Ex-aliados usarão negociação de Paulinho para contestar Campello
Domingo, 06/05/2018 - 07:01
A goleada do Vasco por 4 a 1 sobre o América-MG, no último sábado (5), não foi o assunto mais comentado em São Januário. Isolado politicamente, o presidente Alexandre Campello já está ameaçado pelo surgimento de um processo de impeachment. Abandonado por 13 vice-presidentes nas últimas 48 horas, o mandatário se encontra em uma situação de quase ingovernabilidade e encara a manobra dos ex-aliados nos bastidores para tirá-lo do cargo. Um dos motivos envolve a venda de Paulinho para o Bayer Leverkusen, da Alemanha.
Insatisfeitos com a condução de Campello, os agora inimigos do grupo Identidade Vasco, liderados por Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, reúnem fatos para apresentar a denúncia contra o mandatário e levar ao plenário a votação pelo impeachment. Para que isso aconteça, no entanto, será necessário que 2/3 dos conselheiros sejam favoráveis, o que ainda é considerado difícil nos bastidores, principalmente pela necessidade de contar com os votos da Chapa Sempre Vasco, de Júlio Brant, e de outros grupos menores, claramente em desacordo com a manobra.
Os ex-aliados contestam a venda de Paulinho. O fato de ter sido realizada por um valor abaixo da multa rescisória obrigaria que o processo passasse pelo Conselho Deliberativo, o que não aconteceu. A promessa foi negociada por 18,5 milhões de euros - 11,5 milhões de euros a menos do que o registrado em contrato. O ex-vice de finanças, Orlando Marques, nem sequer tomou conhecimento do processo de venda. Tudo isso engloba uma das possibilidades para o pedido de impeachment, que acima de tudo tem um contexto político, já que Campello virou presidente por um acordo de bastidores e a centralização das decisões ruiu a administração.
Outro ponto está no contrato com o empresário Carlos Leite, responsável por emprestar R$ 10 milhões ao Vasco em transação cujo contrato não passou pelo Conselho Fiscal. O presidente do poder, Edmilson Valentim, inclusive, já expôs o ponto de discórdia na última reunião e deixou claro que o descumprimento terá consequências para Campello. Os agora rivais alegarão má gestão no pedido que está sendo arquitetado.
Segundo o UOL Esporte apurou, a negociação de outra jovem promessa também está na mira do "Identidade Vasco" na articulação por um possível impeachment. Segundo membros do grupo, uma parcela milionária da venda do volante Douglas ao Manchester City (Inglaterra) - ocorrida em 2017 - teria sido depositada nos últimos meses. Campello, no entanto, não informou o destino deste dinheiro, que não foi visto pela diretoria financeira e nem sequer informado nos registros de entrada do caixa cruzmaltino.
Há também possíveis brechas em ações trabalhistas. Os conselheiros procuram se Campello demitiu funcionários sem pagar as respectivas rescisões e se também não quitou os impostos no período. Caso se confirme, será mais um motivo protocolado por eles.
Caso o impeachment seja votado e aprovado antes de um ano e meio de mandato, o estatuto do Club de Regatas Vasco da Gama fala em uma nova eleição para o Conselho. Vale lembrar que Campello está no cargo há pouco mais de três meses.
Com o desembarque total do grupo "Identidade Vasco" da diretoria nos últimos dias, o mandatário tem menos de 10% das cadeiras no Conselho Deliberativo - cerca de 20 em um cenário de 300 -, o que torna impossível aprovar qualquer projeto, inviabilizando ainda a paz nos bastidores de São Januário.
Fonte: UOL