A resiliência de Yago Pikachu foi premiada. Talvez não no tempo que ele gostaria, mas o que importa é que a recompensa bateu à sua porta. Após difícil adaptação ao Rio e ao Vasco, onde chegou em janeiro de 2016, o paraense viu nos últimos meses sua vida dar uma guinada. Primeiro veio a notícia da segunda gravidez da esposa. Em seguida, a chance de voltar a ser lateral e viver a melhor fase de sua carreira.
Há quem acredite que quando a vida pessoal está boa, o lado profissional tende a seguir o mesmo viés. O momento de Pikachu reforça a tese. Em São Januário, festejou o terceiro gol em três jogos na Libertadores com um coração na direção das sociais. Os alvos eram seus pais, que vieram do Pará para vê-lo, e a esposa, Cristiane, pela primeira vez na Colina desde que descobriu que estava esperando Luiza, atualmente com seis meses de gestação.
A menina se juntará a Giovanna, de 3 anos, e reforçará a sensação de que a solidão dos primeiros meses de Rio ficou no passado. Quando desembarcou, vindo de Belém, Glaydson Yago, como está na identidade, foi morar no Catete, onde o choque cultural ajudou a reforçar a melancolia:
- Foi difícil quando chegamos, éramos apenas nós três. Sentimos muito a falta de nossos pais. Hoje está todo mundo adaptado, graças a Deus.
Pikachu trocou a Zona Sul pela Barra da Tijuca, e outra mudança de ares ainda faltava acontecer em São Januário. No ano passado, a perda de status ao deixar o Paysandu, onde era ídolo, para ser mais um no Vasco, já havia sido superada. O problema era a falta de oportunidades na lateral direita. Com Madson e Gilberto como concorrentes, foi obrigado a atuar como meia. Apesar de mais avançado, perdeu destaque.
A nova temporada chegou, e os dois companheiros de posição deixaram a Colina de uma só vez. Pikachu voltou a ser lateral-direito na equipe de Zé Ricardo e recuperou o faro de gol que o caracterizou nos tempos de Papão - foram 62 gols em 220 jogos, número alto para um jogador da linha defensiva.
À primeira vista, pode soar contraditório um jogador fazer mais gols justamente quando é escalado mais recuado. Mas Pikachu revela o segredo que ajuda a entender o que faz dele uma arma ofensiva tão importante para o time.
- Quando sou lateral, chego como surpresa. O atacante que me marca nem sempre acompanha. Como meia, a marcação é mais constante, a dificuldade é outra.
Desejo de ajudar a Tuna Luso
Yago Pikachu é uma espécie de embaixador do futebol do Norte do país. Seu vínculo com o Paysandu é famoso, mas não é o único em Belém. Antes de defender o Papão, foi revelado pela Tuna Luso, clube tradicional da cidade que atualmente está na Segunda Divisão do estado. O carinho pelo clube onde deu seus primeiros chutes, ainda no futsal, faz com que o lateral tenha planos de ajudá-lo.
Pikachu visitou a sede da Tuna Luso no fim do ano passado Pikachu visitou a sede da Tuna Luso no fim do ano passado Foto: Divulgação/Tuna Luso Brasileira
- Tenho vontade de fazer algo, mas com os pés no chão. É um clube de muita tradição no cenário paraense, que revela muitos jogadores, mas que passa por uma fase muito difícil. Se tiver de voltar para Belém um dia e jogar na Tuna, não teria problema algum.
Talvez tenha sido no clube, que recebeu sua visita durante as férias no fim do ano passado, onde começou a se aproximar do Vasco. Isso porque a Tuna Luso também foi fundada por portugueses. No uniforme verde, a cruz-de-malta tem destaque, assim como na camisa vascaína que veste atualmente.
- Tem faixa diagonal também. O que muda mesmo é a cor - afirma, aos risos, para completar em seguida: - Não tenho problema em ser identificado tanto com a Tuna quanto com o Paysandu. Até mesmo a torcida do Remo sempre me tratou bem.
Fonte: Extra Online