Famílias de Bruno Cosendey e Caio Monteiro viram juntas os gols dos filhos, amigos desde 2007
Em São Januário, a noite de sábado foi de duas famílias unidas pelo futebol. De pais que lutam, choram e vibram com o sucesso dos filhos. De dois garotos que estavam com pouco prestígio no Vasco, mas decidiram a parada na goleada por 4 a 1 sobre o América-MG. De uma amizade que já dura mais de dez anos, construída com sangue, suor, lágrimas, passes e gols.
Alexandre e Lena, pais de Bruno Cosendey, Beto e Cássia, pais de Caio Monteiro, e Luis Eduardo e Marcelle, pais de Ricardo Graça, se conheceram e estreitaram laços de amizade na medida em que seus filhos foram crescendo no clube. Alexandre e Beto foram, em 2014, personagens da matéria "Profissão, pai de jogador" (veja o vídeo abaixo). Dificilmente perdem jogos deles, e estavam lá em São Januário. Um torcendo pelo outro, mas cada casal com uma perspectiva diferente, assim como cada garoto.
Caio Monteiro, depois de mais de um ano sofrendo bastante com lesões, iria começar jogando. Desta vez na ponta, e não como centroavante, como foi em outros jogos. Ricardo, que já atuou em dez partidas no ano, estava no banco de reservas, mas não havia sido relacionado para os jogos mais recentes, da Libertadores. Bruno, que só havia atuado em uma partida no ano, sequer sabia no almoço de sexta-feira que havia sido relacionado para a partida. Foi avisado por Ramon, lateral-esquerdo.
Lá estavam os três casais na arquibancada. Cada um com seu temperamento, seu jeito de torcer. Alexandre, pai de Bruno, é o mais emotivo. Mas estava pessimista com uma possível entrada do filho no jogo. Quando o viu em campo, não acreditou. O Vasco perdia por 1 a 0, e Bruno entrou no lugar do lesionado Thiago Galhardo. A torcida, impaciente, vaiava o time, que vinha de uma goleada de 4 a 0 sofrida para o Cruzeiro em São Januário três dias antes. O clima era tenso. Parecia a pior das fogueiras.
Mas não era. Veio o segundo tempo. Com ele, o gol de empate marcado por Bruno, em passe de Caio. Veio a virada, com os papéis invertidos. Passe de Bruno, gol de Caio. E a explosão dos pais torcedores. Em certo momento, Beto olhou para Alexandre e disse.
- É muito bom ver essa dupla jogar!
Ao lado, estava Duda, feliz pelo sucesso dos amigos do filho, que também se tornaram seus. E dos pais de amigos dos seus filhos, que também se tornaram amigos. Frequentam as casas uns dos outros, torcem, torcem, vibram e choram juntos. Em um mundo tão competitivo como o do futebol, cheio de ganância, vaidade e ambição, há também espaço para sentimentos genuínos de alegria, e de uma cumplicidade verdadeira. Da certeza de que estão todos remando no mesmo barco.
Enquanto isso, as mães choravam, de felicidade. Nessas horas, certamente passa o filme na cabeça de cada um, das lesões sofridas pelos filhos, alegrias, decepções, da quantidade de garotos que ficaram pelo meio do caminho na tentativa de serem jogadores de futebol.
O Vasco ainda fez mais dois gols e sacramentou a vitória, para a alegria de quem viu o jogo no estádio ou pela TV. Bruno e Caio saíram de São Januário como heróis para a imensa maioria da torcida que acompanhou a partida. Mas para seus pais, são muito mais do que isso: são filhos, no início da vida adulta, lutando para sobreviver em um ambiente competitivo e muitas vezes cruel. Mas que também reserva grandes momentos de celebração.
Fonte: GloboEsporte.com