Análise tática mostra por que o Vasco sofre tantos gols em jogadas aéreas
Sexta-feira, 23/03/2018 - 10:51


Em 2018, o Vasco sofreu 60% de seus gols a partir de jogadas aéreas. Seja em cruzamentos ou bolas paradas, esse tipo de lance tem sido o ponto fraco da defesa cruz-maltina na temporada. Mas quais os motivos por trás do desempenho? De onde surgem esses gols? Onde habitam? Como se alimentam?

O GloboEsporte.com reviu todos os 14 gols sofridos pelo Vasco dessa maneira (assista a todos no vídeo acima) e tenta responder estas questões.

Antes, porém, é preciso explicar como o Vasco se organiza para se defender em jogadas aéreas:



A tática

O sistema de marcação do Vasco é praxe: nos escanteios, ela é feita de forma individual, com exceção de um lateral, que fica na primeira trave, o centroavante, que se posiciona no bico da pequena área para tentar cortar o cruzamento, e outro atleta na entrada da área para puxar o contra-ataque. Todos os 10 jogadores de linha ficam na área.

Em cobranças de falta, a marcação muda: é feita em linha, geralmente na entrada da área. Quando acontece a batida, os defensores entram para fazer o corte.

A origem

O que vem pesando contra o Vasco é a falta de concentração. A maioria dos gols saem em erros individuais de marcação, como Paulão e Ríos contra Brenner, nos clássicos com o Botafogo. Contra a Portuguesa, houve uma linha de passe, com três toques de adversários livres, até o gol de Thiago Amaral.



Em outros dois casos, situação similar: Murilo Henrique, do Nova Iguaçu, e Zenteno, do Jorge Wilstermann, saem de trás, marcados por jogadores mais baixos – Wellington e Evander, respectivamente -, e sobem livres para cabecear. Nesses casos, a função dos vascaínos era acompanhar os rivais ou não deixá-los passar.



Liberdade para quem vem de trás

Sair de trás é o mapa da mina para os adversários do Vasco. Foi assim que Igor Rabello (Botafogo), Elivelton (Boavista) e Zenteno (Jorge Wilstermann), em outra ocasião, também marcaram sobre a defesa cruz-maltina, em cobranças de falta. Isso acontece quando a marcação é feita em linha. No momento em que sai o cruzamento, os vascaínos se descoordenam para acompanhar e deixam os rivais livres.



Falhas

Há também casos de falha individual dos goleiros. Foi assim com Gabriel Félix contra a Cabofriense, quando ele soltou a bola e viu Victor Silva aparecer livre – ele também saiu de trás, sem ser acompanhado – para fazer o gol. E há o caso notório de Martín Silva, num erro incrível, após cobrança de falta de Julio Cesar, do Boavista.

Bola rolando

Quatro dos 14 gols sofridos surgiram com a bola rolando, a partir de cruzamentos. Três deles surgiram da esquerda, onde Yago Pikachu ainda mostra insegurança na marcação. Mas há também problemas de cobertura.

Contra o Bangu, o cruzamento sai da esquerda e vai para o segundo pau, quando Henrique perde o duelo para o adversário, que ajeita para Rodney marcar. Diante do Nova Iguaçu, Rafael Galhardo deixa Bruno Smith livre no segundo pau.



Como resolver?

Zé Ricardo reconheceu que as jogadas aéreas são uma preocupação. Para ele, há detalhes a aperfeiçoar. Uma possível alteração pode ser a entrada de Werley, notoriamente forte nesse tipo de lance. Porém, tanto Paulão quanto Erazo têm a confiança do treinador.

- Fazemos trabalhos em busca da perfeição para não sofrermos tanto. Posicionamento do corpo, imposição física... são vários motivos. Precisamos trabalhar. Ainda temos chance de conquistar o Carioca. Vamos em busca para não sofrermos tanto.

O mesmo não se pode dizer de Ricardo, sacado do time após a goleada para o Jorge Wilstermann. O jovem se destaca pela qualidade técnica, mas ainda se discute internamente sua altura - é considerado baixo para a posição. Hoje, é a quarta alternativa para o setor, embora não tenha falhado em lances aéreos.

Fonte: GloboEsporte.com