Zé Ricardo fala sobre clássico deste sábado entre Manchester City e Manchester United
Sábado, 07/04/2018 - 12:53
Quando a bola rolar, neste sábado, no Etihad Stadium, às 13h30m, Alberto Valentim estará a caminho do Estádio Nilton Santos para comandar o último treino do Botafogo antes da final do Campeonato Carioca, domingo, contra o Vasco. Mas em sua TV ficará gravado o clássico de Manchester (com transmissão da ESPN Brasil), que consagrará o City como campeão inglês com seis rodadas de antecedência em caso de vitória sobre o United.

Além da magnitude do jogo torná-lo naturalmente interessante, há outro atrativo para o treinador alvinegro: em campo estará um time comandado por Pep Guardiola, uma referência compartilhada com seu adversário deste domingo, Zé Ricardo. Recluso na concentração, o treinador do Vasco acompanhará, em tempo real, o trabalho de quem considera "um dos maiores técnicos da história".

Depois de uma frustrante temporada de estreia no City — a primeira sem títulos em sua carreira —, Guardiola está diante de uma iminente conquista pessoal. Com um elenco caro, mas pouco estelar, praticou, em muitos momentos, o futebol mais vistoso da Europa. E o fez sem abdicar da filosofia em que acredita desde o Barcelona, a primeira equipe que treinou.

— Todo time dele tem o controle do jogo em relação à posse da bola e a ocupar o campo do adversário. Independentemente do país, ele consegue implementar a sua metodologia nos treinos e, consequentemente, nos jogos. Dá para ver claramente que é um trabalho dele — enfatiza Valentim.

O desempenho de alguns jogadores na temporada expõe mais claramente o poder que Guardiola tem de enxergar caminhos. A articulação do meio-campo do City é feita a partir de um único volante, Fernandinho, e dois "interiores", como são chamados os armadores que atuam por dentro, casos de David Silva e DeBruyne. A formação, que em tese poderia ser vista como excessivamente ofensiva, funciona com harmonia.

— A capacidade do Guardiola é inquestionável. Ele faz com que a sua filosofia entre na cabeças dos jogadores, que compram a ideia. Ele está à frente do seu tempo — destaca Zé Ricardo, que reproduz em seus times ideias absorvidas do catalão.

RIVALIDADE ANTIGA

A disposição para buscar alternativas jogo a jogo às vezes nem sempre se converte em acerto. Na quarta-feira, Guardiola tentou surpreender o Liverpool, na Liga dos Campeões, com Gündogan entre os titulares. Acabou dominado e levou um 3 a 0 de desvantagem para o jogo de volta das quartas de final. Mas o desempenho na Premier League é quase irretocável: são 90% de aproveitamento e 84 pontos, 16 a mais que o rival local.

É simbólico que, do outro lado, esteja José Mourinho, um rival de longa data. Por duas temporadas, Guardiola e o técnico do United protagonizaram clássicos quentes, quando o catalão esteva à frente do Barça e o português, do Real Madrid. Até hoje, são 20 confrontos, com vantagem de Pep: nove vitórias, sete empates e quatro derrotas.

O sucesso de Guardiola deixou Mourinho sob constantes críticas, não só pelo fraco futebol do United, quanto pela distância na tabela. Reativo, o português argumentou que seu rival tinha um orçamento muito maior. As cifras, porém, não são tão distantes. No City desde 2016, Guardiola gastou cerca de R$ 1,7 bilhão em reforços. No mesmo período, Mourinho desembolsou R$ 1,35 bilhão.

Enquanto sofre para tornar seu time atraente em campo, o português cria polêmicas fora dele. Após ser desclassificado da Liga dos Campeões pelo Sevilla, nas oitavas de final, lembrou-se das vezes em que eliminara seu atual time para argumentar que a frustração "não era uma novidade" para o United. Pegou mal.

Técnico do Fluminense, Abel Braga discorda das críticas, enxerga evolução no time e argumenta que o personagem criado pelo português não reflete sua real personalidade:

— Mourinho é meu amigo. Às vezes, tem pavio curto, mostra certa arrogância. Mas é um cara do bem, que monta equipes de acordo com o que tem à disposição. Ele não tenta implementar todos os modelos de jogo. Usa o que tem em mãos. É vencedor.

Valentim faz coro ao destacar que o português arma times "muito organizados". Por isso, prevê um duelo equilibrado entre "dois estrategistas". Zé Ricardo concorda e argumenta que, apesar de "pouco vistoso", o futebol de Mourinho se aproxima do de Guardiola em resultados.

Se no domingo estarão frente a frente, neste sábado os treinadores de Botafogo e Vasco estão do mesmo lado: o título pode não vir agora, mas este City já protagonizou muitos jogos que valeram a pena gravar. E rever.

Fonte: O Globo Online