No último dia 23, seis integrantes de uma organizada do Vasco se encontraram com o presidente do clube, Alexandre Campello, na recepção da presidência. Tiveram acesso a São Januário sem a permissão do dirigente, pego de surpresa pela presença dos torcedores e pela cobrança que trouxeram com eles: queriam ingressos para jogos do time no Campeonato Estadual e na Libertadores.
O episódio é mais um da relação historicamente complexa entre o Cruz-maltino e algumas de suas organizadas. Ano passado, Eurico Miranda e sua diretoria foram investigados pela Polícia Civil justamente a respeito do vínculo com membros de facções inclusive proibidas pela Justiça de frequentar estádios. Por enquanto, Alexandre Campello bancou que o Vasco não fornecerá ingressos para uniformizados.
- Não repassamos ingressos. É uma recomendação do Ministério Público. Esses torcedores foram até a minha sala, eu estava na recepção quando eles chegaram. Eles perguntaram se eu tinha alguma coisa contra eles, e respondi que não. Mas que não faria nada que contrariasse a Justiça - afirmou o dirigente.
A conversa teve certo teor de tensão. Alexandre Campello inicialmente se recusou a recebê-los. Pego de surpresa, ficou cercado pelos seis torcedores até a chegada de seguranças, que levaram os organizados para fora de São Januário. Depois, explodiu, chegou a pedir a demissão de todos os funcionários da portaria, que teriam falhado ao permitirem o acesso dos torcedores, mas foi acalmado por pessoas próximas.
Ainda assim, o caso não passou em branco nos bastidores da Colina. O presidente passou circular para todos os vice-presidentes do clube para informar que não autoriza o repasse de ingressos para integrantes de torcidas organizadas. Vale destacar que uma vertente da Força Jovem, atualmente fora do poder, é pilar político de longa data de Roberto Monteiro, atual presidente do Conselho Deliberativo do clube.
Questionado se não temia represália dos torcedores sem ingressos, Campello lembrou da série de depoimentos que dirigentes dos clubes do Rio tiveram de dar na delegacia, ano passado, por causa da relação com as organizadas - Eurico Brandão, vice-presidente do Vasco na época, foi um dos cartolas que tiveram de ir à Cidade da Polícia.
- Já me disseram que eles vão protestar contra mim. Não tem problema, é um direito deles. O que eu não quero é ter que responder depois na Justiça por qualquer coisa que aconteça. Vários dirigentes foram chamados para depor ano passado, não quero estar nessa situação - concluiu.
Fonte: Extra Online