Assessora de imprensa do Vasco relata assédio de torcedores do Fluminense durante semifinal do Estadual Sub-20
Neste sábado (28), uma jornalista foi impedida de realizar o seu trabalho por ser mulher. Após sofrer forte assédio de torcedores do Fluminense que acompanhavam um jogo contra o Vasco pelo Campeonato Estadual do Rio sub-20, a assessora Sarah Borborema teve que deixar o local em que estava "por medida de segurança".
"Desrespeitada, eu já fui diversas vezes. Já perdi a conta. Infelizmente a gente sempre escuta um 'vadia', 'piranha' e coisas piores que isso. Mas a nível de não poder fazer o meu trabalho foi a primeira vez que aconteceu", contou Sarah em contato com o UOL Esporte.
Sarah já imaginou que o jogo deste sábado seria diferente de todos os outros que já cobriu. Desde que entrou no gramado das Laranjeiras, a jornalista foi alvo de xingamentos fortes por parte de diversos torcedores do Fluminense.
"Ouvi coisas muito ruins, como 'sua gostosa, vou entrar em você, como sua torcida entrou no gramado em São Januário'. A gota d'água acabou sendo no intervalo, quando fui levar um atleta para falar com a televisão, que estava perto da torcida do Fluminense. Eles começaram a me xingar, chegou a ser um coro: 'vadia', 'piranha'", relatou a jornalista, que pediu auxílio aos seguranças do Fluminense.
"Perguntei se eles não iriam fazer nada ou tentar identificar alguém. E o segurança do Fluminense disse que não poderia fazer nada em relação a isso. E quando eu ouvi, eu pensei no movimento #DeixaElaTrabalhar. Fiquei bem abalada e a segurança disse que eu não deveria voltar ali, evitar aquela parte do gramado. E era onde a TV estava, era pedir para não fazer meu trabalho. Recebi muito apoio da comissão do Vasco, todo mundo me abraçou e é um absurdo a gente ter que enfrentar esse tipo de coisa", acrescentou Sarah, que tem 23 anos de idade.
O #DeixaElaTrabalhar é um manifesto de jornalistas que trabalham com esporte. O movimento é contra o machismo e assédio nos estádios, redações, onde quer que aconteçam.
Fonte: UOL
Assessora do Vasco é xingada e assediada em jogo do sub-20; Flu pede desculpas
A confusão no jogo entre Fluminense e Vasco, pelo Carioca sub-20, não se restringiu à invasão de gramado no fim da partida. A assessora da base cruz-maltina, Sarah Borborema, relatou assédio e xingamentos de torcedores durante toda a manhã, ao ponto de não conseguir trabalhar.
- Quando cheguei no jogo ouvi uma das piores frases nesse tempo de profissão. Um torcedor do Fluminense, que seria facilmente identificado, berrou: "Sua gostosa, vou entrar em você como sua torcida entrou no gramado de São Januário". Outros começaram a me chamar de piranha. No intervalo do jogo, tive que levar um atleta para dar entrevista, e não paravam de me xingar. Foi um coro. Por medida de segurança me pediram para não ir mais. Não pude fazer meu trabalho - contou Sarah.
De acordo com a assessora, os seguranças do Fluminense afirmaram que não podiam ajudá-la.
- Na hora eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo. Não tive muita reação. Eu corri, comecei a andar mais rápido e falei com um segurança do Fluminense. Perguntei se eles estavam vendo o que estava acontecendo, e eles falaram que não podiam fazer nada. Voltei chorando para a porta do vestiário, todo mundo do Vasco me deu apoio, alguns funcionários do Fluminense também.
No fim da partida, torcedores do Fluminense invadiram o gramado para tentar agredir jogadores do Vasco, mas foram contidos pelos próprios atletas tricolores. Naquele momento, Sarah já estava longe da confusão.
- Fiquei com muito medo de ficar lá fora. Acabei ficando dentro do vestiário. Só a gente sabe como dói, o quanto é difícil fazer seu trabalho e ser xingada por diversas pessoas que não sabem o que você faz para estar ali.
Após o jogo, o diretor geral do Fluminense, Marcus Vinicius Freire, ligou para Sarah pedindo desculpas em nome do clube.
Fonte: GloboEsporte.com