a defesa. Resta saber quem será o companheiro do atleta, que tinha Anderson Martins - negociado com o São Paulo no início do ano - como parceiro na última temporada. Nas ausências de Martins, Paulão era o escolhido pelo treinador vascaíno para ser titular do time.
O desempenho das duplas de zaga do Vasco em 2018
Defesa do Vasco em 2018 - 43 gols sofridos em 28 partidas (média de 1,53 por jogo)
Paulão e Erazo - 12 jogos e 22 gols sofridos (média de 1,83 por jogo)
Paulão e Werley - seis jogos e nove gols sofridos (média de 1,5 por jogo)
Ricardo Graça e Erazo - quatro jogos e dois gols sofridos (média de 0,5 por jogo)
Ricardo Graça e Luiz Gustavo - dois jogos e quatro gols sofridos (média de 2 por jogo)
Ricardo Graça e Paulão - dois jogos e quatro gols sofridos (média de 2 por jogo)
Erazo e Werley - um jogo e um gol sofrido (média de um gol por jogo)
Werley e Ricardo Graça - um jogo e um gol sofrido (média de 1 gol por jogo)
Fonte: Superesportes